Três dicas para descobrir
se uma notícia é falsa.
“Donald Trump nasceu no
Paquistão."
"Yoko Ono teve uma
relação amorosa com Hillary Clinton nos anos 70."
Essas são algumas das
"notícias" inverídicas que circularam pela internet e acabaram
compartilhadas por milhares de leitores nas redes sociais.
E elas não são as únicas:
uma série de informações falsas ganhou repercussão enorme nos últimos tempos.
A frequência com que
apareceram e a velocidade com a qual se propagaram durante a campanha eleitoral
nos Estados Unidos, por exemplo, deixou muita gente preocupada.
Mas afinal de contas,
como, no meio de tanto ruído, saber o que é real e o que é falso?
A resposta começa por
fazer as perguntas certas:
1) Checar se a fonte é de
confiança
Uma notícia falsa que teve
muita repercussão recentemente dizia respeito a supostos vídeos transmitidos ao
vivo pelo Facebook diretamente do espaço.
Eles foram compartilhados
em páginas como Unilad, Viral USA, Interestinate e também em vários canais no
YouTube.
Sim, as imagens eram
reais.
Mas não se tratava de uma transmissão ao vivo. Era uma notícia falsa.
Nem a página oficial do
Facebook da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, nem a Estação Espacial
Internacional - que poderiam estar relacionadas com as imagens - mencionaram as
tais transmissões.
2) Soa estranho demais
para ser real? Desconfie.
Uma "notícia"
sobre um romance entre Yoko Ono e Hillary Clinton foi publicada na página World
News Daily.
Segundo a publicação, o
relacionamento teria começado no meio dos protestos contra a Guerra do Vietnã,
durante a década de 1970.
O suposto romance teria
continuado quando a artista japonesa se mudou para Nova York com John Lennon e
enquanto a democrata estudava na Universidade de Yale, em Connecticut.
E durado
até que as duas "perdessem contato".
A fonte?
Supostas
declarações que a viúva de Lennon teria feito durante uma apresentação no Museu
de Arte Moderna de Los Angeles, que teriam "surpreendido
jornalistas".
"Compartilhamos
muitos valores sobre a igualdade de gênero e a luta contra a sociedade
autoritária, patriarcal e machista", teria dito Ono.
Já a falsa notícia sobre o
suposto nascimento de Trump no Paquistão, citada no início desta reportagem,
foi divulgada pela rede de televisão paquistanesa Neo News.
O canal assegurava que o
presidente eleito dos Estados Unidos teria nascido em uma família muçulmana no
vale de Shawal, e não em Nova York.
Além disso, o nome real dele seria Dawood
Ibrahim Khan.
A "notícia" foi
compartilhada por muitos usuários nas redes sociais, entre eles um jornalista -
o correspondente do jornal The Atlantic Graeme Wood - e repercutiu em meios de
comunicação em todo o mundo.
A hipótese não fazia
sentido algum - ela ironizava os comentários de Trump de que o presidente Barack
Obama não teria nascido nos Estados Unidos.
Mas há casos em que é mais
complicado distinguir a realidade da ficção.
Um exemplo são as
informações falsas sobre as execuções que teriam sido ordenadas pelo líder da
Coreia do Norte, Kim Jong-un.
Alguns textos citavam
penas cruéis e espantosas, como o que afirmava que o tio dele teria sido
devorado por cachorros ou que ele teria disparado um canhão antiaéreo contra
seu ministro da Defesa.
Por se tratar de um país
tão fechado, a disponibilidade de acionar fontes para conferir os fatos é mais
limitada.
Grande parte dessas
informações foi emitida pelo Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul,
conhecido pela sigla em inglês, NIS, e transmitida através da agência oficial
de notícias Yonhap a vários veículos de mídia internacionais.
Depois, o próprio NIS
desmentiu algumas dessas informações.
3) Verificar se a notícia
pode ser checada
Existem páginas na
internet, como a irlandesa FactCheckIn, que se encarregam de comprovar, de
maneira independente, notícias e afirmações de políticos e de meios de
comunicação.
São conhecidos como sites de verificação de dados, ou
fact-checking.
"Nosso desejo é
promover um debate político que se baseie em cifras e dados, e não em
estereótipos e preconceitos", explicam os responsáveis.
Outros exemplos são o Ojo
Biónico, no Peru, ou a brasileira Agência Lupa.
Segundo o censo anual do
Laboratório de Repórteres da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, esse
tipo de projeto jornalístico aumentou muito em todo mundo entre 2015 e 2016,
chegando a quase dobrar em quantidade.
Somente no último ano,
surgiram sete novos projetos apenas na América Latina.
Sobre os grandes veículos
de comunicação, comprometidos com a verificação de dados, como a BBC, é
importante comprovar que a página é realmente aquela que você acredita que é.
Alguns sites ou páginas
nas redes sociais são desenvolvidos para ter o mesmo visual da grande imprensa
e são usados justamente para confundir os leitores.
No caso das redes sociais,
você deve sempre observar se a página é verificada - elas contêm um selo azul
ao lado do perfil.
post: Marcelo Ferla
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