A não tão perfeita vida de Barbie e Ken.
Todo ser humano conhece
essa história: um menino não tão “rude” quanto os outros e, por isso, é
provavelmente gay. Não precisa ir longe, a própria polarização dos “estudos
acadêmicos” já mostra algo parecido. Durante muito tempo, cursos de humanas
foram destinados às mulheres e às “bichas”. Tudo aquilo que foge do aspecto de
masculinidade que foi imposto na sociedade torna-se, portanto, feminino.
E é essa ideia que o
ensaio a seguir utiliza. Não quero tirar a possível “graça” dele, mas apenas
fazer uma análise acerca de alguns pontos.
Atualmente, isso tem
mudado em alguns aspectos. Homens têm se depilado, usam produtos de beleza etc.
Porém, todo mundo conhece a história da Barbie e do Ken, e de como o personagem
parecia gostar igual – ou até mais – da mesma fruta que a Barbie gostava. Bem,
e de onde vem essa afirmação? O Ken, como os homens ditos mais “femininos”,
sofre uma espécie de homofobia e/ou machismo. Como assim? O patriarcado, por
meio da heteronormatividade, cria uma espécie de panorama social o qual
dicotomiza-se em aspectos de mulher e aspectos de homem, como também em
masculino e feminino. Aos homens, “os verdadeiros”, há todos os aspectos da
virilidade. Um homem precisa se impor na sociedade através da força, através de
um tipo de postura rústica que é, necessariamente, uma forma heteronormativa de
se ver o homem. Inclusive, são aspectos como a virilidade e a masculinidade que
fazem a manutenção do tal sistema patriarcal embutido no contexto social.

Nesse pensamento, o Ken é
feminino. O próprio respeito que deveria ser dado a ele, por ser homem
(pensando pelo viés do machismo), decai pelas suas “escolhas” que contrariam o
sistema. Para todos, Ken é gay. E Ken é gay porque gosta de se arrumar.
Por que devemos pensar
aspectos distantes da virilidade como estritamente femininos? Penso que isso é
uma forma de contribuir com o machismo tanto com a homofobia dentro da nossa
sociedade. Um homem tem, sim, o direito de se arrumar. Assim como uma mulher tem
o direito de não se arrumar. E entendendo arrumar como adequar-se a alguns
preceitos estéticos vigentes.
Depilação, secador de
cabelo, produtos de beleza, tudo isso alcançou o homem pós-moderno. A ditadura
da beleza que tanto perpetuou em cima do sexo feminino, massacrando-o, também
chegou ao homem. Nos dias atuais, há, sim, uma busca por beleza, tanto feminina
quanto masculina. E penso que tratar
isso como estritamente feminino e gay é uma visão arcaica, porque caracteriza a
própria homossexualidade como um “desvio da norma”, em que ser homossexual é
estar no polo do feminino, quando, na verdade, é apenas questão de orientação
sexual. Seja feminino, masculino, ou, melhor ainda, queer.
Claramente, não quero
tratar as opressões masculinas e femininas de igual para igual, porque sequer
acho que seja possível esse pensamento. Apenas, vendo as fotos, pensei na
questão da homofobia (nem tão) enrustida e decidi comentar acerca. As opressões
que o homem atual sofre não chegam aos pés do que uma mulher deve enfrentar nos
dias mais fáceis de sua vida.
Aqui está o resto do
ensaio da triste vida da Barbie com seu par arrumadologofeminoportantogay:
Sobre o autor
Thomas A. Häckel cursa
Letras pela UERJ, mas só quer saber de falar de moda, mulher e fetiche. Acha
que o mundo se explica com Simone de Beauvoir, acha vadia o maior elogio que se
pode fazer e espera uma Chanel às avessas (re)desconstruir os gêneros da roupa.
post: Marcelo Ferla
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