Estávamos falando de Capitão Nascimento, Cristiane F. e Pixote. Mas não termina aí. A evolução do cinema brasileiro, no que se refere a capacidade e qualidade em mostrar a realidade deste país, e com opinião (o que é de suma importância), estava recém saindo do período da ditadura.
Sim, por que fazer filme depois dos tempos do período de chumbo, onde o país esteve atolado, amarrado e amordaçado, se tornara um natural grito de revolta e indignação preso, alimentado pelos problemas sociais abordados no que viria pela frente.
Tivemos Carandiru, Meu nome não é Johnny, Cidade dos Homens, Assalto ao Banco Central, VIP's, Ônibus 174, Tropa de Elite I e II, todos filmes com uma qualidade diferenciada, com sua forma alterada, crua, reta, verdadeira, dando, todos eles, o seu recado, seu grito, seus avisos e, principalmente, jogando na cara de muito bacana e patricinha, realidades que sequer estes conheciam antes destes filmes virarem "bacanas" ou "modinhas".
Mas um filme, ao menos de minha parte é o Abre Alas deste desfile de obras brasileiras com este revitalizado conceito. Falo de Cidade de Deus, de 2002 dirigido por Fernando Meirelles e co-dirigido por Kátia Lund. Foi adaptado por Bráulio Mantovani, a partir do livro de mesmo nome escrito por Paulo Lins.
O filme mostra o crescimento do crime organizado na Cidade de Deus entre as décadas de 1960 e 1980.
O filme é estrelado por Alexandre Rodrigues, Leandro Firmino da Hora, Jonathan Haagensen, Matheus Nachtergaele, Douglas Silva, Alice Braga e Seu Jorge. A grande maioria dos atores era, na verdade, moradores de favelas como Vidigal e Cidade de Deus.
Recebeu quatro indicações ao Oscar, nas categorias de Melhor Diretor (Fernando Meirelles), Melhor Roteiro Adaptado (Bráulio Mantovani), Melhor Edição (Daniel Rezende) e Melhor Fotografia (Cesár Charlone).
Falo de Cidade de Deus, eis que o mesmo está, este mês, completando já 10 anos, isso mesmo, o filme que mostra a violência social que se passa na Cidade de Deus, o tráfico, a malandragem, a maldade,a luta diária dos moradores, o bem e o mal em uma conexão complexa e as vidas perdidas em decorrência deste problema agudo de nossa sociedade e das comunidades e locais que as formam. Era o tráfico de drogas sendo mostrado tal como é.
Sendo desta forma, parabéns ao cinema brasileiro, parabéns a todos que fizeram de nosso cinema algo melhor, e que assim continue, independente do tapa na cara doer muito, ele se faz necessário.
Parabéns Cidade de Deus, que reafirmou o cinema brasileiro sem medo de mostrar a verdade.
Marcelo Ferla
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