Apesar de proibição,
cigarro eletrônico se dissemina em São Paulo
CHICO FELITTI
ELVIS PEREIRA
REGIANE TEIXEIRA
Há uma nuvem sobre São
Paulo. Ela sai do cigarro eletrônico, engenhoca criada para substituir a queima
de tabaco e cuja venda e importação são proibidas no país em razão das
incertezas de seus efeitos na saúde. Mesmo assim, já pode ser visto sendo
utilizado em restaurantes, bares e baladas da cidade.
"Fumo em todo lugar
desde que trouxe de Los Angeles, há um ano", diz a empresária Cristina
Nabil, 53, com um modelo da marca americana Blu em punho. "Aprendi lá que
não faz mal para quem está perto, então é OK fumar num restaurante."
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Redatora publicitária Carla Cortegoso, 27, levou seu cigarro eletrônico para uma noitada, a pedido da Folha; na foto, ela o utiliza em bar da Vila Madalena, na zona oeste. |
Não é bem assim. Há poucos
estudos realizados. Em um deles, efetuado há seis meses nos Estados Unidos,
mostra que o vapor emitido contém substâncias cancerígenas, ainda que em
quantidades menores em relação ao cigarro comum.
Seja como for, Nabil diz
ter convencido as duas melhores amigas a aderirem à novidade, com a qual nunca
passou por problemas. A não ser uma vez, quando funcionários de uma loja de
bolsas na rua Oscar Freire, zona oeste, pediram que apagasse a geringonça ou
saísse para fumar.
"Respondi que não era
apagar, e sim desligar, e que em Paris sempre compro fumando. Não adiantou. Ê,
Brasil!" Saiu da loja na promessa de "nunca mais voltar".
O DJ Flavio Romão, 33,
ficou quatro meses em lua de mel com o seu modelo, comprado em Nova York.
"Optei por causa da saúde. E melhorou: não tive pigarro nem fiquei
passando mal por fumar muito."
Retornou ao cigarro de
papel faz pouco por não achar no país o líquido com nicotina necessário para a
recarga de sua máquina. Romão diz que, no período, fumou em baladas em
Pinheiros e no centro. "Usei tranquilo, ninguém me encheu."
Para o empresário Anderson
Ribeiro, 35, o "e-fumo" foi um degrau entre o vício e a abstinência.
"Comecei a usar e acabei largando o normal." Ele diz que, sem a
obrigação de "matar" um cigarro inteiro a cada vez que fumava,
diminuiu a quantidade aos poucos.
A coordenadora da área de
cardiologia do Programa de Tratamento do Tabagismo do InCor, Jaqueline Scholz
Issa, é entusiasta do uso do cigarro eletrônico como uma terapia de redução de
danos.
"É um produto para o
indivíduo que não consegue parar de fumar ter um cigarro menos tóxico. Mas, por
conter nicotina, não é uma forma de tratar a dependência." A médica, no
entanto, pondera: "Mesmo com concentrações menores, não é possível avaliar
o impacto disso na saúde".
Com a capacidade de levar
nicotina ao cérebro de maneira rápida, os eletrônicos funcionam como um cigarro
comum. Porém, sem a combustão do tabaco e substâncias químicas, como o
alcatrão.
A falta de certezas produz
situações delicadas. Quando ainda fumava o eletrônico, Anderson Ribeiro foi
repreendido em alguns lugares. "Tem gente que fica ofendidíssima. É como
se eu estivesse violando o espaço que os não-fumantes conquistaram", diz
ele.
"Agora, entro no
shopping fumando Blu e ninguém pode falar nada. Parece uma caneta e [os
seguranças] não sacaram", conta a artista plástica Patricia Mariani, 56.
Ela ganhou o eletrônico da filha neste mês. E o objetivo, ressalta, é reduzir o
consumo do cigarro tradicional.
Blog: Ao ler a matéria acima e, em sendo filho de um ex fumante e de uma fumante, não vejo utilidade nenhuma na geringonça, salvo a ilusão de que se está fazendo algo politicamente mais correto para a saúde do fumante digital.
O cigarro, assim como o álcool, são duas das drogas lícitas que não dão chance de meio termo no tratamento de sua abstinência, devem ser combatidos pelos seus usuários de forma implacável, no tudo ou nada, se deve parar de vez e não ficar inventando modices importadas e caras que possuem uma das principais substâncias viciantes, a nicotina e, desta forma, mantem o vício tão ligado quanto o cigarrinho do robô.
post: Marcelo Ferla
fonte: folha.com.br
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