Uma
‘zona morta’ se propaga no mar Arábico
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O barco americano
"USS Ardent" (MCM -12) durante um exercício no mar Arábico, em 13 de
maio de 2013 - AFP/Arquivos
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Nas águas do mar Arábico se
estende uma “zona morta” sem oxigênio e do tamanho da Escócia.
Os cientistas
acreditam que pode ser consequência das mudanças climáticas.
Em um laboratório de Abu
Dhabi, Zuhair Lashkar trabalha em um modelo informatizado do golfo de Omã, uma
zona do mar Arábico que contorna o sultanato de Omã e o Irã.
Imagens a cores e
em movimento indicam as mudanças de temperatura, o nível do mar e, sobretudo,
as concentrações de oxigênio.
Estes modelos e as novas
pesquisas realizadas este ano mostram uma tendência preocupante.
A zona morta do mar Arábico
é a maior do mundo, assegura Lashkar, pesquisador da universidade NYU Abu
Dhabi.
“Começa a cerca de 100
metros (de profundidade) e desce até 1.500 metros, de modo que quase toda a
coluna de água fica completamente desprovida de oxigênio”, explicou à AFP.
Lashkar e outros
pesquisadores acreditam que o aquecimento global fomenta a expansão da zona e
isto preocupa por suas repercussões nos ecossistemas e indústrias locais, como
a pesca e o turismo.
As “zonas mortas” são
fenômenos naturais.
A do mar Arábico se estende do estreito de Ormuz, no golfo
de Áden, até a costa indiana, ao leste, e parece ter crescido desde os anos
1990.
No estudo de 2015 e 2016
foram detectados níveis de oxigênio mais baixos que os registrados em 1996, e
os mais baixos deles não se limitam ao coração da “zona morta”, indo além dela.
“O nível está no ponto
mínimo em todos os lugares”, afirma à AFP Bastien Queste, que dirige as
pesquisas realizadas pela universidade britânica de East Anglia em colaboração
com a Universidade Sultan Qaboos de Omã.
Segundo Lashkar, a “zona
morta” do mar Arábico parece se encontrar em um ciclo onde o aquecimento do mar
reduz o oxigênio, o que por sua vez reforça o aquecimento.
“Pode ser terrível
para o clima”, afirma.
De Mumbai, no oceano Índico,
até Mascate, no golfo de Omã, há vários portos sobre o mar Arábico.
Estas zonas costeiras e suas
populações serão afetadas pela expansão da “zona morta”, porque esta pode
reduzir o habitat dos peixes e a pesca é um importante meio de subsistência
para os habitantes da região.
“Quando a concentração de
oxigênio cai abaixo de alguns níveis, os peixes não podem sobreviver”, afirma
Lashkar.
Além da pesca, os recifes de
coral e o turismo também poderiam ser afetados, acrescenta Lashkar.
Em 2015, no Acordo de Paris
sobre o Clima, os países estabeleceram uma redução das emissões de CO2 com o
objetivo de atenuar o aquecimento global, mas no ano passado o presidente
americano Donald Trump retirou os Estados Unidos, o segundo maior emissor de gases
de efeito estufa do mundo atualmente, do tratado.
post: Marcelo Ferla
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