Trago até vocês mais um
texto do site da neurocientista Suzana Herculano Houzel, o qual foi citado no
primeiro texto dela que postei aqui, sobre sua luta como ateia em um país que
se diz laico, mas não respeita tal conceito.
Os dez mandamentos, versão
laica
Minha mãe já me mandou não
me pronunciar em público quanto às minhas convicções religiosas, então farei um
esforço pré-frontal para me manter quieta mais uma vez.
De qualquer forma,
pouco importa, para o que vou escrever a seguir, se acredito ou não em Deus, ou
em qual deles: acima de tudo, eu acredito que o ser humano, independente de
qualquer religião ou religiosidade, é intrinsicamente capaz de fazer o bem.
Por
uma razão simples: temos um cérebro capaz de se importar.
Está em minha lista de
próximas leituras o livro Deus, um delírio, do Richard Dawkins.
Eu tinha
pinimba com ele desde os tempos do Relojoeiro Cego e do Gene Egoísta, ainda na
faculdade de biologia; além do jeito pomposo do cara escrever, algumas coisas
me soavam exageradas - então fiquei aliviada de ler, anos mais tarde, o Stephen
Gould explicando por que não era razoável considerar que os animais são meras
"máquinas de replicação de genes".
Mas eu digressiono.
Sentei
aqui para dizer que fiz as pazes com Dawkins quando ele passou a falar de
memes, e tornei-me mais uma fã desde que ele passou a defender o ateísmo (digo
defender porque, aqui como em outros países, é quase um crime contra a moral
pública alguém declarar-se ateu - donde a recomendação de minha mãe, observando
que até o Fernando Henrique havia aprendido a dizer "se Deus quiser"
em seus discursos).
Em seu livro Deus, um delírio, Dawkins propõe novos dez
mandamentos, que transcendem qualquer religião ou religiosidade.
Simples,
belos, ao alcance de todos.
São eles:
1- Não faça aos outros o
que não quer que façam com você [embora eu ainda prefira a versão positiva da
Regra de Ouro: Trate os outros como você gostaria de ser tratado]
2- Em todas as coisas,
faça de tudo para não provocar o mal;
3- Trate os outros seres
humanos, as outras criaturas e o mundo em geral com amor, honestidade,
fidelidade e respeito;
4- Não ignore o mal nem
evite administrar a justiça, mas sempre esteja disposto a perdoar erros que
tenham sido reconhecidos por livre e espontânea vontade e lamentados com
honestidade;
5- Viva a vida com um
sentimento de alegria e deslumbramento;
6-
Sempre tente aprender algo de novo;
7- Ponha todas as coisas à
prova; sempre compare suas ideias com os fatos, e esteja disposto a descartar
mesmo a crença mais cara se ela não se adequar a eles;
8- Jamais se autocensure
ou fuja da dissidência; sempre respeite o direito dos outros de discordar de
você;
9- Crie opiniões
independentes com base em seu próprio raciocínio e em sua experiência; não se
permita ser dirigido pelos outros;
10- Questione tudo.
Não é o máximo?
Dá para
ser cristão, judeu, muçulmano, hindu, ateu - e seguir os mesmos mandamentos.
Todos ganham, independentemente de religião, e ninguém fica de fora.
post: Marcelo Ferla
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