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terça-feira, 18 de maio de 2010

Textos de Verão



























Idéias para o bem –  02/02/2008
 

Todas as pessoas que me conhecem bem e que convivem a muito comigo, ou mesmo aquelas que não têm este tipo de intimidade tão profunda, sabem que eu sou um aficionado por guerras.

Sempre fui muito criticado por conta disso, meus familiares, amigos e conhecidos não entendiam como que uma pessoa poderia gostar tanto de algo tão trágico, de verdadeiras carnificinas, onde pessoas sofrem e perdem suas vidas, países sendo totalmente destruídos, coisas de guerras.

O que seria então? Definitivamente se trata de algo complicado de se entender. Mais descobri do que se tratava.

Descobri que o meu fascínio se encontrava na forma pela qual o ser humano reagia diante de situações limites como estas. Tinha este, a capacidade de aflorar em batalha determinados sentimentos como a compreensão, o companheirismo, a amizade profunda, a solidariedade, ocorrendo tudo isso, como já disse, em um ambiente nada apropriado para nada, um ambiente de terror, medo, pânico, ódio, mais que apesar de tudo isso, de forma surpreendente, fazia com que meninos se tornassem homens, mesmo que somente entre os seus e somente para com os seus, uma transformação um tanto torta e inadequada, mais exercida por todos que se encontraram um dia em uma situação assim.

Novamente algo muito interessante, meninos que se transformavam de forma precoce em homens, conseguindo ainda, ao mesmo tempo, de forma confusa e misturada, criar para seu uso, conforme as suas necessidades, duas faces contidas em um mesmo rosto, em um mesmo corpo, a de seres humanos incríveis e a de selvagens matadores.

Era justamente ai que estava o meu fascínio, havia me encontrado com ele. Tratava-se este da capacidade do ser humano de demonstrar da forma mais pura, se revelando, talvez, da forma mais ingênua, a exposição de seus sentimentos mais escondidos, mais reprimidos, expondo-se através destes sentimentos que não surgiam no dia-a-dia desses guerreiros da vida, soldados e civis, e vejam vocês que ironia, esse surgimento se dar justamente em uma situação tão monstruosa.

Esta semana estava lendo um artigo na revista Super Interessante, revista esta como poucas, sobre um sistema criado pelo sempre Exercito dos EUA que se chama “capacete do pensamento”, que como o nome já diz, consiste em um sistema no qual o alto comando deste exercito, pode, em tempo real, ler o pensamento de seus comandados em campo de batalha e, a partir disto, definir as próximas manobras de ataque conforme o que ocorre na guerra. 

Interessante, mais mal usado.

Mais interessante ainda e mais bem utilizado seria tal equipamento se, ao invés de se ler pensamentos para, a partir destes, se matar mais, fosse esse mecanismo de capacidade de leitura cerebral ser utilizado para ler os sentimentos que já se passaram na cabeça dos ex-combatestes em outros conflitos, bem como aqueles que se passam atualmente na cabeça dos atuais, como os da Faixa de Gaza, fazendo assim, com que os estudiosos do fenômeno “guerra” encontrassem uma forma de despertar entre os seres humanos todos os sentimentos que muitas vezes somente surgem em nós quando de um acontecimento destes, lá no campo de batalha, o que faria com que as pessoas se tornassem mais solidarias, prestativas, atenciosas, preocupadas uma com as outras, fazendo assim com que todos ficássemos mais espertos e fazendo menos guerras, ou melhor, nenhuma guerra. Usaríamos tais sentimentos já vivenciados e sentidos por quem esteve lá para não haver mais mortes, sofrimento, utilizando tais lembranças e experiências para se construir, evoluir e não para se destruir mais e mais.

Despertar os que aqui vivem, neste nosso mundo, coisas como amparar um ferido, ajudar um idoso, respeitar as leis de transito, alimentar um doente, cuidar do próximo como a si mesmo e vice-versa, sendo todos nos amigos, companheiros, compreendendo as aflições alheias e as nossas aflições, enfim, tratar seu semelhante de forma a nos tornarmos mais seguros dentro de algo que já é tão terrível e tenebroso, uma mera semelhança do que acontece lá e do que esta acontecendo aqui, ou seja, que acontece em qualquer lugar, cada guerra a sua forma.

Vivemos desde sempre as nossas guerras, talvez até piores do que aquelas que realmente foram ou são assim chamadas, como as do nosso trânsito, batalha de motoristas versus motoristas e pedestres, que já matou mais soldados desse nosso dia-a-dia, dessa nossa guerra, do que os soldados americanos mortos na guerra do Vietnam.

Hoje estamos em campos de batalhas dos mais distintos, mais não menos violentos do que aqueles do passado e do presente, as guerras propriamente ditas. Precisamos retirar do que já aconteceu o que estas condições nos trouxeram de melhor, por pior que estas tenham sido.

Devemos aprender, evoluir e não nos acomodarmos com nossos erros. A guerra, do passado e do presente, trouxe e trás muito sofrimento, dor, ódio, revolta, desespero, desamparo, medo, traumas, mais também demonstra formas interessantes de adaptação, de improviso, formas boas de convívio em situações extremas, o que de fato é bem mais interessante.   
 
Vamos analisar o que já aconteceu e não criarmos novas guerras baseadas em antigas guerras, para assim sabermos o que se passa na cabeça dos soldados da vida comum, em todo o mundo, seus desejos, aspirações. Já passamos por muitas guerras e continuamos passando por elas todos os dias, ainda temos as nossas guerras e são muitas, e para estas precisamos usar os “capacetes do pensamento” para aplicarmos o que já aprendemos com outras guerras, sem dor, sem mortes, sem sofrimento, sem desespero ou aflição, sem sangue.

Como diz meu Pai, existem duas formas de se passar pelas coisas da vida e aprender com elas, pelo amor ou pela dor. Pela dor já aprendemos todos os dias e cabe a nós aprendermos mais pelo amor, coloquemos os capacetes e mãos a obra!!

Marcelo Ferla.

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