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quarta-feira, 5 de março de 2014

Cinema.


TOY STORY: A TRILOGIA DO INFINITO E MAIS ALÉM
publicado por marisa figueiredo
No mundo da infância há soldadinhos e dinossauros, cães de brincar, extraterrestres. Há senhores “cabeça-de-batata” e porquinhos-mealheiro. Nas brincadeiras que o tempo levou uma vez, para não mais devolver, há histórias de aventuras e comboios, heróis, mocinhas e vilões. Há também um Woody e um Buzz Lightyear. E uma trilogia de animação que mudou para sempre a ideia que temos do nosso baú poeirento, onde estão guardados velhos brinquedos.


Em 1995, o filme Toy Story mudou para sempre a face do cinema de animação. Foi a primeira longa-metragem a ser feita totalmente em computação gráfica e o primeiro filho do casamento Disney/Pixar. Os desenhos clássicos a traço simples da Disney ganharam corpo e uma nova estética. E, desde então, os estúdios Pixar não pararam mais de surpreender.
Porém, a magia da história sobre brinquedos que ganham vida assim que as crianças viram costas está muito além do dinamismo gráfico. O cowboy Woody e o astronauta Buzz Lightyear tomam o lugar dos nossos amigos de infância, aqueles primeiros brinquedos de quem nunca nos separávamos e a quem contávamos os mais tolos segredos.
Para as crianças, Toy Story abre a possibilidade encantada da uma vida secreta entre brinquedos. E motiva a vontade de espreitar devagarinho na frincha da porta, escutando possíveis conversas entre a Barbie e o ursinho de peluche. Para os adultos, o filme transporta uma estranha melancolia da infância que se perdeu um dia, sem avisos, acompanhada da imaginação do improvável.
Ambos, crianças e menos crianças, começam a ver o mundo pelos olhos de um grupo de brinquedos. Um mundo onde os cães podem ser um inimigo terrível e os natais trazem a ameaça de brinquedos mais modernos. Afinal, qual a pior coisa para um brinquedo do que ser substituído?


Toy Story tem aqui o ponto de partida para uma narrativa épica de aventuras. Um cowboy quase obsoleto, com um cordão preso nas costas, vê o seu lugar de brinquedo preferido posto em causa por um astronauta modernaço e espalhafatoso. Que, ainda por cima, sabe voar ou, pelo menos, «cair com estilo». A insegurança pelo amor de Andy, a criança, dá lugar a uma rivalidade hilariante, aguçada pelo facto de Buzz nem sequer ter consciência de que é um brinquedo e não um astronauta de verdade.
De um pequeno acidente a uma operação de salvamento, Woody começa a demonstrar de que fibra se fazem os grandes heróis, mesmo os de plástico e pano. Apenas é preciso coragem q.b., uma mão-cheia de lealdade e, a compor, um chapéu de cowboy que nunca é deixado para trás. Enquanto isso, o espectador torce para que os dois rivais, agora amigos, consigam encontrar de novo a criança que enche de significado as suas existências.
Quatro anos depois, surge a sequela e, em 2010, o filme que termina uma das trilogias mais comoventes do cinema. Em Toy Story 3, todos os brinquedos já estão arrumados num baú, enquanto Andy se prepara para começar a faculdade. Uma nova etapa tanto para o adolescente, como para as figuras semi-humanas que ainda sonham com uma última brincadeira.
O hiato de 15 anos permite que as crianças que ainda brincavam com os seus astronautas e cowboys na estreia de Toy Story sejam agora jovens adultos, com os brinquedos guardados num canto qualquer da casa e esquecidos da memória. Voltar a ver Woody e Buzz é, assim, voltar à lembrança esquecida. Até porque é do esquecimento e de novas etapas que esta última narrativa se compõe.
A animação está, naturalmente, melhor do que nunca. E a coerência das três partes desta epopeia dos bonecos fecha uma história que, embora com alguns momentos menos conseguidos, manteve sempre jogo de cintura para fazer rir e emocionar. Característica difícil de encontrar noutras sequelas de grandes sucessos de bilheteira.


É claro que nem tudo é magia inocente em Toy Story. A Disney precisava de voltar às grandes receitas de merchandising - e que fórmula melhor do que dar destaque a um conjunto de brinquedos falantes, que poderiam ganhar forma em prateleiras de lojas? Além disso, os traços clássicos da Disney precisavam de se reinventar numa era de computadores.
Mas tudo isto passa para segundo plano nas primeiras cenas do filme, seja ele o Toy Story 1, 2 ou 3. Neste último, os ursinhos cor-de-rosa de cheiro a morango são os vilões maquiavélicos e o Ken é o brinquedo mais metrossexual que se possa imaginar (ok, talvez esta última parte já pudéssemos suspeitar). Já os brinquedos de Andy continuarão a provar porque é que figuras de plástico podem parecer mais humanas do que muitas pessoas de carne e osso.
O filme ganhou o Óscar de Melhor Longa-Metragem de Animação e consegue fechar com chave-de-ouro as aventuras de Woody e Buzz. Que melhor final para duas personagens que nos recordam, há 15 anos, a magia de ser criança? O melhor mesmo é celebrar a melancolia feliz trazida por Toy Story e abrir aquele velho baú. 

Quem sabe se não encontra um melhor amigo perdido por lá?


Marcelo Ferla

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