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Sempre gosto de lembrar aos leitores que este blog tem como intenção trazer à tona a informação, o conhecimento e o debate democrático sobre os assuntos mais variados do nosso cotidiano, fazendo com que todos se sintam atualizados.

Na medida em que você vai se identificando com os assuntos, opine a respeito, se manifeste, não tenha medo de errar, pois a sua opinião é de suma importância para o funcionamento e a real função deste espaço, qual seja, a de levar a todos o pensamento e a reflexão.

O diálogo sobre o que é escrito aqui e sobre o que vem acontecendo ao nosso redor é muito mais valioso e poderoso do que podemos imaginar.

Portanto, sinta-se em casa, leia, informe-se e opine. Estou aqui para opinar, dialogar, debater, pensar, refletir e aprender. Faça o mesmo.

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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Opinião do Blogueiro



Agora, agorinha mesmo, estava a ler o blog de David Coimbra e eis que me deparei com um pedido de um outro leitor  seu que solicitou que o David publicasse novamente um texto sobre as desvantagens de se dar opinião.

Pois bem. Venho sofrendo ultimamente algo insuportável, originário também da missão de não dar mais opinião, ao menos na presença de pessoas, em conversas ou batepapos, estas coisas. 

Meu esforço está por me causar algo que aos poucos me corroe, pois sou por natureza, um ser polêmico, inquieto que coloca vírgulas em tudo, crítico e que, por conta destas coisas,  sei que tenho opinião. 

A síndrome de abstinência é implacável. Cobra esta como se fosse um funcionário de uma empresa de cobrança a lhe ligar todos os dias para negociar a dívida que está em seu nome.

Mas acho que David, meu ídolo, coloca, em texto bem polido, os motivos os quais não se deve opinar. E o que ele coloca é exatamente o que vem ocorrendo comigo ultimamente.

Eis o texto que compartilho com vocês:


Não dê opinião (David Coimbra)

Dar opinião faz mal. Não falo sobre TER opinião, e sim de emiti-la. 

Alguém aí vai dizer: olha quem falando, justo ele, que a todo momento dá opinião.

Não é verdade.

Escrevo muito acerca de muitas coisas, mas nem dou tanta opinião assim. E, se dou, importa-me menos a minha opinião e mais a forma como a expresso. Prefiro que alguém diga:

– Não concordo uma única lhufa contigo, mas o texto eu a-mei!

Do que:

– Concordo todas as lhufas contigo, mas o texto achei troncho.

Além disso, estou me esforçando bravamente para dar menos opiniões. É difícil. A todo momento solicitam minha opinião sobre algo. Sei que com você também é assim. Você é obrigado a votar, você é interrogado em pesquisas, você participa de interativas. Você lê um texto em um blog e ali em cima está escrito: “Comentários”. 

Quer dizer: estão instando-o a comentar o que leu. E, se você não comenta, você lê o que os outros comentaram. Aí fica com vontade de comentar também. De dar opinião. E isso faz mal.

Por quê?

Porque, ao expressar sua opinião, você a torna pública. As outras pessoas tomam conhecimento dela. Logo, você assume um compromisso com a sua opinião.

Você tomou partido.

Assim, os outros, que têm outras opiniões, diferentes da sua, não são contra a sua opinião: são contra você. E você é contra eles.

É isso que faz mal: atrelar-se à própria opinião como se fosse um dogma. Como se a sua opinião fizesse parte de você. Como se não fosse algo que você pudesse mudar quando bem entendesse. Você é uma vítima da coerência. Um subalterno da sua própria opinião. 

Alguém não concorda com ela e você fica fulo. Não debate a outra opinião, ataca a outra pessoa:

“Só uma besta ruminante como você para dizer isso!”

Ao que o dono da outra opinião também se enfurece. Com certa razão – ele foi chamado de burro. Ele reage. Chama-o de pústula, sacripanta, galfarro e beleguim.

Pronto. A amargura da discórdia envenenará seu sangue, se espalhará pelo seu corpo, contaminará sua alma.

Sua opinião lhe fez mal.

Você se expressa, se expressa, sente necessidade de se expressar, de desfraldar sua opinião para que o mundo a veja. Você quer ser crítico, você critica. Então, desenvolve o hábito de, como crítico, ver o mundo e as outras pessoas pelo lado ruim. Porque um crítico, na sua concepção, é alguém que procura os defeitos nas coisas e os expõe.

Como dar a sua opinião e aceitar a dos outros serenamente, quem sabe até ponderar a respeito? Como não ficar dependente da própria opinião? Como não se tornar uma pessoa azeda, que em tudo coloca uma vírgula e depois da vírgula um mas?

Não faço ideia. Você faz?

Dê aí a sua opinião.


Marcelo Ferla
texto: David Coimbra

Um comentário:

  1. Também sofro deste mal. Ando guardando minhas opiniões e, quando as crio, faço o maior esforço para ser bem clara e não deixar dúvidas.

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