Os pesquisadores concluíram que o artista paulista colaborou para a realização do afresco, mas que a pintura teve a participação de outro artista, não identificado.
O resultado sai às vésperas das celebrações pelos 111 anos de nascimento de Portinari, comemorados no dia 30 de dezembro.
Mesmo assim, concluiu a Comissão, deve ser inscrita no rol das obras autênticas de Portinari, com a observação de que sua autoria é compartilhada.
Portinari orientou este outro artista na execução geral da obra e pintou, ele mesmo, o detalhe do rosto do Menino Jesus.
O laudo é assinado por Christina Penna, Edson Motta, Cláudio Valério e Noélia Coutinho, além de João Candido Portinari, diretor-geral do Projeto Portinari e filho do artista.
O afresco foi descoberto durante as obras de restauro realizadas pelo Governo do Estado de São Paulo, proprietário do museu, entre 2012 e 2013. A pintura estava coberta por camadas de tinta de parede comum, ao lado da porta, em um cômodo que já havia sido uma varanda e que mudou de função ao longo de sucessivas reformas.
A preocupação se deu porque pelo menos outros três artistas, a convite de Portinari, também deixaram obras nas paredes da casa: Paulo Rossi Osir, José Moraes e Joanita Blank.
Ele reforça a dimensão da Casa como um espaço de estudo e trabalho do artista”, afirma o Secretário de Estado da Cultura de São Paulo, Marcelo Mattos Araujo.
“Portinari costumava passar temporadas em Brodowski (SP), sempre em busca de ideias e de inspiração. Ele gostava de pintar sua gente, sua cultura e seus costumes, e também aproveitava para fazer estudos com novos materiais que pudessem ser aplicados em suas obras”, explica.
A Madona com Menino Jesus possui características bastante diferentes das demais obras, assim como o Sagrado coração de Jesus, outro afresco existente no mesmo cômodo, descoberto num restauro anterior.
Ambas foram pintadas por volta de 1937 e são obras rústicas, tanto no desenho como na técnica. Além disso, o fato de que foram encobertas, provavelmente por intenção do artista, indicam que não eram consideradas obras finais.
“A determinação objetiva de qual artista teria colaborado na execução do afresco será impossível”, afirma o laudo, já que não existe documentação referente a este estudo.
Além disso, “as análises das obras de outros artistas que constam desse laudo não foram conclusivas quanto à técnica e ao estilo que se aproximassem do afresco”.
O último restauro foi realizado entre os anos 2012 e 2013, com investimento de R$ 4,2 milhões no reforço estrutural, restauro artístico e implantação de projeto expositivo inteiramente novo, que ressalta a relação de Portinari com sua terra natal.
O primeiro passo ocorreu em 9 de dezembro de 1968, quando a casa foi tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
No ano seguinte, o imóvel foi desapropriado e adquirido pelo Governo do Estado de São Paulo e, em 22 de janeiro de 1970, foi tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo). Com esforços da família do artista, do município e do Estado, o museu foi instalado e inaugurado em 14 de março de 1970.