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quarta-feira, 7 de maio de 2014

Sabia dessa.


Um poema “censurado” por 20 séculos.
Rôney Rodrigues

Pedicabo ego vos et irrumabo
(Gaius Valerius Catullus)
Se você não manja de latim, saiba que a frase acima é o primeiro verso de um poema considerado o “mais sujo escrito em qualquer idioma” e que demorou 20 séculos para que alguém se arriscasse a traduzi-lo por inteiro.

Antes, em algumas partes do poema, o conteúdo era atenuado ou, simplesmente, cortado.
Trata-se de “Carmen 16” – também chamado de “Catulo 16” -, escrito pelo controverso poeta romano Caio Valério Catulo, que viveu no século 1 a.C., no final do período republicano. Ele pertencia a um grupo de poetas que queria romper com o passado literário romano, apelidado ironicamente por Cícero de “poetas novos”.
Ah, já ia me esquecendo. A tradução: “Meu pau no cu, na boca, eu vou meter-vos”.
Obscenidades romanas
Essas “singelas” palavras de Catulo eram dirigidas a Marco Fúrio Bibáculo – poeta que teve um caso com seu namorado – e a Marco Aurélio Cota Máximo Messalino, cônsul na dinastia júlio-claudiana. Os dois acusavam os versos de Catulo de serem “suaves demais”. Ele, enfurecido pelas críticas, decidiu mostrar que conseguia fazer uma poesia mais pesadinha.
“Carmen 16” marcou a história da literatura pela longa censura e obscenidade, ao tratar temas que desafiavam o decoro e a moral romana. O poema serviu de inspiração, séculos depois, para autores como o americano T. S. Eliot e o francês Charles Baudelaire.
Leia a tradução completa do poema, realizada por João Ângelo Oliva Neto.

Catulo 16
Meu pau no cu, na boca, eu vou meter-vos,
Aurélio bicha e Fúrio chupador,
que por meus versos breves, delicados,
me julgastes não ter nenhum pudor.
A um poeta pio convém ser casto
ele mesmo, aos seus versos não há lei.
Estes só tem sabor e graça quando
são delicados, sem nenhum pudor,
e quando incitam o que excite não
digo os meninos, mas esses peludos
que jogo de cintura já não tem
E vós, que muitos beijos (aos milhares!)
já lestes, me julgais não ser viril?
Meu pau no cu, na boca, eu vou meter-vos.

Imagem: Catulo, retratado em uma pintura de Lawrence Alma-Tadema.
Fontes: Historia de la historia, Primeiros Escritos, Plaza UFL.

Marcelo Ferla


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