Após
Lula, delegado da PF fala em investigar e prender “outros líderes”
Investigadores ligados à
operação dizem que os próximos passos devem ser o aprofundamento das apurações
contra líderes de outros partidos
Por Estadão Conteúdo
|
Lava Jato: com a
prisão de Lula, os investigadores querem mudar de foco (Adriano
Machado/Reuters)
|
São Paulo – Após a prisão do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato,
investigadores ligados à operação dizem que os próximos passos devem ser o
aprofundamento das apurações contra líderes de outros partidos, assim como a
aprovação de mudanças na legislação penal e o fim do foro privilegiado.
O delegado da Polícia
Federal Milton Fornazari Júnior, responsável pela Delegacia de Repressão a
Corrupção e Crimes Financeiros em São Paulo (Delecor), afirmou em uma rede
social que “agora é hora de serem investigados, processados e presos os outros líderes
de viés ideológico diverso, que se beneficiaram dos mesmos esquemas ilícitos
que sempre existiram no Brasil (Temer, Alckmin, Aécio etc).”
O jornal O Estado de S.
Paulo procurou no sábado, 7, as assessorias do presidente Michel Temer, do
ex-governador Geraldo Alckmin e do senador Aécio Neves, mas até a noite deste
domingo, 8, nenhuma delas se havia manifestado.
Temer foi denunciado duas
vezes e é investigado em um inquérito pela Procuradoria-Geral da República.
Aécio foi denunciado e é investigado na Lava Jato.
Alckmin é investigado em
inquérito por caixa 2 no Superior Tribunal de Justiça (STJ) em razão da delação
da Odebrecht.
O texto de Fornazari foi
publicado no sábado, no momento em que Lula era levado pela PF para Curitiba
(PR).
A um amigo que lhe perguntou se podia compartilhar, ele respondeu:
“Fique
à vontade”.
Na noite de domingo, porém,
o policial o retirou do ar.
E publicou novo texto:
“Para você que gosta de me
monitorar aqui, não adianta se articular, vamos continuar prendendo os corruptos
de todos os gêneros”.
Experiente, o delegado tem
em seu currículo a apuração sobre o cartel do Metrô de São Paulo.
Também foi
responsável pelo inquérito que apura desvios de recursos nas obras do Rodoanel,
em São Paulo, que levou à prisão de Paulo Vieira de Souza, ex-diretor do Dersa,
apontado como operador do PSDB paulista.
Ele é ainda especialista em cooperação
internacional para identificação de lavagem de dinheiro e ocultação de valores.
Fornazari também comentou a
situação de Lula.
Ele escreveu que o ex-presidente “objetivamente recebeu bens,
valores, favores e doações para seu partido indevidamente por empresas que se
beneficiaram da corrupção em seu governo”.
“Por isso merece a prisão.”
Ele conclui afirmando que se as investigações futuras do órgão chegarem aos
outros líderes políticos que ele enumerou “teremos realmente evoluído muito
como civilização”.
“Se não acontecer e só Lula ficar preso, infelizmente, tudo
poderá entrar para a história como uma perseguição política.”
MPF
No domingo, foi a vez do
procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa da
Lava Jato em Curitiba, desmentir a acusação de “seletividade” da Lava Jato
feita por petistas.
Ele comentou uma reportagem de “O Globo” que mostrava
investigações que envolviam além de Lula e o ex-governador do Rio Sérgio Cabral
(MDB), além de Temer e Aécio.
“Mas ainda é preciso fazer
mais por todo o Brasil.
Lute pelo fim do foro privilegiado, de mudanças nas
leis penais e no fortalecimento da democracia.”
Para a presidente do
Sindicato dos Delegados Federais de São Paulo, Tânia Prado, a prisão de Lula
cria condições para o fortalecimento do papel da PF.
“Vemos uma investigação
que começou há quatro anos dar resultado.”
Para ela, fica “evidente” pelas
investigações feitas até agora que a PF não tem partido e que investiga
independentemente da ideologia do acusado.
“Vamos mostrar que o
trabalho da Lava Jato vai continuar, não só em São Paulo mas em outros Estados,
com seus desdobramentos”, disse.
Segundo Tânia, os delegados querem procurar “a
verdade” em seus inquéritos e determinar “quem é o autor e encontrar a materialidade
dos delitos”.
“É o que sempre fizemos.”
Após a prisão de Lula, a
Associação Nacional de Delegados Federais publicou uma nota na qual dizia que a
PF “não tem cor, nem partido – tem missão!
E exerce seu papel independentemente
de quem seja o investigado, com equilíbrio, moderação e responsabilidade”.
As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
*grifos nosso
post: Marcelo Ferla
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe sua opinião.