Irmão de jovem presa por
tentar ver vôlei masculino no Irã consegue meio milhão de assinaturas.
Petição
on-line pede a libertação Ghoncheh Ghavami, na prisão já há três meses
POR
BERNARDO TABAK
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Ghoncheh Ghavami foi presa com outras 30 mulheres. |
Três meses após a prisão
de Ghoncheh Ghavami, uma britânico-iraniana de 25 anos detida ao tentar
assistir a uma partida entre as seleções masculinas de vôlei de Irã e Itália,
em Teerã, o irmão da jovem, Iman Ghavami, conseguiu quase meio milhão de
assinaturas pedindo sua libertação. A informação é da ONG Change.Org.
No dia 20 de junho,
Ghoncheh foi assistir à partida, válida pela Liga Mundial. Mas, em vez de
torcer e incentivar a equipe do seu país, ela e outras jovens terminaram
presas, ironicamente, na entrada do Ginásio Liberdade.
No Irã, mulheres são
proibidas de frequentar grandes eventos esportivos, entre outros impedimentos.
Fã de vôlei, Ghoncheh
estuda Direito em Londres e estava passando uns meses em Teerã. Lá, soube do
jogo.
— Ano passado, o Irã
acordou com a Liga Mundial que mulheres pudessem assistir aos jogos. Minha irmã
pensou que estava tudo bem — conta Iman ao GLOBO. — Ela e mais 30 mulheres
foram presas, talvez mais.
Iman, que também mora em
Londres, onde se formou em Medicina Genética, explica que ele e a irmã têm
dupla cidadania, já que a mãe é britânica e o pai, iraniano.
Ele acredita que
isso pode ter sido a razão da prisão.
— Minha irmã e as outras
foram soltas. Mas, uma semana depois, ao ir à delegacia prestar depoimento, foi
presa de novo, ao perceberem o passaporte britânico. Mas realmente não sei se
foi por isso. É difícil compreender. Não faz sentido — conta ele. — Somente
agora, três meses depois, informaram que Ghoncheh foi presa por “propaganda
contra o regime”. Após quatro visitas, meus pais foram impedidos de vê-la.
Estão arrasados.
Com o abaixo-assinado,
Iman já conseguiu a publicação da história em jornais de vários países, como
EUA, Reino Unido, Alemanha, Holanda e Itália. E nesta semana, num encontro
histórico, que não ocorria desde a Revolução Iraniana, em 1979, o premier
britânico, David Cameron, falou sobre a prisão de Ghoncheh com o presidente do
Irã, Hassan Rouhan. Os dois se encontraram em Nova York, durante a abertura da
69ª Assembleia Geral da ONU.
Iman também foi para a
cidade americana, onde tentou entregar as assinaturas à delegação iraniana, e
ao consulado do país. Ambas as tentativas em vão. Apesar de animado pela
intervenção de Cameron, ele sabe que nada mais resta a não ser esperar.
— É um apoio de peso.
Espero que algo seja feito nos bastidores — disse Iman. — Pessoas são presas
sem explicação no Irã. Ela está confinada em semissolitária, sofrendo pressão
psicológica, sem saber se vai sair. Amanhã, volto a Londres, para mais
entrevistas, e ver o que acontece.
post: Marcelo Ferla
fonte: O Globo
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