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quarta-feira, 26 de julho de 2017

Cuidado em saúde mental tem...


Cuidado em saúde mental tem de olhar para fatores como renda e vínculos sociais, diz psiquiatra.
Para psicoterapeuta e professor da Unisinos, tem ocorrido qualificação de meios de diagnóstico e tratamento, mas é preciso estar atento a exageros.

O psiquiatra e psicoterapeuta Rogério Lessa Horta foi um dos entrevistados da edição do caderno Rumo, sobre os caminhos para se promover a saúde.
Na entrevista a seguir, o professor da pós-graduação em Sáude Coletiva da Unisinos fala sobre os determinantes que podem levar ao adoecimento psíquico e as formas de enfrentamento aos desafios da saúde mental.

O que é ser mentalmente sadio?
Costuma-se definir o adoecimento psíquico como a percepção de sofrimento ou dificuldades no desempenho do indivíduo em relação aos seus pares, às relações e ao meio. 
Em princípio, ser mentalmente sadio é ser capaz de se organizar com esse conjunto de relações, ter desempenho que lhe dê satisfação, prazer ou bem-estar. 
Pode-se pensar esta trama de relações, desde cuidados com a sobrevivência até relações complexas como cidadania e participação social, capacidade de crítica, compreensão, aprendizado.

Pode-se dizer que a contemporaneidade é de menos saúde mental?
No passado, não tínhamos os mesmos instrumentos e meios de medida em relação a sofrimento e satisfação pessoal. 
As pessoas fazem inferências do tipo "hoje em dia é muito mais estressante"
É difícil comparar. 
Se, hoje, estou numa condição socioeconômica melhor, minha vida vai parecer melhor. 
Se eu passar por um declínio social, por perdas econômicas, a vida vai parecer pior. 
Do ponto de vista coletivo, conseguimos medir essa coisas hoje em dia. 
O que se sabe é que essas são questões psicossociais multideterminadas. 
Isso justifica a opção de chamar o serviço de saúde mental de Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), pensando que a prevenção e o tratamento têm de dar conta não apenas da questão médica, farmacológica, mas de questões psicossociais, de estabilidade, de formação de renda, de vínculos sociais.

Ocorre um excesso de diagnósticos ou um excesso de sofrimento?
As duas perspectivas fazem sentido. 
Até pouco tempo atrás, depressão e ansiedade eram condições negligenciadas, tratadas como irrelevantes, não como questões de saúde. 
Até que a distimia, uma forma de depressão persistente, fosse enunciada como doença, uma pessoa com distimia era vista como ranzinza, como desistente, ganhava contornos pejorativos e não era vista como passível de tratamento ou cuidados de equipe de profissionais da saúde.
Por outro lado, temos alguns excessos e exageros, porque a prestação de serviços e medicamentos se constitui em um circuito econômico. 
Há um interesse no excesso de diagnósticos.
Tem-se, então, as duas coisas: maior acurácia, qualificação dos meios de diagnósticos, dos conceitos, do treinamento de profissionais -- que é benéfico --, e um risco de exagero a que é preciso estar atento.
E quando temos maior oferta de serviços, com a reforma psiquiátrica, em que o serviço de saúde deixa de ser centrado no hospital e passa a se constituir em serviços comunitários, mais próximos de onde as pessoas vivem, começa-se a ter dimensionamento mais próximo da carga desse tipo de doença. 

Há questões do nosso tempo que fazem que pessoas adoeçam mais? 
É possível que sim, ao mesmo tempo em que há facilidades e recursos que provavelmente nos ajudem.

Quando o sofrimento psíquico passa a ser passível de tratamento?
O único meio de discriminar entre "sentimentos normais" e os que justificam a busca de atendimento não está na tipologia dos sintomas, nem em especificidades de sua origem. 
No luto, por exemplo, as pessoas desenvolvem várias evidências de um quadro depressivo. 
Uma pessoa enlutada precisa de ajuda não por ter aqueles sintomas, mas quando o prejuízo que deles decorre é mais importante, com repercussões mais relevantes e, principalmente, se a pessoa (ou as pessoas que se preocupam com ela) não se percebe capaz de resolver aquela condição sem ajuda profissional.
A gravidade das diferentes formas de adoecimento psíquico pode ser sintetizada em esferas de repercussão. 
Quadros leves nos incapacitam apenas para atividades eletivas e de lazer. 
Quadros moderados incapacitam ou dificultam sensivelmente o desempenho nas atividades consideradas obrigatórias, como trabalho e escola. 
Graves são os quadros que nos incapacitam até mesmo para as atividades de cuidados pessoais.

Novas descobertas no campo da neurociência têm impactado a visão e tratamento de problemas como depressão e ansiedade?
Os avanços seguem restritos ao campo da pesquisa, de melhor compreensão dos fenômenos. 
Não há, ainda, desdobramento em dispositivos de cuidado ou medidas terapêuticas específicas.
O investimento nessa linha de pesquisa é fundamental, porque ainda conhecemos pouco dos processos de adoecimento. 
Mas o maior avanço recente que se tem em países como o Brasil é a mudança da política de cuidados, a reforma psiquiátrica.

post: Marcelo Ferla

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