VERDADE, PERCEPÇÃO E
ESTEREÓTIPOS: VOCÊ É O QUE PARECE?
PUBLICADO EM SOCIEDADE POR
CAROLINA ZIMMER
Confronto entre os
estereótipos sociais e a necessidade subjetiva do ser humano de manter a sua
individualidade.
Categorizar, catalogar,
generalizar e simplificar: atos da razão humana, praticados minuto a minuto por
cada um de nós.
Seres humanos são
individualidades extremamente complexas que não podem ser encaixados em padrões
preestabelecidos, não de forma absoluta.
Você não é somente o
bairro onde mora, a profissão que escolheu ou mesmo a imagem que projeta para o
mundo. Você é bem mais profundo do que isso.
A palavra “estereótipo”
vem do grego “stereos” e “typos”, ou seja, “impressão sólida” e foi inventada
pelo francês Firmin Didot, referindo-se à placa metálica utilizada para a
impressão de livros mais baratos, o que revolucionou a indústria gráfica da época.
Pode-se dizer que
impressão sólida e verdade é a mesma coisa? Não, em absoluto.
Numa sociedade
líquido-moderna, termo cunhado sabiamente pelo sociólogo Zygmunt Bauman, o
superficial, a imagem projetada, a rapidez da comunicação, torna-nos
intolerantes à subjetividade do outro, principalmente se ele for diferente, se
não conseguirmos atribuir a ele, uma das nossas ideias preconcebidas do que ele
deve ser.
Todo engenheiro é ateu.
Todo advogado é conservador.
Todo publicitário é louco. Todo ator é gay.
Todo
mundo que mora na zona sul de São Paulo é rico.
Todo músico usa drogas. Os
exemplos de sofismas que criamos para catalogar superficialmente pessoas e
comportamentos são infinitos.
O grande perigo da nossa
intolerância é, pela rapidez e liquidez do nosso comportamento social atual,
relegarmos pessoas a representarem papéis estereotipados atribuídos pela
sociedade a elas, em franco confronto com a sua individualidade e
subjetividade, numa espécie de “bullying psicológico comunitário” que beira ao
preconceito, que não é sinônimo de estereótipo.
E essa é uma luta
individual, não coletiva.
Assim como é da natureza humana a complexidade
subjetiva, também é da mesma natureza a racionalização e catalogação, numa
polaridade que acaba por se complementar, gerando a grande beleza que há no
feio e a grande feiura que há no belo.
Portanto, cabe a cada um
de nós, o esforço de projetar em imagens a sua verdade interior e não aquela
que deriva de um estereótipo coletivo, isso sim, é a verdadeira liberdade de
expressão.
Você tem a licença poética
de ser quem você é, de oferecer ao mundo a sua beleza e a sua podridão,
independentemente dos rótulos morais-sociais que, porventura, possam ter-lhe
catalogado em uma ou outra categoria preestabelecida pela sociedade.
E como diz Rita Lee, na
linda voz de Maria Rita:
“Nem toda feiticeira é
corcunda,
Nem toda brasileira é
bunda.
Meu peito não é de
silicone,
Sou mais macho que muito
homem.”
post: Marcelo Ferla
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