F-1 nas estradas
Dia desses, durante as minhas férias de verão, estava indo juntamente com minha esposa, que estava ao volante, no sentido Porto Alegre - praia de Torres, através da chamada, por nos gaúchos de “Estrada do Mar”. Era um dia de chuva extrema, realmente muito intensa, como vem sendo a tônica destas chuvas que andam assolando o nosso litoral nestes primeiros dias do ano de 2009. Mas não quero falar a respeito do tempo, pois este, além de estar mudando a todo o momento, é difícil de ser compreendido e previsto até pelos profissionais da meteorologia, até porque não há um link direto destes com São Pedro lá em cima.
Gostaria de falar sobre dois acontecimentos que passaram literalmente voando pelos meus olhos, pelos olhos de minha esposa e por nosso veículo.
Refiro-me a duas ultrapassagens que sofremos em altíssima velocidade, ocorridas ambas em duas curvas ao longo da estrada, local este proibido para se efetuar ultrapassagens, com pista extremamente escorregadia, efetuadas por dois condutores, ou seja, perigo total, irresponsabilidade total.
Eram dois veículos de luxo, caros bacanas mesmo, “máquinas”, porem, conduzidas estas de forma maluca, imprudente por seus condutores. Logo fiz a relação, veículos, motoristas e estradas.
Os primeiros, por sua vez, vêm se apresentando cada vez mais velozes, mais modernos, mais confortáveis, silenciosos na sua condução a ponto de fazer com que o motorista não sinta que esta em alta velocidade, e claro, por conta de tudo isto, mais mortais.
Tal tecnologia na sua maioria é advinda das grandes montadoras de veículos, mas também da nossa conhecida Formula 1, da qual temos um enorme orgulho, visto sempre termos tido, ao longo da historia deste esporte, representantes de talento inquestionável, verdadeiros gênios, de Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Airton Senna (inesquecível) e, recentemente, o nosso não menos sensacional Felipe Massa, que há de nos proporcionar muitas alegrias ainda, como aquelas de antigamente. Cara, que pilotos não?
Mas voltando a tecnologia advinda deste verdadeiro laboratório automobilístico chamada Formula 1, temos dentre estas, as mais variadas criações, desde as suspensões inteligentes, aos sistemas altamente eficazes, de freios ABS, sistemas de marchas automáticas, sistema de localização por GPS, Airbags, enfim, a mais variada gama de sistemas para tornar nossos veículos mais velozes e seguros, conseqüentemente, mais eficientes.
Acho realmente muito salutar tudo isso, que os veículos os quais são utilizados para a nossa locomoção sejam a cada dia que se passa mais modernos, com mais tecnologia e, principalmente, mais seguros, o que se torna indispensável nos dias de hoje, tanto para os condutores destes veículos, como para os passageiros que o acompanham e, também, para os outros condutores que dividem as estradas com todos nós.
Quanto aos segundos, temos um serio problema meus amigos. Qual é este problema? Digo-lhes. O problema são os condutores de toda essa tecnologia. Dentro destes veículos que causam tantas mortes como estamos acompanhando pelos meios de comunicação, não se encontra nenhum Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Airton Senna ou Felipe Massa, mesmo porque, estes todos eles, como já é sabido, jamais cometeriam verdadeiras barbáries como as que vêm sendo protagonizadas por nossos motoristas.
Muito na contramão do que pensamos, esses ases do volante aceleravam ou ainda aceleram suas maquinas única e exclusivamente em locais apropriados para isto, autódromos, competições que lidam com isso, são profissionais, pro-fis-sio-nais, entenderam?
Eles jamais estenderam tais atos às estradas comuns em que circulavam e que nós circulamos, não estendiam suas necessidades de velocidade e competitividade às estradas normais, muito pelo contrário, jamais se ouviu falar ou leu-se algo sobre acidentes com ou sem morte envolvendo estes pilotos.
Bem ao contrário dos nossos motoristas de hoje, que de ases do volante, convenhamos, chegam a ser motivo de piadas. Uma verdadeira inversão de valores letal.
Por fim, no que se referem as terceiras, as nossas estradas há muito tempo dispensam qualquer tipo de comentários, positivos claro, porque negativos temos aos montes. Esses comentários, positivos, não podem nem sequer serem formulados. Não há material existente para a elaboração de elogios, analises positivas, estudos com números otimistas, nada. Simplesmente não há o que se falar de bom delas. Buracos, má sinalização, faltam acostamentos, não possuem iluminação, policiamento rodoviário escasso, pedágios com valores absurdos que não se convertem em boa manutenção destas, como falar algo?
Em sendo assim, as estradas as quais rodamos por este nosso Brasil a fora não possuem quaisquer condição de segurança quando comparadas ao que é realmente adequado para que estas comportem os veículos que nelas rodam fato este que faz com que estes mesmos que a cada dia são mais potentes, mais velozes e furiosos, violentos, máquinas de matar em série, alimentadas todas por seus condutores, sejam, definitivamente, promovidos de meros meios de locomoção a armas mortais, armas a serviço da morte, do sofrimento de quem fica.
Em sendo assim, estamos diante de um serio problema, do tamanho de uma longa viagem, que acaba muitas vezes antes de chegar ao seu destino e sem um final feliz.
Os “possantes” estão sendo utilizados por seus condutores de forma desenfreada, irresponsável, extremamente perigosa e mortal, fazendo assim com que o número de mortes aumente mais e mais e mais… São causadas por nossos péssimos motoristas em nossas péssimas estradas.
A viagem amigos, não é uma corrida de Formula 1, não vale pontos, nem títulos, nem fama, nem dinheiro, nem tão pouco somos nós ases do volante como nossos ídolos da Fórmula 1. Não somos donos de grandes façanhas como eles foram e ainda hão de ser. Precisamos é cometermos a façanha de parar com isso, de nos conscientizarmos, pondo fim a isso, precisamos nos tocar de que somos pessoas comuns, simples mortais, passiveis de perigos fatais, mas muitas vezes desnecessários.
Marcelo Ferla.

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