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segunda-feira, 24 de maio de 2010

Parem...



 
















Bombeiros se emocionam após acharem o corpo de uma criança, durante buscas no Morro dos Prazeres.



8.4.10


Parem…



Santa Catarina – novembro de 2008 – 60 cidades afetadas, 1,5 milhões de pessoas direta ou indiretamente atingidas, 135 mortes, 02 desaparecidos, 9.398 pessoas forçadas a deixar suas casas, 5.617 desabrigados, 150 mil habitantes sem luz, racionamento de água em todo o Estado;

Angra dos Reis – 50 mortos, 4.366 famílias desalojadas, 1.093 interdições em casas com risco de desabamento desde 30 de dezembro de 2009;

Rio de Janeiro – até o presente momento, se tem 161 mortos, mais de 14 mil desalojados  e o número pode aumentar ainda…

As informações acima colocadas são relativas às ultimas três grandes tragédias que atingiram o nosso país no que se refere a catástrofes decorrentes de fenômenos naturais, aqui no caso, o excesso de chuvas ocorridas desproporcionalmente em um determinado período de tempo, o que resulta em infindáveis prejuízos tanto materiais quanto humanos nos locais atingidos por este fenômeno.

Mais algo além destas tragédias, catástrofes ou como queiram chamar, algo que não possui nenhuma, mais absolutamente nenhuma explicação ou justificativa, se dá em relação ao motivo o qual fez com que nestas catástrofes, vidas fossem “soterradas” ou “afogadas” em desespero, dor, perda e impotência daqueles que ficam e perdem familiares ou pertences nesses trágicos acontecimentos. Refiro-me em um primeiro momento à irresponsabilidade humana.

Sim, uma única palavra, a primeira, que move o motor propulsor de todos esses acontecimentos, a "irresponsabilidade" daqueles que possuem maior instrução a respeito do assunto, aqueles que detêm o poder de decidir se deve ou não ocorrer um investimento na estruturação por meio de uma melhor urbanização das cidades, para que assim, essas possam abrigar com mais infra-estrutura e segurança os seus moradores que lá nestes locais residem porque amam estes lugares e porque lá se encontra tudo que eles possuem e tudo que diz respeito as suas vidas, os governantes, o povo, todos nós, irresponsáveis.

O carioca ou o catarinense ou qualquer outro brasileiro que não possui condições de viver de forma digna, entenda-se por digna, em locais que possuam uma urbanização adequada com água, esgoto, iluminação, meio de transporte adequado e que principalmente seja um local para moradia legalizada e que tenha passado por uma fiscalização descente que resulte, posteriormente, na liberação de um determinado local para a construção de casas, ou seja, um local habitável pelo homem, morador daquele Estado, onde não haja paredões naturais que formam morros, morros estes que ao invés de marcas belas da natureza local, são amontoados de casas como se fosse um verdadeiro formigueiro ou um cupinzeiro humano prestes a cair golpeados pela língua de um tamanduá bandeira, onde não se tenha montanhas, verdadeiras gangorras de lixo, detritos de toda a natureza,  e aí não só a culpa dos governantes e, principalmente barro, areia ou terra fina, materiais estes de fácil deterioração e por conseqüência de fácil geração de desmoronamentos.

No que se refere ainda à ocupação das inúmeras encostas que fazem parte do cenário natural apresentado pela cidade do Rio de Janeiro, é pacifico o entendimento de especialistas das mais variadas áreas de pesquisa de que estas jamais podem ser locais para fins de habitação.

Mais já que isto ocorre, acertadas são as colocações a respeito do assunto do pesquisador da UFRJ, Moacyr Duarte, especialista em enchentes, em entrevista concedida via telefone para um canal na internet, na qual este menciona a necessidade de que cada comunidade ou local com estas características, possuam um corpo de voluntários, formados por moradores do local, estando estes treinados e aptos a detectar qualquer sintoma de perigo que esses locais venham a apresentar em momentos de chuva, bem como o preparo adequado deste mesmo corpo, treinamento este cedido pelo Estado, em prestar os primeiros socorros, bem como o resgate de vitimas, em ocorrendo qualquer tragédia dessa natureza, uma vez que é de conhecimento de toda e qualquer autoridade a ocorrência da obstrução das vias de acesso a estes locais quando de catástrofes como estas, impossibilitando assim,  o acesso rápido e eficaz do corpo de bombeiros e da defesa civil aos locais atingidos, atrasando em muito o resgate de vítimas.

Ainda mencionou o nobre especialista, como exemplo, um morador de Angra dos Reis que, a época da tragédia de mesma natureza lá ocorrida, ao ver a troca de coloração e mudança de espessura da água que corria pela calha de sua casa que se transformara de incolor e fina em barrenta e grossa, imediatamente notou o perigo que sua família corria, uma vez que morava em frente a uma encosta e em um raciocínio lógico e rápido, retirou a todos de sua moradia, salvando a toda a sua família do desastre que estava por vir.

Tal situação que jamais poderia ocorrer e que pode facilmente ser explicada, se resgata de uma segunda palavra para que continuemos a tentar entender o que ocorre, qual seja, a “ambição” humana, demonstrada no momento em que se tem um crescimento populacional desenfreado em um determinado local, sem que haja, para isso, qualquer controle governamental, por meio de seus órgãos e profissionais especializados, para que se tenha por meio destes a aplicação de um plano de urbanização e de estruturação como acima mencionado, interessando aos governantes destes locais, ao que nos parece, apenas a cobrança e arrecadação de impostos como o IPTU, pago por todos nós brasileiros e que ao que notamos, não é aplicado e destinado ao seu fim maior.

Por fim, há que se levar em consideração que o importante em determinados locais, senão no mundo todo, é a vontade que determinado grupo de sujeitos, no caso especifico do Rio de Janeiro, pessoas que dizem aplicar uma governabilidade moderna ao município do Rio de Janeiro, tem em soltar as rédeas de um crescimento cujo nome equivocado se dá de “desenvolvimento” e que em nada se tem de desenvolvido nele, senão a idéia de lucro, crescimento e obtenção de vantagens individuais e politiqueiras e claro, o enriquecimento de poucos em detrimento de muitos.

Portanto, parem, parem já de querer fazer com que o mundo seja de muitos poucos com condições dignas de vida, parem de construir prédios que só tem como objetivo o enriquecimento de poucos, o glamour de tantos outros e o recorde no guinnes book de mais alto prédio do mundo, parem de promover um desenvolvimento insustentável que se autodenomina sustentável e muito bem planejado, parem de movimentar pessoas para a limpeza do Maracanã para que lá ocorra o maior espetáculo da terra que neste momento não combina com o que está ocorrendo, parem de dizer e comentar o fato de estar havendo “joguinho político” em decorrência do ocorrido, se voltem para o que aconteceu, nos voltemos todos para o que aconteceu, pois isso não pode mais ocorrer, vidas estão sendo prensadas e empurradas ladeira acima em decorrência do crescimento absurdo de um local dito urbano e que depois faz com que estas vidas rolem ladeira abaixo mortas, destruídas, sufocadas por barro, lixo e sangue, porque não tinham onde ficar e se arriscaram em tentar viver em um lugar onde não se vive, se sobrevive e que posteriormente somente nos resta assistir a nossos semelhantes, em um esforço muitas vezes sobrenatural, tentar encontrar estas vidas já sem vida misturadas a algo que não sabemos mais se são gotas de chuva ou de lágrimas.

Parem.

Marcelo Ferla

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