Polícia ou Ladrão, quem tem razão?
Estava relaxadamente sentado a sombra de um pé de jambolão lendo uma matéria em uma revista. Na verdade era uma matéria reincidente. Tratava- se de duas meninas que, no Estado da Bahia, picharam com carvão o piso em frente a uma distribuidora de alimentos do Governo de Barreiras, no sertão do Estado.
Digo ser tal matéria reincidente, porque dias atrás vimos nos meios de comunicação o fato ocorrido com a jovem Caroline Piveta da Mota, 23 anos, gaúcha, que entrou no prédio da Bienal de São Paulo e pintou com spray uma parede. O espaço, segundo informações da própria organização do evento, servia como espaço de protesto e manifestação. A menina á época, foi encaminhada ao 36º Distrito Policial, na Rua Tutóia, três dias depois foi aprisionada na Penitenciária Feminina Sant´Ana, no Carandiru, ficando presa por 40 dias.
As últimas palavras da menina a caminho da viatura foram: "Eu sou pichadora" e "Viva a pichação".
Definitivamente uma coisa dessas não pode ser passível de apoio, pelo menos não o meu apoio. Sou completamente a favor de qualquer forma que manifeste arte,“A-R-T-E” e não pichação. Da mesma forma, sou a favor do grafite, que em nada tem haver com a pichação, aliás, como sugestão para nossos governantes, principalmente os municipais, acho que vários dos locais que sofrem com esse tipo de vandalismo, deveriam ser abertos a expressão da arte do grafite, algo que acho muito mais requintado, alegre e criativo.
Mas existe um problema ainda maior com esses tipos de acontecimentos. A educação dos agentes que cometem essas ilicitudes.
Quando da formulação do meu trabalho de conclusão de curso de direito, que tratava da inserção de menores de idade no tráfico de entorpecentes, mergulhei de cabeça no assunto, o que me deu de certa forma, um pouco de experiência no assunto.
A exemplo do que encontrei lá no material que utilizei na elaboração de meu trabalho, noto que existe uma semelhança clara entre ele e estes dois casos daqui, qual seja, o problema de raiz. O problema de raiz, a exemplo das plantas, e funciona assim mesmo, consiste em uma contaminação da raiz da planta em decorrência dos descuidos que seus donos têm para com a plantinha. Essa por sua vez, adoece e morre. As plantinhas, aqui em nosso caso, são os adolescentes e aqueles que não cuidam das plantinhas, os pais.
O cerne da questão, aliás, já mencionei isso em vários textos aqui, é a raiz, o nascedouro da coisa toda, ou seja, a criação, atenção, tempo dispensado pelos pais à estes filhos. É de suma importância que a criança, depois adolescente e futuramente adulto, tenha um acompanhamento adequado em todas estas fases, para que não venha a sofrer arranhões em sua índole e personalidade. O alerta, nos dias de hoje, deve ser total. Não me refiro a uma paranóia por parte dos pais em relação ao assunto, mas a falta total de interesse nisso também não pode ocorrer, ou seja, há que se encontrar o equilíbrio, difícil achá-lo, mas é possível e acessível, basta dedicação.
Aos adolescentes e adultos que praticam esse tipo de ato ilícito, deve-se aprender com eles, sim, aprender quais os motivos que os tornam pessoas revoltadas e “contra o sistema”, até porque a menina Carolina se comunicava, por meio da internet com a chamada Turma de Pixobomb que se auto-intitula "PiXação: Arte Ataque Protesto", sendoformada por dezenas de jovens entre 15 e 30 anos da Grande São Paulo e que se conheceram nas ruas. Somente assim, compreendendo os fatos que os levam a fazer isso é que poderemos iniciar algo contra isso.
Quanto a atitude adotada pelos Policiais Militares de Barreiras, este tão pouco deve servir de exemplo. Uma das meninas a qual pichou o chão do local foi segura pela sua camiseta por uma Policial Militar e foi de imediato, obrigada a lavar o chão, punição esta por uma suposta ofensa a um dos Policiais, o que a meu ver não justifica tal ato, nem tão pouco deve fazer parte da cartilha de intervenções de nenhuma policia militar de nenhum local do país.
A pichação não deve ser adotada como forma de manifesto, jamais, destrói patrimônio da população, suja a cidade e coloca crianças e adolescentes em maus lençóis. Deve ser banido de forma coerente e sábia.
Marcelo Ferla.

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