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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015
Especial - As Vozes
Entenda o caso de Edward
Snowden, que revelou espionagem dos EUA.
Procurado
pelos Estados Unidos, ex-técnico da CIA obteve asilo da Rússia.
Caso
gerou crise para o governo Obama e debate sobre privacidade online.
1 - Onde está Edward
Snowden?
2 - Do que Snowden é
acusado?
3 - Por que ele vazou os
dados?
4 - Quem é Edward Snowden?
5 - "Guardian" e
"Washington Post"
6 - Como o Brasil e Dilma
foram espionados?
7 - Qual foi a reação do
governo brasileiro?
8 - Quem é o brasileiro
detido por lei antiterrorista?
9 - A União Europeia
também foi monitorada?
10 - Qual é o debate nos
Estados Unidos?
11 - Qual foi a polêmica
envolvendo Evo Morales?
O ex-técnico da CIA Edward
Snowden, de 29 anos, é acusado de espionagem por vazar informações sigilosas de
segurança dos Estados Unidos e revelar em detalhes alguns dos programas de
vigilância que o país usa para espionar a população americana – utilizando
servidores de empresas como Google, Apple e Facebook – e vários países da
Europa e da América Latina, entre eles o Brasil, inclusive fazendo o
monitoramento de conversas da presidente Dilma Rousseff com seus principais
assessores.
Oito meses após suas
primeiras revelações, documentos vazados por ele continuam repercutindo em
jornais ao redor do mundo, e novas informações sobre a espionagem depresidentes e chanceleres de países da Europa
foram reveladas.
Snowden teve acesso às
informações que vazou para a imprensa quando prestava serviços terceirizados
para a Agência de Segurança Nacional (NSA) no Havaí.
1 - Onde está Edward
Snowden?
Ao procurar os jornais e
entregar parte dos dados, Snowden deixou o estado do Havaí e foi primeiramente
para Hong Kong, em 20 de maio, antes das primeiras reportagens. Em junho, os
EUA pressionaram Hong Kong para responder ao pedido de extradição, visto que há
um tratado de extradição em vigor desde 1998.
Em 23 de junho, avião com
Snowden deixou Hong Kong para Moscou, na Rússia. A viagem foi feita com apoio
do WikiLeaks, de Julian Assange, que enviou uma militante para ajudar o
ex-técnico da CIA. O americano ficou na área de trânsito do aeroporto de
Sheremetyevo por 40 dias, em um "limbo" jurídico, uma vez que não
tinha documentos para entrar em território russo – seu passaporte havia sido
revogado pelos Estados Unidos.
Snowden enviou pedido de
asilo para 21 países, entre eles Brasil, Cuba, Venezuela, Bolívia, Nicarágua,
China, Rússia, Alemanha e França, segundo o WikiLeaks. Três desses países se
dispuseram a abrigá-lo – Venezuela, Bolívia e Nicarágua.
No dia 16 de julho,
Snowden pediu asilo temporário oficialmente à Rússia. Em 1º de agosto, ele
recebeu os documentos necessários e deixou a área de trânsito do aeroporto rumo
a um "local seguro" em território russo.
Edward Snowden agradeceu à
Rússia pela concessão de asilo temporário. A Casa Branca ficou
"extremamente desapontada" com a decisão da Rússia e desmarcou um
encontro de cúpula entre Obama e Putin, previsto para setembro. Segundo os EUA,
a ação da Rússia "mina uma longa tradição de cooperação no cumprimento da
lei".
Desde então, ele vive na
Rússia em local desconhecido. Seu pai, Lon Snowden, foi visitá-lo em outubro.
No fim do mês, Snowden foi
contratado por um dos princiais sites da Rússia para trabalhar como
administrador. O nome da página não foi divulgado por razões de segurança.
Em janeiro de 2014, a
Rússia anunciou que vai estender o período de asilo e não vai mandá-lo de volta
aos EUA.
No fim do mesmo mês, sua
assessora jurídica disse que ele pretende iniciar conversas com o
procurador-geral norte-americano, Eric Holder, para negociar seu retorno aos
EUA, mas só o fará com a garantia de anistia.
2 - Do que Snowden é
acusado?
Em 13 de junho, o diretor
do FBI, Robert Mueller, disse que estava iniciada uma investigação penal contra
Snowden. Na semana seguinte, o governo americano apresentou as acusações
criminais por espionagem, roubo e conversão de propriedade do governo.
Com as acusações na
Justiça americana, o passaporte de Snowden foi anulado para barrar viagens
internacionais do ex-ténico de segurança.
Em 26 de janeiro, em
entrevista ao canal público alemão "ARD", Snowden disse temer sofrer
algum atentado das autoridades americanas.
Dias depois, chefe da
Direção de Inteligência Nacional dos EUA, James Clapper, pediu que Snowden
devolvesse os documentos "roubados" da NSA", porque isso supõe
"uma grave ameaça" à segurança nacional.
3 - Por que ele vazou os
dados?
Ao se apresentar ao mundo,
Edward Snowden disse que sentiu a obrigação de denunciar ao mundo, mesmo a um
custo pessoal alto, os descomunais poderes de vigilância acumulados pelo
governo dos EUA.
Ele disse que poderia ter
ficado anônimo, mas que sua mensagem teria mais ressonância se viesse de fonte
identificada. "O público precisa decidir se esses programas e políticas
são certos ou errados", disse Snowden ao The Guardian.
Ele disse que estava
disposto a "aceitar qualquer risco" ao revelar os segredos e precisou
deixar também a namorada com a qual morava. "Eu estou disposto a me
sacrificar porque eu não posso, em sã consciência, deixar que o governo dos
Estados Unidos destrua a privacidade, a liberdade de Internet e os direitos
básicos de pessoas em todo o mundo, tudo em nome de um maciço serviço secreto
de vigilância que eles estão desenvolvendo."
Após as denúncias de
jornais de todo o mundo sobre a espionagem americana, Snowden ofereceu-se para
cooperar com as autoridades alemãs para esclarecer "a verdade e a
autenticidade dos documentos". A oferta foi feita em uma carta.
Após a oferta, o Kremelin
afirmou que Snowden é livre para falar com quem quiser, mas que terá que pedir
um novo asilo caso deixe a Rússia e queira retornar.
Em dezembro de 2013,
Snowden afirmou em entrevista à revista "Time" esperar que os
vazamentos de documentos classificados realizados por ele levem os governos a
uma maior transparência.
No mesmo mês, em
entrevista ao "Washington Post", ele considerou como uma "missão
cumprida" o debate gerado após o vazamento de milhares de documentos
secretos da inteligência americana.
4 - Quem é Edward Snowden?
Snowden largou a escola no
ensino médio e tentou ser reservista do Exército antes de virar agente de
segurança. Ele teve acesso às informações que vazou quando prestava serviços
terceirizados para a Agência de Segurança Nacional (NSA) no Havaí. Antes de trabalhar
lá, arrumou seu primeiro emprego na Universidade de Maryland, trabalhando em
uma unidade secreta da NSA perto do campus. Passou então para a CIA, na
segurança da tecnologia da informação, ascendendo rapidamente por causa dos
seus conhecimentos sobre Internet e programação de software.
Em 2007, a CIA o deslocou
sob fachada diplomática para Genebra, na Suíça, onde continuou trabalhando com
segurança digital. Sua experiência nessa função e o trabalho ao lado de agentes
da CIA gradualmente o levaram a questionar seu papel no governo.
Snowden tem certificado de
hacker ético, segundo o jornal "The New York Times", documento
concedido pela International Council of E-Commerce Consultants (EC-Council)
enquanto o agente trabalhava na Dell, em 2010, contratado pela Agência de
Segurança Nacional.
Segundo o site da
entidade, um hacker ético é aquele que testa a segurança de redes e os sistemas
de computadores para encontrar vulnerabilidades e brechas a fim de comunica-las
às empresas, para que as repare.
A certificação consta no
currículo enviado à Booz Allen Hamilton, onde trabalhava quando vazou as
informações do programa Prism. Durante seus anos iniciais na CIA e na NSA,
Snowden atuou como um hacker "defensivo", que tentava barrar ataques,
e só depois passou à "ofensiva".
5 - Qual o papel da
imprensa internacional?
No dia 5 de junho, o
jornal britânico "The Guardian" publicou a primeira reportagem sobre
os programas de espionagem, mostrando que a Agência Nacional de Segurança
coleta dados sobre ligações telefônicas de milhões de americanos diariamente e
que também acessa fotos, emails e videoconferências de internautas que usam os
serviços de empresas americanas, como Google, Facebook e Skype.
A reportagem foi assinada
pelo jornalista americano Glenn Greenwald - que posteriormente saiu do jornal e
lançou um site onde prometeu divulgar mais novidades sobre o caso.
Em 7 de junho, o jornal
americano "The Washington Post" também publicou dados entregues por
Snowden, que detalham um programa de vigilância secreta que reunia equipes de
inteligência da Microsoft, Facebook, Google e de outras empresas do Vale do
Silício.
Em outubro, o jornal
complementou as denúncias, afirmando que a Agência Nacional de Segurança (NSA)
invadiu em segredo links de comunicação que conectam data centers do Yahoo e do
Google ao redor do mundo, e teve acesso assim a dados de centenas de milhares
de contas de usuários
No dia 9 do mesmo mês, em
entrevista ao "The Guardian", a identidade do responsável pelo
vazamento foi revelada. "Não tenho nenhuma intenção de me esconder porque
sei que não fiz nada de errado", disse Snowden.
Em 31 de julho, o
"Guardian" publicou nova reportagem, mostrando que um sistema de
vigilância secreto conhecido como XKeyscore permite à inteligência dos EUA
supervisionar "quase tudo o que um usuário típico faz na Internet". O
sistema seria o de maior amplitude operado pela agência nacional de segurança
americana.
No fim de outubro, o
"Washington Post" revelou que a NSA invadiu em segredo links de
comunicação que conectam data centers do Yahoo e do Google ao redor do mundo, e
teve acesso assim a dados de centenas de milhares de contas de usuários. O
chairman do Google, Eric Schmidt, disse que denúncia é ultrajante e
potencialmente ilegal se for verdade.
Em dezembro, o jornal americano
voltou a fazer revelações, informando em reportagem que os EUA monitoram
diariamente a geolocalização de centenas de milhões de celulares no planeta.
Após os dois jornais
realizarem as primeiras revelações, outras publicações de países como França,
Alemanha e até mesmo o Brasil publicaram reportagens com mais vazamentos de
Snowden.
Em janeiro de 2014, o
jornal "The New York Times" publicou um editorial defendendo Snowden
e pedindo clemência para ele.
No mesmo mês, novos
documentos revelaram que a NSA e a agência GCHQ, do Reino Unido, desenvolveram
ferramentas para explorar brechas presentes em aplicativos para celulares, como
o popular “Angry Birds”, para espionar os dados dos usuários transmitidos pela
internet. Os criadores do jogo negaram ter colaborado de qualquer maneira com a
NSA.
Ainda em janeiro, um novo
documento de snowden, divulgado pelo "The Huffington Post", apontou
que a NSA monitorou as comunicações de outros governos antes e durante a
Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas em 2009.
6 - Como o Brasil e Dilma
foram espionados?
Reportagens do jornal
"O Globo" publicadas a partir de 6 de julho, com dados coletados por
Snowden, mostraram que milhões de e-mails e ligações de brasileiros e
estrangeiros em trânsito no país foram monitorados. Ainda segundo os documentos,
uma estação de espionagem da NSA funcionou em Brasília pelo menos até 2002. Os
dados apontam ainda que a embaixada do Brasil em Washington e a representação
na ONU, em Nova York, também podem ter sido monitoradas.
Outros países da América
Latina também são monitorados, segundo os dados. De acordo com o jornal,
situações similares ocorrem no México, Venezuela, Argentina, Colômbia e
Equador. O interesse dos EUA não seria apenas em assunto militares, mas também
em relação ao petróleo e à produção de energia.
A revista
"Época" também publicou reportagem sobre documento secreto que revela
como os Estados Unidos espionaram ao menos oito países – entre eles o Brasil –
para aprovar sanções contra o Irã.
No dia 1º de setembro, o
"Fantástico" exibiu reportagem com base em documentos obtidos com
exclusividade. (Achei melhor colocar o especial da GloboNews no programa Milênio Especial por ser mais completa).
Os arquivos classificados como ultrassecretos, que fazem parte
de uma apresentação interna da Agência de Segurança Nacional dos Estados
Unidos, mostram a presidente Dilma Roussef, e o que seriam seus principais
assessores, como alvo direto de espionagem da NSA. Um código indica isso.
Em novembro, foi revelado
que o governo brasileiro monitorou as atividades de diplomatas da Rússia, do
Irã e do Iraque em 2003 e 2004, época do governo Luiz Inácio Lula da Silva. O
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que o tipo de espionagem
praticada pelo Brasil e aquela que, segundo denúncias, é feita pelos Estados
Unidos, são “completamente diferentes”.
7 - Qual foi a reação do
governo brasileiro?
O Brasil recebeu com
"grave preocupação" a notícia. Em 7 de julho, o então ministro das
Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse que o governo solicitaria
esclarecimentos aos EUA e ao embaixador americano no Brasil. Questionado sobre
as denúncias, o governo americano afirmou que não discutirá questões
publicamente, mas intramuros diretamente com a estrutura diplomática do país.
O vice-presidente
americano, Joe Biden, telefonou no dia 19 para Dilma Rousseff para dar
explicações sobre as denúncias de espionagem de cidadãos e instituições
brasileiras, disse que lamentava a repercussão negativa e reiterou a disposição
do governo americano de dar "informações complementares sobre o
tema".
Em 12 de julho, Dilma
Rousseff disse, durante cúpula do Mercosul no Uruguai, que o bloco deve adotar
"medidas cabíveis pertinentes" para evitar a repetição dos episódios. Ela disse que a segurança do país e a privacidade dos cidadãos e empresas devem
ser preservadas.
Após reportagem do
"Fanástico", o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto
Figueiredo, afirmou no dia 2 de setembro que, se comprovados, os atos de
espionagem dos EUA sobre a presidente Dilma Rousseff são "inadmissíveis" e
"inaceitáveis".
No dia 3 de setembro, foi
instalada no Senado Federal uma CPI que investigará denúncias de espionagem
pelos Estados Unidos a e-mails, telefonemas e dados digitais no Brasil.
Durante a 68ª
Assembleia-Geral das Nações Unidas em Nova York, Dilma disse em discurso que as
ações de espionagem dos Estados Unidos no Brasil “ferem” o direito internacional
e “afrontam” os princípios que regem a relação entre os países. Ela também
cancelou uma visita de estado que faria aos EUA em outubro e pediu satisfações
para Obama. Os dois presidentes conversaram na ocasião e um pouco antes,
durante a cúpula do G-20.
A Polícia Federal abriu um
inquérito e quer que sejam ouvidos fora do país os presidentes mundiais das
empresas Yahoo, Microsoft, Google, Facebook e Apple - que forneceram
informações para o governo dos EUA. A PF também pediu acesso ao interrogatório
de Snowden.
Em novembro, os governos
de Brasil e Alemanha apresentaram à Assembleia Geral da Organização das Nações
Unidas (ONU) uma proposta que prevê regras para garantir o “direito à
privacidade” na era digital.
Em dezembro, em um texto
publicado pelo jornal “Folha de S. Paulo” intitulado “Carta Aberta ao Povo do
Brasil”, Snowden disse que a Casa Branca iria continuar interferindo em sua
"capacidade de falar" até que ele obtenha um asilo permanente de
algum país. No texto, ele sugeriu que, se obtivesse o benefício no Brasil, pode
auxiliar o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional a investigarem a
espionagem de Washington a cidadãos, autoridades e empresas brasileiras.
Em resposta, a presidente
Dilma Rousseff disse que não se manifestaria sobre o interesse de Snowden de
obter asilo no Brasil e que não interpretaria a carta.
Em janeiro de 2013, o
ministro de Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, foi a Washington para
discutir os casos de espionagem com a conselheira nacional de Segurança dos
Estados Unidos, Susan Rice. Ele disse ter saído "igual" do encontro e
informou que as explicações dadas serão analisadas pelo governo brasileiro.
8 - Quem é o brasileiro
detido por lei antiterrorista?
Em 18 de agosto, o
brasileiro David Miranda, de 28 anos, ficou detido por quase nove horas por
oficiais da Scotland Yard no aeroporto de Heathrow, em Londres, quando tentava
voltar ao Rio, onde mora. Ele é companheiro de Glenn Greenwald, jornalista
americano que revelou a estratégia de espionagem eletrônica do governo dos
Estados Unidos.
O jornalista disse que, se
as autoridades britânicas tinham a intenção de intimidá-lo, agora mesmo é que
ele vai publicar ainda mais documentos e informações sobre espionagens. O
Itamaraty se manifestou sobre o ocorrido e classificou o ato como
"injustificável". Segundo o "Guardian", a Scotland Yard se
recusou a comentar quais motivos levaram seus oficiais a parar Miranda.
Em novembro, autoridades
britânicas afirmaram que o parceiro do jornalista Glenn Greenwald estava
envolvido com "terrorismo" quando foi preso.
Em janeiro de 2013,
Miranda, autor de uma campanha em favor da concessão de asilo político a
Snowden no Brasil, disse que pretende buscar apoio político no Congresso a
partir de fevereiro para levar um pedido formal à presidente Dilma Rousseff.
9 - A União Europeia
também foi monitorada?
Três semanas após a
divulgação dos primeiros dados, a revista alemã "Der Spiegel"
publicou reportagem afirmando que a União Europeia era um dos
"objetivos" da Agência Nacional de Segurança (NSA). A publicação
sustentou as acusações com documentos confidenciais a que teve acesso graças às
revelações do ex-funcionário americano.
Da mesma maneira também
foi vigiada a representação da UE na ONU, segundo os dados, nos quais os
europeus são classificados de "objetivos a atacar". Em 2003, a UE
confirmou a descoberta de um sistema de escutas telefônicas nos escritórios de
vários países, incluindo Espanha, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Áustria e
Itália.
Em 30 de junho, o
presidente do Parlamento Europeu (órgão legislativo da União Europeia), Martin
Schulz, exigiu dos Estados Unidos que esclareça se espionou a União Europeia
(UE). Em resposta, a Direção Nacional de Inteligência (ODNI) afirmou que os EUA
responderiam através da via diplomática ao pedido de explicações.
Ao longo do mês de
outubro, novas revelações sobre espionagens feitas pelos EUA (e também pelo
Reino Unido) contra chefes de estado europeus vieram à tona. Alemanha, Itália,
e França tiveram seus presidentes e chanceleres espionados, segundo documentos
revelados pelas imprensas locais. Os países pediram satisfações aos EUA e
convocaram os embaixadores americanos em seus territórios.
Líderes da União Europeia
divulgaram um comunicado no dia 25 de outubro dizendo que a desconfiança sobre
o esquema de espionagem dos Estados Unidos poderá prejudicar os esforços
mundiais no combate ao terrorismo. A declaração foi dada após o jornal
"Guardian" revelear que 35 líderes mundiais tiveram conversas
telefônicas monitoradas.
Um deles foi a chanceler
alemã Angela Merkel, que exigiu explicações e disse que que "amigo não
espiona amigo". O jornal "Bild am Sonntag" afirmou que Obama
sabia da espionagem contra Merkel desde 2010. O governo dos EUA negou, e o
diretor da NSA garantiu que Obama não sabia do programa. Logo depois, o jornal
"Wall Street Journal" afirmou em reportagem que Obama cancelou o
monitoramento de Merkel logo após saber da espionagem - o que teria ocorrido em
meados de 2013.
O presidente francês,
François Hollande - que também foi espionado, segundo os documentos - disse que
as revelações de Snowden poderão "finalmente ser úteis", conduzindo a
uma "melhor eficiência" dos serviços de Inteligência e a mais
proteção da privacidade dos cidadãos.
França e Alemanha lançaram
uma iniciativa conjunta para exigir dos Estados Unidos discussões sobre o
assunto até o final do ano.
Nove membros da comissão
de Liberdades Civis do Parlamento Europeu (PE) anunciaram uma viagem aos EUA
para coletar informações sobre a suposta espionagem e analisar com as
autoridades americanas o impacto de seus programas de vigilância sobre os
direitos fundamentais dos europeus.
Em meio aos escândalos,
Lisa Monaco, conselheira de Obama em segurança interior e luta antiterrorista,
admitiu em um artigo publicado no jornal "USA Today" que o programa de
vigilância do país criou tensões consideráveis com alguns de seus sócios mais
próximos, mas garantiu que suas atividades são legítimas.
No dia 28 de outubro, o
jornal espanhol "El Mundo" revelou que mais de 60 milhões de ligações
na Espanha foram monitoradas em um período de 30 dias. O governo espanhol
convocou o embaixador dos EUA no país para dar explicações.
No dia 30, uma publicação
italiana revelou que o Vaticano e o Papa Francisco também teriam sido
monitorados, inclusive durante o conclave que elegeu o Papa. Os EUA negaram as
acusações.
Até a China passou a
cobrar explicações dos norte-americanos, após a imprensa australiana revelar
que os EUA usavam suas representações diplomáticas na China para coletar dados
sobre o país. A Indonésia também teria sido espionada por meio de embaixadas
australianas.
10 - Qual é o debate nos
Estados Unidos?
A informação a respeito
dos serviços secretos desencadeou interminável debate nos Estados Unidos e no
exterior sobre o crescimento do alcance da NSA, que expandiu seus serviços de
vigilância na última década. Agentes americanos garantem que a NSA atua dentro
da lei.
Mais de 80 fundações e
ONGs americanas lançaram uma campanha para protestar contra o programa de
vigilância online. As organizações, entre elas a American Civil Liberties Union
(ACLU), as fundações World Wide Web e Mozilla, e o Greenpeace colocaram no ar o
site Stopwatching.us ("Parem de nos vigiar", em tradução livre) e
pediram ao Congresso que divulgue mais elementos sobre o vasto programa de
vigilância.
Obama disse que os
parlamentares americanos estavam informados sobre as atividades de espionagem
do governo, e afirmou que as conversas telefônicas dos americanos "não
estão sendo ouvidas" e que as salvaguardas constitucionais estão sendo
garantidas no processo de monitoramento.
Em 9 de agosto, o
presidente Obama, em entrevista, prometeu agir para que o Congresso mudasse as
medidas do Ato Patriota relativas ao monitoramento e manifestou preocupação com
a transparência e o respeito à privacidade.
O chefe da Agência de
Segurança Nacional, general Keith Alexander, disse que a revelação dos
programas de vigilância da inteligência dos EUA causou "dano
irreversível" à segurança nacional e ajudou os "inimigos da
América". Ele anunciou implementação de novas medidas de segurança para
impedir o vazamento de informações.
Após os vazamentos
relacionados a aliados europeus, no fim de outubro, a Casa Branca admitiu a
necessidade de "controles adicionais" sobre a atividade de coleta de
inteligência. Obama prometeu uma "revisão".
O diretor da inteligência
americana, James Clapper, disse no Congresso que os aliados também espionam os
EUA, e negou as acusações feitas pelos jornais europeus. Segundo o jornal
"Wall Street Journal", França e Espanha também ajudaram os EUA na espionagem. O "El País" afirmou que serviço de inteligência da Espanha transfere
periodicamente grandes quantidades de metadados pessoais, como a origem ou o
destino de chamadas telefônicas privadas, aos serviços de inteligência
americanos.
No dia 31 de outubro, o
secretário americano de Estado, John Kerry, admitiu que os Estados Unidos
"foram longe demais" em alguns casos de espionagem, mas justificou as
práticas de Inteligência e coleta de informações como parte da luta contra o
terrorismo e a prevenção de atentados. Kerry também pediu que líderes europeus
não deixem o escândalo da espionagem dificultar as negociações comerciais entre
a União Europeia e os Estados Unidos para a criação de uma zona de livre
comércio.
No mesmo dia, Obama
ordenou que a NSA parasse de espionar ocasionalmente as sedes do Fundo
Monetário Internacional e do Banco Mundial como parte de uma revisão das
atividades de coleta de informações.
Em dezembro, uma
autoridade da NSA informou que dezenas de mudanças foram feitas na agência para
impedir o surgimento de um "novo Edward Snowden", incluindo eventual
ação disciplinar. Ele reconheceu que o órgão teve uma má resposta para as
denúncias iniciais de espionagem.
A principal medida,
entretanto, foi anunciada em janeiro de 2014, quando o presidente Obama
anunciou que as agências de inteligência vão interromper a prática de espionar
as comunicações de dezenas de líderes internacionais considerados "amigos
e aliados" dos EUA.
Pouco depois, a NSA
confirmou que Snowden teve acesso a senha de colegas para acessar informações
que ele não estava autorizado a ver.
Na mesma época, em
entrevista a uma TV alemã, Snowden reiterou seu convencimento que os serviços
secretos dos EUA espionaram as empresas de vários países.
Em fevereiro de 2014, o
senador republicano Rand Paul, potencial pré-candidato presidencial às eleições
de 2016 nos EUA, apresentou uma denúncia contra o presidente Barack Obama pelo
programa de vigilância.
11 - Qual foi a polêmica
envolvendo Evo Morales?
Em meio às especulações
sobre o destino de Sowden, o avião do presidente da Bolívia, Evo Morales, foi
impedido, no dia 2 de julho, por Itália, Portugal, Espanha e França de aterrizar ou sobrevoar seus territórios devido à suspeita de que o ex-técnico
estivesse a bordo. Evo teve que pousar em Viena, e Snowden não foi achado na
aeronave. O incidente causou protestos de Morales, que afirmou não ser
criminoso.
O Conselho Permanente da
Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou no dia 9, por consenso, uma
resolução que condena o incidente envolvendo o avião boliviano. A OEA
condenaram as ações "claramente violatórias de normas e de princípios
básicos do Direito Internacional, como a inviolabilidade dos chefes de
Estado", destaca o comunicado lido pela Secretaria do organismo.
Evo aceitou as desculpas
apresentadas por França, Espanha, Itália e Portugal pelo episódio. Ele disse
que o mundo foi testemunha da violação da imunidade diplomática e reiterou que
se tratou de "ato de agressão arbitrária, colonial, nada amistosa,
humilhante e inaceitável".
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