Fotos inéditas de Che
Guevara são divulgadas na Espanha.
Quase cinquenta anos se passaram até que reaparecessem certas fotos de Ernesto "Che" Guevara tiradas após sua morte, chegadas à Espanha por meio de um missionário - cuja família guardou os cliques, feitos por um jornalista da AFP.
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Che
foi capturado em 8 de outubro de 1967 e morto no dia seguinte antes de ser
sepultado às escondidas na madrugada.
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"Minha tia e minha
mãe me contaram que as fotos foram dadas a ele por um jornalista francês",
relata Arteaga, atual guardião das fotos em preto e branco que seu tio, de quem
era muito próximo, trouxe da Bolívia.
Após a morte de Cuartero
em 2012, Arteaga, prefeito do povoado de Ricla (Aragão, nordeste da Espanha),
guardou alguns objetos do tio como recordação.
"E então me lembrei das
fotos de Che e minha tia não teve dúvidas: 'sim, sim, sei onde estão'",
conta Arteaga, que dias depois recebeu um envelope com as fotos.
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Missionário
espanhol Luis Cuartero (segundo à esquerda) conduz cerimônia na Bolívia em
torno de 1967. Fotografias históricas de revolucionário cubano Che Guevara do
fotógrafo da AFP, pouco depois de sua execução, vieram à luz em uma pequena
cidade espanhola
Foto:
JAVIER SORIANO / AFP
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Intrigado pelas imagens,
Arteaga iniciou então uma pequena investigação começando por sua origem:
"um jornalista francês".
Usando uma ferramenta de
buscas da internet, "coloquei 'jornalista francês Che morto' e achei
Hutten e umas fotos que eram muito parecidas com as que eu tinha",
explica.
Arteaga acredita, assim,
que as fotos foram dadas a seu tio pelo repórter francês da AFP Marc Hutten,
autor dos poucos instantâneos coloridos que imortalizaram o momento em que o
exército boliviano expôs o corpo do guerrilheiro no povoado de Vallegrande (a
150 km de Santa Cruz).
"Pediram (ao
missionário) que trouxesse as fotos porque ele era o único europeu que ia
embora da Bolívia naquele momento", considera Arteaga.
As fotos parecem
corresponder a momentos diferentes, já que em algumas o médico argentino,
convertido em mito revolucionário, aparece vestido com uma jaqueta aberta,
enquanto em outras parece sem a roupa - como se estivesse sendo exibido.
Também há uma foto de uma
companheira de Che na Bolívia, Tamara Bunke, conhecida como Tânia, e outra que
supostamente mostra seu cadáver numa maca com uma camiseta e o rosto manchados.
Che foi capturado em 8 de
outubro de 1967 e morto no dia seguinte antes de ser sepultado às escondidas
pelos militares bolivianos na madrugada de 11 de outubro ao lado de outros seis
guerrilheiros.
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Imanol
Arteaga, sobrinho do missionário espanhol Luis Cuartero, mostra fotos tiradas
em 10 de outubro de 1967 por ex-jornalista da AFP, Marc Hutten
Foto:
JAVIER SORIANO / AFP
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Hutten, que morreu em
2012, "nos disse que tinha enviado quatro ou cinco rolos à AFP em
Paris" com fotos do cadáver de Che, relata Sylvain Estibal, chefe da
fotografia da AFP para a Europa e a África.
Quando Hutten voltou a
Paris alguns meses após a morte de Che, constatou que "só havia umas
poucas fotos de sua reportagem. Onde estão as outras continua sendo um
mistério", acrescentou Estibal.
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Depois
de ter sido fuzilado, corpo de Che foi exposto para que jornalistas pudessem se
certificar de sua morte
Foto:
BBCBrasil.com
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"Tinha
uma barba negra e rala, cabelos longos e crespos e a sombra de uma cicatriz no
rosto", descreveu um dos repórteres
Foto:
BBCBrasil.com
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Imagens
foram mantidas em uma casa de família na província espanhola de Zaragoza
Foto:
BBCBrasil.com
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Arteaga não havia sequer
pensado em tornar públicas as fotos entregues ao tio até falar com alguns
repórteres de um jornal local, El Heraldo de Aragón.
Os jornalistas o ajudaram
a falar com um especialista que garantiu que o papel em que as fotos foram
reveladas deixou de ser fabricado há muito tempo, confirmando a época em que
foram feitas.
"O que mais me
interessava nessas fotos é que elas eram do meu tio, tinham valor
sentimental", afirmou, antes de garantir que "agora me dou conta de
que têm um valor histórico". Mas o sobrinho não pensa em se desfazer das
imagens.
Arteaga, que ainda se
emociona ao lembrar do tio, garante que "nos últimos 14 anos", até
sua morte, "falávamos todos os dias", mas nunca tocaram no assunto
das imagens, nem de sua autoria.
"Essa foi uma das
conversas que ficaram apenas na vontade", concluiu.
post: Marcelo Ferla
fonte: terra.com.br
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