Equilibrando-se por um fio.
O
filme “A Travessia” convida espectador a atravessar as Torres Gêmeas feito
equilibrista.
Robert Zemeckis ficou
gravado no coração da geração juvenil dos anos 1980 e 1990 com a trilogia “De
Volta para o Futuro”. O diretor ainda assinou clássicos como “Uma Cilada para
Roger Rabbit” (1988), “Forrest Gump” (1994) e "Náufrago" (2000).
O
que estes blockbusters têm em comum é a diversão, o ar nostálgico e enfoque no
entretenimento para a família.
Talvez por isso tenha sido
ele o escolhido para dirigir o filme “A Travessia” (The Walk – 123 min - USA),
que estreia em sessões antecipadas em 1º de outubro, e nacionalmente no dia 8
do mesmo mês.
Estrelado por Joseph Gordon-Levitt, o longa metragem tem como
enredo a história real do equilibrista Philippe Petit, autor de uma façanha
ousada, que beirava à loucura, no ano de 1974.
Conhecido na Europa por
cruzar em um cabo de metal as torres da igreja de Notre Dame, em Paris, Petit
decide tentar o mesmo feito em um vão de mais de 70 metros entre os prédios
idênticos mais altos do período: as Torres Gêmeas, então prestes a serem
inauguradas.
Como o filme se passa há
mais de 40 anos, a escolha de um diretor habituado a trazer à tona vida para o
passado parece a mais indicada.
O tom nostálgico é evidente, pois o filme é
como uma fotografia preto e branca que ganha cores com o decorrer dos momentos
e movimentos.
O mais interessante e
complexo em se produzir o filme foi como dramatizar e sustentar a trama cujo
ápice são apenas alguns minutos entre edifícios icônicos para o mundo, seja
pelo ex-cartão postal ou pelo desastre de 2001. Além deste desafio, Zemeckis
tinha que confeccionar algo artisticamente mais relevante que o documentário de
2008, “Man On Wire”, exatamente sobre a mesma história e vencedor de um Oscar.
Sendo assim, apesar do
lado afável e charmoso de Paris, do pano de fundo amoroso e do encontro com o
mentor rígido a ensinar truques para o equilibrista, a obra inteira é
metalinguagem de si mesma. Se equilibra na tensão.
No cai ou não cai do próprio
protagonista, interpretado por Levitt como um irritante homem obstinado,
obcecado seria até mais apropriado.
O filme é um misto de
gêneros.
A primeira metade é sobre família, encontros e autoconhecimento. Já a
segunda parte é um heist movie (filme de assalto, como “12 Homens e Um
Segredo", por exemplo) só que sem roubo, claro.
Levitt encena todo o lado
difícil e genioso de um personagem visto como espécie de artista delinquente e
anárquico. Algo comum entre quem cria, se arrisca e concebe obras.
A IdeaFixa foi convidada a
conferir o mais novo filme de Zemeckis em uma sessão exclusiva para a imprensa.
No final da sessão, encontramos o crítico de cinema Rubens Ewald Filho e
pedimos gentilmente que nos revelasse sua impressão da história.
“Sem dúvida é um épico que
acima de tudo homenageia às Torres Gêmeas. Confesso também que me deixou muito
nervoso porque tenho problemas com altura.”
O crítico tem toda razão e
para quem ver o filme em 3D, prepare-se, isto intensifica e potencializa a
sensação de estar acompanhando Petit nas beiradas de arranha-céus.
Algo
extremamente aflitivo com a vantagem de não sair da poltrona do cinema.
post: Marcelo Ferla
fonte: ideafixa
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