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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Especial - As Vozes


Entenda o caso de Edward Snowden, que revelou espionagem dos EUA.
Procurado pelos Estados Unidos, ex-técnico da CIA obteve asilo da Rússia.
Caso gerou crise para o governo Obama e debate sobre privacidade online.

1 - Onde está Edward Snowden?
2 - Do que Snowden é acusado?
3 - Por que ele vazou os dados?
4 - Quem é Edward Snowden?
5 - "Guardian" e "Washington Post"
6 - Como o Brasil e Dilma foram espionados?
7 - Qual foi a reação do governo brasileiro?
8 - Quem é o brasileiro detido por lei antiterrorista?
9 - A União Europeia também foi monitorada?
10 - Qual é o debate nos Estados Unidos?
11 - Qual foi a polêmica envolvendo Evo Morales?

O ex-técnico da CIA Edward Snowden, de 29 anos, é acusado de espionagem por vazar informações sigilosas de segurança dos Estados Unidos e revelar em detalhes alguns dos programas de vigilância que o país usa para espionar a população americana – utilizando servidores de empresas como Google, Apple e Facebook – e vários países da Europa e da América Latina, entre eles o Brasil, inclusive fazendo o monitoramento de conversas da presidente Dilma Rousseff com seus principais assessores.
Oito meses após suas primeiras revelações, documentos vazados por ele continuam repercutindo em jornais ao redor do mundo, e novas informações sobre a espionagem de  presidentes e chanceleres de países da Europa foram reveladas.
Snowden teve acesso às informações que vazou para a imprensa quando prestava serviços terceirizados para a Agência de Segurança Nacional (NSA) no Havaí.


1 - Onde está Edward Snowden?
Ao procurar os jornais e entregar parte dos dados, Snowden deixou o estado do Havaí e foi primeiramente para Hong Kong, em 20 de maio, antes das primeiras reportagens. Em junho, os EUA pressionaram Hong Kong para responder ao pedido de extradição, visto que há um tratado de extradição em vigor desde 1998.
Em 23 de junho, avião com Snowden deixou Hong Kong para Moscou, na Rússia. A viagem foi feita com apoio do WikiLeaks, de Julian Assange, que enviou uma militante para ajudar o ex-técnico da CIA. O americano ficou na área de trânsito do aeroporto de Sheremetyevo por 40 dias, em um "limbo" jurídico, uma vez que não tinha documentos para entrar em território russo – seu passaporte havia sido revogado pelos Estados Unidos.
Snowden enviou pedido de asilo para 21 países, entre eles Brasil, Cuba, Venezuela, Bolívia, Nicarágua, China, Rússia, Alemanha e França, segundo o WikiLeaks. Três desses países se dispuseram a abrigá-lo – Venezuela, Bolívia e Nicarágua.
No dia 16 de julho, Snowden pediu asilo temporário oficialmente à Rússia. Em 1º de agosto, ele recebeu os documentos necessários e deixou a área de trânsito do aeroporto rumo a um "local seguro" em território russo.
Edward Snowden agradeceu à Rússia pela concessão de asilo temporário. A Casa Branca ficou "extremamente desapontada" com a decisão da Rússia e desmarcou um encontro de cúpula entre Obama e Putin, previsto para setembro. Segundo os EUA, a ação da Rússia "mina uma longa tradição de cooperação no cumprimento da lei".
Desde então, ele vive na Rússia em local desconhecido. Seu pai, Lon Snowden, foi visitá-lo em outubro.
No fim do mês, Snowden foi contratado por um dos princiais sites da Rússia para trabalhar como administrador. O nome da página não foi divulgado por razões de segurança.
Em janeiro de 2014, a Rússia anunciou que vai estender o período de asilo e não vai mandá-lo de volta aos EUA.
No fim do mesmo mês, sua assessora jurídica disse que ele pretende iniciar conversas com o procurador-geral norte-americano, Eric Holder, para negociar seu retorno aos EUA, mas só o fará com a garantia de anistia.

2 - Do que Snowden é acusado?
Em 13 de junho, o diretor do FBI, Robert Mueller, disse que estava iniciada uma investigação penal contra Snowden. Na semana seguinte, o governo americano apresentou as acusações criminais por espionagem, roubo e conversão de propriedade do governo.
Com as acusações na Justiça americana, o passaporte de Snowden foi anulado para barrar viagens internacionais do ex-ténico de segurança.
Em 26 de janeiro, em entrevista ao canal público alemão "ARD", Snowden disse temer sofrer algum atentado das autoridades americanas.
Dias depois, chefe da Direção de Inteligência Nacional dos EUA, James Clapper, pediu que Snowden devolvesse os documentos "roubados" da NSA", porque isso supõe "uma grave ameaça" à segurança nacional.

3 - Por que ele vazou os dados?
Ao se apresentar ao mundo, Edward Snowden disse que sentiu a obrigação de denunciar ao mundo, mesmo a um custo pessoal alto, os descomunais poderes de vigilância acumulados pelo governo dos EUA. 
Ele disse que poderia ter ficado anônimo, mas que sua mensagem teria mais ressonância se viesse de fonte identificada. "O público precisa decidir se esses programas e políticas são certos ou errados", disse Snowden ao The Guardian.
Ele disse que estava disposto a "aceitar qualquer risco" ao revelar os segredos e precisou deixar também a namorada com a qual morava. "Eu estou disposto a me sacrificar porque eu não posso, em sã consciência, deixar que o governo dos Estados Unidos destrua a privacidade, a liberdade de Internet e os direitos básicos de pessoas em todo o mundo, tudo em nome de um maciço serviço secreto de vigilância que eles estão desenvolvendo."
Após as denúncias de jornais de todo o mundo sobre a espionagem americana, Snowden ofereceu-se para cooperar com as autoridades alemãs para esclarecer "a verdade e a autenticidade dos documentos". A oferta foi feita em uma carta.
Após a oferta, o Kremelin afirmou que Snowden é livre para falar com quem quiser, mas que terá que pedir um novo asilo caso deixe a Rússia e queira retornar.
Em dezembro de 2013, Snowden afirmou em entrevista à revista "Time" esperar que os vazamentos de documentos classificados realizados por ele levem os governos a uma maior transparência.
No mesmo mês, em entrevista ao "Washington Post", ele considerou como uma "missão cumprida" o debate gerado após o vazamento de milhares de documentos secretos da inteligência americana.

4 - Quem é Edward Snowden?
Snowden largou a escola no ensino médio e tentou ser reservista do Exército antes de virar agente de segurança. 

Ele teve acesso às informações que vazou quando prestava serviços terceirizados para a Agência de Segurança Nacional (NSA) no Havaí. 

Antes de trabalhar lá, arrumou seu primeiro emprego na Universidade de Maryland, trabalhando em uma unidade secreta da NSA perto do campus. Passou então para a CIA, na segurança da tecnologia da informação, ascendendo rapidamente por causa dos seus conhecimentos sobre Internet e programação de software.
Em 2007, a CIA o deslocou sob fachada diplomática para Genebra, na Suíça, onde continuou trabalhando com segurança digital. Sua experiência nessa função e o trabalho ao lado de agentes da CIA gradualmente o levaram a questionar seu papel no governo.
Snowden tem certificado de hacker ético, segundo o jornal "The New York Times", documento concedido pela International Council of E-Commerce Consultants (EC-Council) enquanto o agente trabalhava na Dell, em 2010, contratado pela Agência de Segurança Nacional.
Segundo o site da entidade, um hacker ético é aquele que testa a segurança de redes e os sistemas de computadores para encontrar vulnerabilidades e brechas a fim de comunica-las às empresas, para que as repare.
A certificação consta no currículo enviado à Booz Allen Hamilton, onde trabalhava quando vazou as informações do programa Prism. Durante seus anos iniciais na CIA e na NSA, Snowden atuou como um hacker "defensivo", que tentava barrar ataques, e só depois passou à "ofensiva".

5 - Qual o papel da imprensa internacional?
No dia 5 de junho, o jornal britânico "The Guardian" publicou a primeira reportagem sobre os programas de espionagem, mostrando que a Agência Nacional de Segurança coleta dados sobre ligações telefônicas de milhões de americanos diariamente e que também acessa fotos, emails e videoconferências de internautas que usam os serviços de empresas americanas, como Google, Facebook e Skype.




A reportagem foi assinada pelo jornalista americano Glenn Greenwald - que posteriormente saiu do jornal e lançou um site onde prometeu divulgar mais novidades sobre o caso.
Em 7 de junho, o jornal americano "The Washington Post" também publicou dados entregues por Snowden, que detalham um programa de vigilância secreta que reunia equipes de inteligência da Microsoft, Facebook, Google e de outras empresas do Vale do Silício.




Em outubro, o jornal complementou as denúncias, afirmando que a Agência Nacional de Segurança (NSA) invadiu em segredo links de comunicação que conectam data centers do Yahoo e do Google ao redor do mundo, e teve acesso assim a dados de centenas de milhares de contas de usuários
No dia 9 do mesmo mês, em entrevista ao "The Guardian", a identidade do responsável pelo vazamento foi revelada.

"Não tenho nenhuma intenção de me esconder porque sei que não fiz nada de errado", disse Snowden.
Em 31 de julho, o "Guardian" publicou nova reportagem, mostrando que um sistema de vigilância secreto conhecido como XKeyscore permite à inteligência dos EUA supervisionar "quase tudo o que um usuário típico faz na Internet". O sistema seria o de maior amplitude operado pela agência nacional de segurança americana.
No fim de outubro, o "Washington Post" revelou que a NSA invadiu em segredo links de comunicação que conectam data centers do Yahoo e do Google ao redor do mundo, e teve acesso assim a dados de centenas de milhares de contas de usuários. O chairman do Google, Eric Schmidt, disse que denúncia é ultrajante e potencialmente ilegal se for verdade.
Em dezembro, o jornal americano voltou a fazer revelações, informando em reportagem que os EUA monitoram diariamente a geolocalização de centenas de milhões de celulares no planeta.
Após os dois jornais realizarem as primeiras revelações, outras publicações de países como França, Alemanha e até mesmo o Brasil publicaram reportagens com mais vazamentos de Snowden.
Em janeiro de 2014, o jornal "The New York Times" publicou um editorial defendendo Snowden e pedindo clemência para ele.



No mesmo mês, novos documentos revelaram que a NSA e a agência GCHQ, do Reino Unido, desenvolveram ferramentas para explorar brechas presentes em aplicativos para celulares, como o popular “Angry Birds”, para espionar os dados dos usuários transmitidos pela internet. Os criadores do jogo negaram ter colaborado de qualquer maneira com a NSA.
Ainda em janeiro, um novo documento de snowden, divulgado pelo "The Huffington Post", apontou que a NSA monitorou as comunicações de outros governos antes e durante a Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas em 2009.

6 - Como o Brasil e Dilma foram espionados?
Reportagens do jornal "O Globo" publicadas a partir de 6 de julho, com dados coletados por Snowden, mostraram que milhões de e-mails e ligações de brasileiros e estrangeiros em trânsito no país foram monitorados. 

Ainda segundo os documentos, uma estação de espionagem da NSA funcionou em Brasília pelo menos até 2002. 

Os dados apontam ainda que a embaixada do Brasil em Washington e a representação na ONU, em Nova York, também podem ter sido monitoradas.
Outros países da América Latina também são monitorados, segundo os dados. De acordo com o jornal, situações similares ocorrem no México, Venezuela, Argentina, Colômbia e Equador. O interesse dos EUA não seria apenas em assunto militares, mas também em relação ao petróleo e à produção de energia.
A revista "Época" também publicou reportagem sobre documento secreto que revela como os Estados Unidos espionaram ao menos oito países – entre eles o Brasil – para aprovar sanções contra o Irã.
No dia 1º de setembro, o "Fantástico" exibiu reportagem com base em documentos obtidos com exclusividade. (Achei melhor colocar o especial da GloboNews no programa Milênio Especial por ser mais completa). 





Os arquivos classificados como ultrassecretos, que fazem parte de uma apresentação interna da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, mostram a presidente Dilma Roussef, e o que seriam seus principais assessores, como alvo direto de espionagem da NSA. Um código indica isso.
Em novembro, foi revelado que o governo brasileiro monitorou as atividades de diplomatas da Rússia, do Irã e do Iraque em 2003 e 2004, época do governo Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que o tipo de espionagem praticada pelo Brasil e aquela que, segundo denúncias, é feita pelos Estados Unidos, são “completamente diferentes”.

7 - Qual foi a reação do governo brasileiro?
O Brasil recebeu com "grave preocupação" a notícia. Em 7 de julho, o então ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse que o governo solicitaria esclarecimentos aos EUA e ao embaixador americano no Brasil. 

Questionado sobre as denúncias, o governo americano afirmou que não discutirá questões publicamente, mas intramuros diretamente com a estrutura diplomática do país.
O vice-presidente americano, Joe Biden, telefonou no dia 19 para Dilma Rousseff para dar explicações sobre as denúncias de espionagem de cidadãos e instituições brasileiras, disse que lamentava a repercussão negativa e reiterou a disposição do governo americano de dar "informações complementares sobre o tema".
Em 12 de julho, Dilma Rousseff disse, durante cúpula do Mercosul no Uruguai, que o bloco deve adotar "medidas cabíveis pertinentes" para evitar a repetição dos episódios. 

Ela disse que a segurança do país e a privacidade dos cidadãos e empresas devem ser preservadas.
Após reportagem do "Fanástico", o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, afirmou no dia 2 de setembro que, se comprovados, os atos de espionagem dos EUA sobre a presidente Dilma Rousseff  são "inadmissíveis" e "inaceitáveis".
No dia 3 de setembro, foi instalada no Senado Federal uma CPI que investigará denúncias de espionagem pelos Estados Unidos a e-mails, telefonemas e dados digitais no Brasil.
Durante a 68ª Assembleia-Geral das Nações Unidas em Nova York, Dilma disse em discurso que as ações de espionagem dos Estados Unidos no Brasil “ferem” o direito internacional e “afrontam” os princípios que regem a relação entre os países. Ela também cancelou uma visita de estado que faria aos EUA em outubro e pediu satisfações para Obama. Os dois presidentes conversaram na ocasião e um pouco antes, durante a cúpula do G-20.
A Polícia Federal abriu um inquérito e quer que sejam ouvidos fora do país os presidentes mundiais das empresas Yahoo, Microsoft, Google, Facebook e Apple - que forneceram informações para o governo dos EUA. A PF também pediu acesso ao interrogatório de Snowden.
Em novembro, os governos de Brasil e Alemanha apresentaram à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) uma proposta que prevê regras para garantir o “direito à privacidade” na era digital.
Em dezembro, em um texto publicado pelo jornal “Folha de S. Paulo” intitulado “Carta Aberta ao Povo do Brasil”, Snowden disse que a Casa Branca iria continuar interferindo em sua "capacidade de falar" até que ele obtenha um asilo permanente de algum país. 

No texto, ele sugeriu que, se obtivesse o benefício no Brasil, pode auxiliar o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional a investigarem a espionagem de Washington a cidadãos, autoridades e empresas brasileiras.
Em resposta, a presidente Dilma Rousseff disse que não se manifestaria sobre o interesse de Snowden de obter asilo no Brasil e que não interpretaria a carta.
Em janeiro de 2013, o ministro de Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, foi a Washington para discutir os casos de espionagem com a conselheira nacional de Segurança dos Estados Unidos, Susan Rice. Ele disse ter saído "igual" do encontro e informou que as explicações dadas serão analisadas pelo governo brasileiro.

8 - Quem é o brasileiro detido por lei antiterrorista?
Em 18 de agosto, o brasileiro David Miranda, de 28 anos, ficou detido por quase nove horas por oficiais da Scotland Yard no aeroporto de Heathrow, em Londres, quando tentava voltar ao Rio, onde mora. Ele é companheiro de Glenn Greenwald, jornalista americano que revelou a estratégia de espionagem eletrônica do governo dos Estados Unidos.
O jornalista disse que, se as autoridades britânicas tinham a intenção de intimidá-lo, agora mesmo é que ele vai publicar ainda mais documentos e informações sobre espionagens. O Itamaraty se manifestou sobre o ocorrido e classificou o ato como "injustificável". Segundo o "Guardian", a Scotland Yard se recusou a comentar quais motivos levaram seus oficiais a parar Miranda.
Em novembro, autoridades britânicas afirmaram que o parceiro do jornalista Glenn Greenwald estava envolvido com "terrorismo" quando foi preso.
Em janeiro de 2013, Miranda, autor de uma campanha em favor da concessão de asilo político a Snowden no Brasil, disse que pretende buscar apoio político no Congresso a partir de fevereiro para levar um pedido formal à presidente Dilma Rousseff.

9 - A União Europeia também foi monitorada?
Três semanas após a divulgação dos primeiros dados, a revista alemã "Der Spiegel" publicou reportagem afirmando que a União Europeia era um dos "objetivos" da Agência Nacional de Segurança (NSA). A publicação sustentou as acusações com documentos confidenciais a que teve acesso graças às revelações do ex-funcionário americano.
Da mesma maneira também foi vigiada a representação da UE na ONU, segundo os dados, nos quais os europeus são classificados de "objetivos a atacar". Em 2003, a UE confirmou a descoberta de um sistema de escutas telefônicas nos escritórios de vários países, incluindo Espanha, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Áustria e Itália.
Em 30 de junho, o presidente do Parlamento Europeu (órgão legislativo da União Europeia), Martin Schulz, exigiu dos Estados Unidos que esclareça se espionou a União Europeia (UE). Em resposta, a Direção Nacional de Inteligência (ODNI) afirmou que os EUA responderiam através da via diplomática ao pedido de explicações.
Ao longo do mês de outubro, novas revelações sobre espionagens feitas pelos EUA (e também pelo Reino Unido) contra chefes de estado europeus vieram à tona. 

Alemanha, Itália, e França tiveram seus presidentes e chanceleres espionados, segundo documentos revelados pelas imprensas locais. Os países pediram satisfações aos EUA e convocaram os embaixadores americanos em seus territórios.


Líderes da União Europeia divulgaram um comunicado no dia 25 de outubro dizendo que a desconfiança sobre o esquema de espionagem dos Estados Unidos poderá prejudicar os esforços mundiais no combate ao terrorismo. 

A declaração foi dada após o jornal "Guardian" revelear que 35 líderes mundiais tiveram conversas telefônicas monitoradas.
Um deles foi a chanceler alemã Angela Merkel, que exigiu explicações e disse que que "amigo não espiona amigo". 

O jornal "Bild am Sonntag" afirmou que Obama sabia da espionagem contra Merkel desde 2010. 

O governo dos EUA negou, e o diretor da NSA garantiu que Obama não sabia do programa. Logo depois, o jornal "Wall Street Journal" afirmou em reportagem que Obama cancelou o monitoramento de Merkel logo após saber da espionagem - o que teria ocorrido em meados de 2013.
O presidente francês, François Hollande - que também foi espionado, segundo os documentos - disse que as revelações de Snowden poderão "finalmente ser úteis", conduzindo a uma "melhor eficiência" dos serviços de Inteligência e a mais proteção da privacidade dos cidadãos.
França e Alemanha lançaram uma iniciativa conjunta para exigir dos Estados Unidos discussões sobre o assunto até o final do ano.
Nove membros da comissão de Liberdades Civis do Parlamento Europeu (PE) anunciaram uma viagem aos EUA para coletar informações sobre a suposta espionagem e analisar com as autoridades americanas o impacto de seus programas de vigilância sobre os direitos fundamentais dos europeus.
Em meio aos escândalos, Lisa Monaco, conselheira de Obama em segurança interior e luta antiterrorista, admitiu em um artigo publicado no jornal "USA Today" que o programa de vigilância do país criou tensões consideráveis com alguns de seus sócios mais próximos, mas garantiu que suas atividades são legítimas.
No dia 28 de outubro, o jornal espanhol "El Mundo" revelou que mais de 60 milhões de ligações na Espanha foram monitoradas em um período de 30 dias. O governo espanhol convocou o embaixador dos EUA no país para dar explicações.
No dia 30, uma publicação italiana revelou que o Vaticano e o Papa Francisco também teriam sido monitorados, inclusive durante o conclave que elegeu o Papa. Os EUA negaram as acusações.


Até a China passou a cobrar explicações dos norte-americanos, após a imprensa australiana revelar que os EUA usavam suas representações diplomáticas na China para coletar dados sobre o país. A Indonésia também teria sido espionada por meio de embaixadas australianas.

10 - Qual é o debate nos Estados Unidos?
A informação a respeito dos serviços secretos desencadeou interminável debate nos Estados Unidos e no exterior sobre o crescimento do alcance da NSA, que expandiu seus serviços de vigilância na última década. Agentes americanos garantem que a NSA atua dentro da lei.
Mais de 80 fundações e ONGs americanas lançaram uma campanha para protestar contra o programa de vigilância online. As organizações, entre elas a American Civil Liberties Union (ACLU), as fundações World Wide Web e Mozilla, e o Greenpeace colocaram no ar o site Stopwatching.us ("Parem de nos vigiar", em tradução livre) e pediram ao Congresso que divulgue mais elementos sobre o vasto programa de vigilância.




Obama disse que os parlamentares americanos estavam informados sobre as atividades de espionagem do governo, e afirmou que as conversas telefônicas dos americanos "não estão sendo ouvidas" e que as salvaguardas constitucionais estão sendo garantidas no processo de monitoramento.
Em 9 de agosto, o presidente Obama, em entrevista, prometeu agir para que o Congresso mudasse as medidas do Ato Patriota relativas ao monitoramento e manifestou preocupação com a transparência e o respeito à privacidade.
O chefe da Agência de Segurança Nacional, general Keith Alexander, disse que a revelação dos programas de vigilância da inteligência dos EUA causou "dano irreversível" à segurança nacional e ajudou os "inimigos da América". Ele anunciou implementação de novas medidas de segurança para impedir o vazamento de informações.
Após os vazamentos relacionados a aliados europeus, no fim de outubro, a Casa Branca admitiu a necessidade de "controles adicionais" sobre a atividade de coleta de inteligência. Obama prometeu uma "revisão".
O diretor da inteligência americana, James Clapper, disse no Congresso que os aliados também espionam os EUA, e negou as acusações feitas pelos jornais europeus. Segundo o jornal "Wall Street Journal", França e Espanha também ajudaram os EUA na espionagem. 

O "El País" afirmou que serviço de inteligência da Espanha transfere periodicamente grandes quantidades de metadados pessoais, como a origem ou o destino de chamadas telefônicas privadas, aos serviços de inteligência americanos.
No dia 31 de outubro, o secretário americano de Estado, John Kerry, admitiu que os Estados Unidos "foram longe demais" em alguns casos de espionagem, mas justificou as práticas de Inteligência e coleta de informações como parte da luta contra o terrorismo e a prevenção de atentados. Kerry também pediu que líderes europeus não deixem o escândalo da espionagem dificultar as negociações comerciais entre a União Europeia e os Estados Unidos para a criação de uma zona de livre comércio.
No mesmo dia, Obama ordenou que a NSA parasse de espionar ocasionalmente as sedes do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial como parte de uma revisão das atividades de coleta de informações.
Em dezembro, uma autoridade da NSA informou que dezenas de mudanças foram feitas na agência para impedir o surgimento de um "novo Edward Snowden", incluindo eventual ação disciplinar. Ele reconheceu que o órgão teve uma má resposta para as denúncias iniciais de espionagem.
A principal medida, entretanto, foi anunciada em janeiro de 2014, quando o presidente Obama anunciou que as agências de inteligência vão interromper a prática de espionar as comunicações de dezenas de líderes internacionais considerados "amigos e aliados" dos EUA.
Pouco depois, a NSA confirmou que Snowden teve acesso a senha de colegas para acessar informações que ele não estava autorizado a ver.
Na mesma época, em entrevista a uma TV alemã, Snowden reiterou seu convencimento que os serviços secretos dos EUA espionaram as empresas de vários países.
Em fevereiro de 2014, o senador republicano Rand Paul, potencial pré-candidato presidencial às eleições de 2016 nos EUA, apresentou uma denúncia contra o presidente Barack Obama pelo programa de vigilância.

11 - Qual foi a polêmica envolvendo Evo Morales?
Em meio às especulações sobre o destino de Sowden, o avião do presidente da Bolívia, Evo Morales, foi impedido, no dia 2 de julho, por Itália, Portugal, Espanha e França de aterrizar ou sobrevoar seus territórios devido à suspeita de que o ex-técnico estivesse a bordo. Evo teve que pousar em Viena, e Snowden não foi achado na aeronave. 

O incidente causou protestos de Morales, que afirmou não ser criminoso.


O Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou no dia 9, por consenso, uma resolução que condena o incidente envolvendo o avião boliviano. A OEA condenaram as ações "claramente violatórias de normas e de princípios básicos do Direito Internacional, como a inviolabilidade dos chefes de Estado", destaca o comunicado lido pela Secretaria do organismo.
Evo aceitou as desculpas apresentadas por França, Espanha, Itália e Portugal pelo episódio. Ele disse que o mundo foi testemunha da violação da imunidade diplomática e reiterou que se tratou de "ato de agressão arbitrária, colonial, nada amistosa, humilhante e inaceitável".

post: Marcelo Ferla
fonte: G1.globo.com

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