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quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

O que é ser homem? Um documentário para repensar nossa masculinidade


O que é ser homem? Um documentário para repensar nossa masculinidade.

Rafael C. Oliveira 


“Ele veste uma máscara e seu rosto se molda a ela” George Orwell
O que é ser homem na nossa sociedade? 
Como essa concepção de masculinidade pode influenciar as gerações que nela vivem e as que virão? 
É essa a questão principal do documentário The mask you live in. 
Disponível no Netflix, ele vem em um momento apropriado. 
Para combater o machismo, as mulheres vêm se engajando em movimentos feministas que buscam a igualdade e por isso lutam contra uma legislação que não garante proteção e pensamentos retrógrados que atuam de forma repressiva principalmente sobre os corpos das mulheres. 
E quanto aos homens? 
Como combater aquele machismo que está dentro de nós?
Minha memória mais antiga é a do meu pai me levando ao porão da minha mãe, levantando as mãos e me ensinando a dar golpes e socos. 
Foi lá que ele me disse as palavras: “Seja homem. 
Pare de chorar, não se emocione. 
Se vai ser homem no mundo, é bom aprender a dominar e a controlar as pessoas e as situações”. 
Isso me deu uma vergonha tremenda. 
Saí de lá com lágrimas nos olhos, achando que eu não era homem o bastante.
O trecho acima é a primeira fala presente no documentário. 
Quem narra é o treinador de futebol americano Joe Ehrmann. 
Ele acrescenta que a frase “seja homem” é uma das mais destruidoras de nossa cultura
Pensemos em uma criança ouvindo dos pais, dos colegas de escola, dos professores, do diretor, dos filmes, que ele deve ser homem. 
Que ele não deve chorar. 
Que ele não pode ser “mulherzinha”. 
Logo aí já identificamos um grande problema: ensinamos e/ou reproduzimos que ser “mulher” é algo ruim. 
E associamos tudo que um homem não deve fazer (chorar, não agredir, etc) com o que mulheres fazem. 
Essa é a gênese da fabricação de sujeitos machistas.
Uma abordagem importante que The mask you live in faz é com relação às três mentiras. 
Mentiras ditas pela mídia, pela família, escola, na rua, amigos, etc. 
São elas:
Ser atleta – um homem para atingir o sucesso, a masculinidade, deve praticar um esporte, se tornar um atleta. 
Na cultura americana, o futebol americano é o exemplo máximo desse pensamento. 
Em termos locais, o futebol nas escolas representa bem essa máxima. 
O bom jogador de futebol nas aulas de educação física é aquele que terá mais amigos e consequentemente atrairá mais garotas. 
Pelo menos é o que se acredita. 
Um garoto não pode fazer teatro, pois isso seria coisa de “mulherzinha” ou de “viado”.
Ligar masculinidade ao sucesso econômico – Steve Jobs, Bill Gates, Mark Zuckerberg, grandes atletas como Neymar, Cristiano Ronaldo, empresários, entre outros. 

Todas essas figuras são milionárias, bem vestidas, ricas, sempre com muitas pessoas ao seu redor. 

A mídia reproduz essa ideia e o Lobo de Wall Street é o exemplo de como exercer sua masculinidade.
Conquistas sexuais – Ter várias mulheres, ser o pegador, o garanhão, o jack (aprendi essa com meus ex-alunos). 

Ser homem, segundo a terceira mentira, é se envolver com várias mulheres e mostrar isso para todos.
Há passagens interessantes e de universos diferentes, mas que compartilham do mesmo problema que é o machismo impregnado nos homens. 

Há o depoimento de presidiários que relatam casos de bullying que envolviam sexismo e homofobia, causando revolta nas vítimas, contribuindo na construção da agressividade e negação de tudo aquilo que fosse considerado feminino. 

Em outro momento, crianças contam das coisas que gostam de fazer, mas não fazem porque seus colegas não consideram aquilo coisa de meninos. 

Às vezes a fala não vem dos colegas, mas da família.
Um estudo psicológico também é exibido no filme e contribui também para repensarmos a questão da masculinidade. 

Fala-se da hipermasculinidade e da hiperfeminilidade. 

O que seria isso? 

Ora, quando o casal descobre o sexo do bebê, a decisão parece ser: se é menino, vamos comprar carrinhos, as roupas e o berço deve ser azul. 

E se for menina vamos comprar roupa rosa, o berço será rosa, ela vai brincar de bonecas, comidinha, etc. 

Desde o nascimento cria-se um abismo enorme entre o masculino e o feminino, não há outras possibilidades aí. 

São dois opostos. 

Um chora, o outro não. Um é agressivo, o outro não. 

Um ajuda nos afazeres da casa, o outro não. 

Todos esses elementos influenciam nessa hipermasculinidade e hiperfeminilidade.
Como jovem você aprende que o homem deve sempre ir à caça. 

Um homem deve sempre ser agressivo.
Os estereótipos sociais presentes na tv, na música e nos games criam indivíduos capazes de agredirem mulheres. 

Dados expostos mostram que essa cultura influencia fortemente o aumento de mitos como “as mulheres querem ser estupradas”.
The mask you live in é um documentário que todo homem deveria ver para que possamos repensar o que é ser homem, o que é essa tal masculinidade que nos é colocada. 

E é a partir daí que podemos repensar certos vícios que levamos para nossos filhos, alunos, amigos e familiares.

post: Marcelo Ferla
fonte: http://literatortura.com/2016

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