Um espanto! Pra mim foi algo sem precedentes. Uma visita extraordinária, absolutamente imperdível, destacada e muito diferente da maioria das coisas já vistas por um reles mortal. Se tivesse apenas um dia e pudesse visitar somente um lugar na Croácia, escolheria esse, pelo seu ineditismo.
Não há qualquer exagero. Muito pelo contrário. O imenso Parque Nacional dos Lagos Plitvice parece uma realidade virtual, um cenário de filme de ficção cientifica, tipo avatar, ou algo similar ao ambiente daqueles desenhos animados que mostram mundos onde habitam fadas, duendes, gnomos e elfos. Só mesmo vendo pra compreender.
Sendo assim, só me resta tentar explicar e retratar esse local para os leitores da forma mais fidedigna possível, com as inevitáveis limitações impostas pelo alcance restrito das fotos e das palavras, por mais expressivas que elas possam ser. A meu favor, a certeza cabal que não precisarei me esforçar muito para demonstrar o que alego.
Então vejamos:
Acredite. Vai ficar aquele gosto meio amargo na boca de “quero mais”. Sei que 4 horas é bem melhor do que nada, mas penso que para uma satisfatória noção geral deste monumento natural, a pessoa precisará de, no mínimo, umas boas 8 horas.
Opte pelo day-tour proveniente de outra cidade apenas se não tiver mesmo outra alternativa e se o seu tempo estiver muito escasso e a viagem toda cronometrada. Se o tempo for realmente curto, sugiro até que corte alguma outra cidade e priorize a visita completa aos lagos.
Chegamos no final de um dia, fizemos uma refeição adequada, descansamos, dormimos e, no dia seguinte, estivemos em tempo integral no parque, pernoitando novamente no hotel e partindo para a próxima escala na manhã subsequente. Acertamos em cheio na escolha. (Se tivéssemos mais tempo disponível, cogitaria até mesmo passar mais um dia visitando o parque).
Isso sem contar o seu trunfo principal, a localização.
Dessa forma, a maior vantagem de se hospedar nos arredores está em poder chegar ao interior do parque em uma horário mais cedo, (abre as 8 horas) evitando assim os formigueiros humanos que serão despejados mais tarde (por volta das 11 horas) pelos ônibus e vans das agências de turismo, notadamente no verão.
Essas barreiras ou represas, cujo formato está sempre em transformação, estão conectadas por dezenas de fantásticas cachoeiras, umas maiores, outras menores.
Ao longo dos séculos, portanto, a água tem esculpido essas formações e, simultaneamente, depositado ainda diversos minerais no fundo da água e que, também sedimentados, conferem ao local a vasta gama de inacreditáveis formas e tonalidades.
Por outro lado, certas plantas aqui crescem umas por cima das outras, formando barreiras naturais e criando cascatas.
Essa interação harmônica desse ecossistema ocorre sem qualquer perturbaçao ou modificação relevante desde o fim da última era glacial.
Como se vê, a natureza aqui caprichou, embora tenha levado tempo…
O parque foi o primeiro parque nacional dos oito atualmente existentes na Croácia, criado em 1949 e, desde o princípio, foi um destino turístico bastante popular na antiga Iugoslávia.
Apesar de localizado no interior da Croácia, está a menos de 100 quilômetros do litoral, com um clima bastante instável, não sendo impossível que, em determinados dias, os visitantes se deparem com chuva, neblina e sol de forma intermitente e simultânea.
Abaixo, foto da karine tirando uma foto e da foto que ela tirou:
No inverno, entretanto, faz um frio intenso e a paisagem se modifica radicalmente quando os lagos e as cachoeiras ficam então congelados, criando um cenário gris e desolador, conquanto belo, ainda que sob uma outra perspectiva.
Torça por um dia de sol e claridade. Isso fará uma grande diferença. Cabe acrescentar, que a região é cercada por uma rica e densa mata, quase uma floresta, com robusta vegetação.
Dentre os mamíferos carnívoros, o símbolo maior do parque, o urso marrom, (57 deles habitam nas redondezas) de proporções ferozes e avantajadas. Felizmente, não nos deparamos com nenhum no dia de nossa visita.
Paradoxalmente, esse hiato permitiu uma ampla regeneração do ecossistema local, desgastado que estava por décadas de atividade turística nem sempre ecologicamente responsável.
A visitação e o trânsito de pedestres no local se torna viável mediante um sistema de trilhas e passarelas de madeira muito bem sinalizadas que cortam suas duas regiões maiores, e passam pelos pontos altos e as principais atrações, possibilitando aos visitantes uma total imersão, devidamente integrada no seio do ecossistema, por vezes chegando a permitir que a pessoa caminhe quase embaixo de cachoeiras, sentindo toda a força e a energia vital gerada pelas volumosas massas de água.
(A foto abaixo confere uma boa amostra da imensidão do local. Vejam o tamanho das pessoas em uma passarela na parte inferior esquerda do quadro defronte a mais alta cachoeira da Croácia, a Slap Veliki. Parecem formigas)
Vale ressaltar que esses meios de transporte de apoio acima citados, funcionam de modo elétrico, evitando assim um indesejável adendo de poluição, que decorreria da queima contínua de combustível. Tudo bem ecológico e politicamente correto.
Iniciamos então a exploração pela entrada 1, que fica à direita do mapa e contempla a denominada parte baixa, onde, entretanto, localiza-se a maior de todas as quedas d’água. (primeira foto abaixo , a imperdível e espetacular Slap Veliki, a mais alta do país, com uma queda de cerca de 78 metros).
Após ficarmos quase uma hora contemplado a grande queda, caminhamos pelas trilhas deste lado até chegarmos ao grande lago, onde a pessoa deve apanhar o barco de ligação entre as duas grandes áreas, a de baixo, onde estávamos, e a de cima, para onde iríamos.
Não há necessariamente uma única ordem para a visitação, pode-se começar por cima, pela parte alta (entrada 3 – marcada com um triângulo no mapa abaixo) e depois pegar o barco no grande lago para a parte baixa ou vice versa. Nada impede também que a visita se inicie pela entrada nº 2 (marcada com um círculo na foto abaixo) e a pessoa pegue de cara o barco para a parte baixa, sendo que após, poderá apanhar o ônibus elétrico na entrada nº 1 (marcada com um quadrado na foto abaixo), até a entrada 3 lá na parte alta e finalizar a visita na entrada 2, que fica no meio.
O que não se pode deixar de ter em mente, é que para uma visitação completa e minimamente pausada do parque, são necessárias 3,5 a 4 horas para cada uma das duas metades, a parte alta e a baixa. Se não entendeu bem essa minha explicação, leia novamente este parágrafo acompanhando com a Foto abaixo do ingresso com o mapa:
Além disso, vá ao banheiro quando estiver próximo a uma das 3 entradas ou quando eventualmente encontrar algum, pois provavelmente não será tarefa simples achar outro quando estiver precisando. Fica então a sugestão.
Vá lá você também e confira com seus próprios olhos. É de chacoalhar as convicções de qualquer ateu e forçar uma admissão de que Deus existe, e somente Ele pode ter criado um lugar assim. Prepare-se para uma experiência sublime.
Chegamos famintos, exaustos e extasiados no hotel. Fizemos uma ótima refeição no restaurante, arrumamos as malas e dormimos. Afinal, no dia seguinte partiríamos para Zadar…
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