A questão do aeroporto
construído, em Minas Gerais, dentro de uma fazenda da família do candidato
Aécio Neves continua nas manchetes.
Não há vôos comerciais e,
em média, há apenas um pouso e uma decolagem por semana.
Na Folha de SP, Elio
Gaspari lembra que situações desse tipo afloram em campanhas eleitorais, e a
maneira como os candidatos lidam com elas instrui o julgamento que se faz
deles.
Em O Globo o assunto não
mereceu muita atenção: apareceu em curta nota numa página par, o que mostra
desprezo da editoria acerca do tema. No texto, Aécio acusa o PT de estar por
trás da denúncia.
Há também notícia de dois
pareceres afirmando a legalidade da empreitada. São assinados pelos
ex-ministros do STF Carlos Velloso e Carlos Ayres Brito.
A construção do aeródromo
da cidade de Cláudio (MG), em terreno de parentes do presidenciável Aécio Neves
(PSDB), já vem sendo questionada pelo Ministério Público Estadual (MPE) de
Minas desde 2001. Segundo o MPE, a primeira versão da obra, que resultou numa
pista de chão batido, foi feita com dinheiro público nas terras particulares de
Múcio Tolentino, tio de Aécio, sem que houvesse desapropriação ou licitação
pública para escolha do local.
A pista de terra foi feita
em 1983, quando o ex-presidente Tancredo Neves governou Minas Gerais.
Nessa época, Tolentino era
prefeito de Cláudio e dono do terreno, o mesmo que foi desapropriado em 2008,
no segundo mandato de Aécio, e que voltou a ser alvo de investigação do MPE.
Tolentino figura como réu em ação civil pública de improbidade administrativa
acusado de ter se beneficiado de verbas públicas para fins particulares.
Um convênio do extinto
Banco Bemge com a prefeitura de Cláudio possibilitou a transferência das verbas
públicas. Não houve licitação pública para escolher o terreno. Como Tancredo
morreu antes da ação, proposta pelo promotor de Justiça Thales Tácito, na época
da comarca de Cláudio, nenhum agente público do Estado foi responsabilizado.
Anteontem (23) a juíza Marcilene da Conceição Miranda, da comarca local,
determinou a intimação de peritos.
Na ação civil, o MPE pediu
o bloqueio de bens de Múcio, inclusive da fazenda do aeroporto, a quebra de
sigilo bancário e a condenação do ex-prefeito por improbidade, além do
ressarcimento de danos.
O que me chama demais atenção é a parte de o jornal O Globo não ter dado ênfase ao assunto da maneira como este merece, eis que nos encontramos em ano eleitoral e toda e qualquer informação de todo e qualquer candidato a todo e qualquer cargo público que caracterize corrupção e improbidade administrativa, ou melhor ainda, "mão grande", deve ser vastamente enfatizado.
Não digo com isto que a Rede Globo de televisão está contra Dilma e a favor de Aécio, mas me parece um sinal estranho.
Sempre gosto de recordar
quando falo em um assusto deste do episódio do Impeachment de Fernando Collor,
o candidato que ganhou as eleições à presidência com apoio avassalador da
emissora que depois, da mesma forma que o colocou lá o retirou em decorrência
da derrocada do mandado do homem do Kung-fu fazendo com que a nação pintasse
seus rostos e fossem em marcha firme até o palácio do tirano, tudo isto,
demonstrando que a emissora agia nesse momento como aquele jogador que apostou
e perdeu, mas que por ser o dono do jogo ou um dos corrigiu o erro de uma
aposta mal fadada, Collor.
Marcelo Ferla
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