Motorista cria abrigo para
animais e crianças em Aleppo.
"Ernesto Cat Shelter"
é um lugar especial onde animais e crianças são reis e por lá só existe um
objetivo: esquecer a dureza de o cerco militar vivido nessa metade assediada de
Aleppo, na Síria.
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Mohammad
Alaa Aljaleel
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Criado pelo motorista de
ambulâncias Mohammad Alaa Aljaleel, o espaço consiste em um imóvel abandonado
onde residem gatos, e também alguns cachorros, e um pátio onde as crianças
podem brincar e cuidar dos animais no bairro de Masaken Hanano, um dos
distritos sitiados do leste da cidade, cercado pelo exército e em poder dos
rebeldes.
Aljaleel é um declarado
amante dos animais e o responsável por formar o abrigo que foi crescendo aos
poucos.
"Quando a guerra
começou há cinco anos, muita gente abandonou suas casas e o bairro ficou com
uns 20 gatos para trás.
Com o passar dos anos, eles se transformaram em mais de
uma centena", lembrou Aljaleel, de 40 anos, em uma conversa com a Agência
Efe.
O que hoje é uma estrutura
razoavelmente organizada começou de uma forma muito simples.
Toda noite, depois
de sair do trabalho ele passava alimentando os animais famintos e dando
carinho.
No início, e em tempos prévios ao assédio iniciado em julho deste ano,
ele gastava cerca de US$ 5 (R$16) por dia para comprar a carne que sobrava nos
açougues, mas conforme o número de gatos aumentou começou ele passou a gastar
US$ 20 (quase R$ 70) diariamente.
Os amigos começaram a
ajudar e ele acabou criando uma rede de contatos no Facebook, que chegou
inclusive ao exterior através de um grupo criado por uma estudante libanesa na
Itália e batizado de "Il gattaro d'Aleppo", que apoia Aljaleel.
Com os recursos obtidos,
ele criou há pouco mais de seis meses a "Ernesto Cat Shelter", aberta
a animais e humanos, principalmente crianças, que desejem aproveitar este
pequeno recanto de paz na castigada metade leste da cidade.
"Temos gatos de todos
os tipos.
Na casa são uns 50 permanentes, mas têm outros que vêm comem e depois
voltam para as famílias que os acolhem e alguns que são de rua mesmo, vão e vêm
e dormem em casas vazias", explicou.
Por conta da precariedade
imposta pelo assédio, a carne que Aljaleel dava aos animais foi substituída por
arroz com mortadela.
"No começo, eles não gostaram, mas depois de seis
dias passando fome, comeram", relatou.
Através da ajuda e dos
recursos que ele arrecada dentro e fora da Síria, atualmente consegue alimentar
170 gatos.
No entanto, a iniciativa não se restringe aos animais, e ajuda
também duas mil pessoas, com a entrega de alimentos como búlgur (grão de trigo
partido), açúcar, grão-de-bico, feijões, atum. Em resumo, a comida disponível
em um lugar que está sitiado.
"Nós, como seres
humanos, devemos ter o coração misericordioso. Eu trabalho em uma ambulância e
todos os dias vejo pessoas feridas pelos bombardeios.
É preciso ter compaixão
com os humanos e com os animais", comentou.
Assim, Aljaleel, que é pai
de três crianças, vai diariamente com os filhos à "Ernesto Cat
Shelter".
Ele não se arrepende de não ter ido embora de Aleppo, como
fizeram muitos amigos que fugiram para a Turquia, longe dos bombardeios e onde
encontraram trabalho.
"Eu não quero deixar
as pessoas daqui.
Tem muita gente pobre que não pode sair e eu quero
ajuda-las", argumentou Aljaleel.
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Prédio
destruído em Aleppo, Síria
Foto:
EFE
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post: Marcelo Ferla
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