A rara síndrome
pós-orgasmo que só afeta homens.
BBC
BRASIL.com
Para algumas centenas de
homens em todo o mundo a experiência de um orgasmo pode não estar ligada ao
prazer.
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A
diferença de sintomas entre os pacientes dificulta a busca por uma cura
Foto:
iStock.
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Isto ocorre por causa da
síndrome da doença pós-orgásmica (POIS, na sigla em inglês), um problema raro
que afeta exclusivamente os homens.
Os sintomas vão desde
cansaço e febre até diarreia e ocorrem como consequência de um orgasmo.
A doença foi identificada
em 2002 pelo cientista holandês Marcel Waldinger, neuropsiquiatra da
Universidade de Utrecht, na Holanda.
E, até o momento, o médico
conseguiu encontrar pouco mais de 200 homens que sofrem desta síndrome.
Mas ele acrescenta que a
doença pode ser mais comum do que se pensa.
Geralmente muitos homens
não falam sobre o problema por conta da vergonha e confusão que os sintomas
causam. Outros sequer sabem que têm o problema.
Causas?
Desde que o problema foi
descoberto os cientistas identificaram várias possibilidades de causas, de uma
possível alergia ao próprio sêmen ou em função de um distúrbio neurobiológico.
Alguns pacientes enfrentam
o transtorno durante toda a vida adulta, o chamado "POIS Primário" Em
outros casos, apelidados de "POIS Adquirido", a doença se desenvolve
com o passar dos anos.
Isto levou Waldinger a
acreditar que o problema poderia ter uma base psicológica.
Em 2016 foi realizado um
novo estudo com 45 homens que sofrem da doença e da análise dos resultados
surgiram novas teorias para explicar a origem da POIS.
Os pesquisadores
adicionaram à lista de causas uma reação autoimune ao plasma seminal.
Os
cientistas acreditam que esta reação alérgica pode ser tratada com injeções
regulares de sêmen diluído.
Este tratamento ainda está
em fase experimental e só foi administrado em dois pacientes.
O relatório mais recente
de Marcel Waldinger afirma também que a síndrome poderia estar ligada a uma
disfunção da glândula pituitária e também à deficiência de testosterona.
Barry Komisaruk, cientista
especializado em respostas neuronais a estímulos sexuais e diretor do Programa
de Pesquisa Biomédica da Universidade de Rutgers, em Newark, Estados Unidos,
também iniciou sua própria pesquisa.
Na teoria desenvolvida por
Komisaruk a causa da doença está ligada ao nervo vago ou pneumogástrico, um
nervo craniano que envia impulsos para quase todos os órgãos.
Komisaruk afirma que, nos
casos de homens que sofrem com a síndrome, este nervo poderia estar atrofiado.
"Muitos dos sintomas
que os pacientes apresentam são mediados pelo nervo vago", explicou.
Sintomas
Entre os sintomas que
Waldinger identificou nos pacientes que sofrem da doença está o cansaço
extremo, dificuldades de memória e problemas de concentração.
Cerca de 85% dos pacientes
do médico holandês sofrem com isso.
Eles também sofrem de
debilidade da musculatura, febre ou sudorese extrema, diarreia, calafrios,
alterações do estado de ânimo, geralmente irritabilidade, discurso incoerente,
congestão nasal e olhos ardendo.
Todos os sintomas aparecem
depois do orgasmo, alguns segundos, minutos ou poucas horas após a ejaculação.
E, para piorar, a maioria
destes sintomas pode durar entre dois e cinco dias.
Tratamento difícil
Homens que sofrem com a
síndrome da doença pós-orgásmica participam de um fórum para compartilhar suas
experiências, o Fórum POIS Center, e falar sobre truques para tentar driblar os
sintomas.
Mas as variações de
sintomas de um paciente para outro faz com que o desenvolvimento de um
tratamento único seja ainda mais difícil.
Pacientes já tentaram
tratamentos à base de vitaminas e adesivos de testosterona, além da eliminação
de todos os laticínios de suas dietas.
Outros, já em desespero,
tomam sedativos e antibióticos.
No entanto a má notícia é
que, até o momento, a única medida que realmente parece funcionar é a
abstinência sexual.
E, pelo fato de os
pesquisadores ainda não saberem qual a causa ou causas exatas do problema,
dificulta o desenvolvimento de um remédio eficaz.
Mas, como afirmam muitos
usuários do Fórum POIS Center, o importante por enquanto é divulgar mais a
doença.
Com mais pessoas falando sobre a síndrome e conhecendo a doença,
maiores serão as chances de se encontrar uma cura.
post: Marcelo Ferla
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