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segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Martha Medeiros: poder e status.




Martha Medeiros: poder e status
Por: Martha Medeiros
Três anos atrás, fui a Brasília receber a Ordem do Mérito Cultural. 
Eram entre 30 e 40 agraciados de diversas regiões do país. 
Chegando ao hotel, soube da programação: a entrega da comenda seria na manhã seguinte, no Palácio do Planalto, e à tardinha haveria um coquetel no Palácio da Alvorada. 
Fomos avisados de que cada um de nós teria um carro com motorista à disposição enquanto estivéssemos na cidade.
O dia amanheceu. Enquanto me arrumava para a cerimônia, fui até a sacada do quarto e vi uma fila de sedans pretos enfileirados na porta do hotel. 
Desci até o lobby para juntar-me ao grupo. 
Então, em fila, fomos conduzidos cada um para um carro, e saímos em comitiva, todos ao mesmo tempo, para o mesmo local. Patético, pra dizer o mínimo.
Não estou depreciando a honraria concedida, da qual me orgulho muito, mas óbvio que tinha algo errado ali, como sempre teve.
Na Suécia, deputados moram de segunda a sexta em apartamentos funcionais de 40m2 com lavanderia comunitária. 
Não têm empregados. 
Seus gabinetes de trabalho possuem 18m2, sem secretária, assessor ou carro com motorista. 
O dinheiro do contribuinte não é usado para privilégios de qualquer espécie. 
Além do bom uso do dinheiro público, essa postura é um seletor natural: quem quer mordomia, que bata em outra vizinhança. 
Entra para a política apenas aquele que deseja servir ao país, e não ser servido por ele.
O papa Francisco, dias atrás, circulou por Washington a bordo de um automóvel compacto e popular, um gesto simples que ajudou a redefinir o que é poder. 
Todos nós merecemos eficiência e conforto. 
Buscar mais que isso não é crime, mas é uma necessidade supérflua. 
Moramos em apartamentos mais espaçosos do que de fato precisamos, contratamos funcionários para fazer o que poderíamos fazer nós mesmos e dirigimos veículos cuja potência a lei nem permite testar (qual a vantagem de um carro ir de 0 a 100 km/h em cinco segundos, a não ser que estejamos fugindo da polícia?).
Em nossa sociedade, a aparência reina. 
O bairro em que você mora, a marca do seu jeans, o hotel em que você se hospeda: além do benefício real (a qualidade) há o benefício agregado – o status. 
Tudo bem. 
Só que status e poder não são a mesma coisa.
Status é ranking. 
Costuma ser valorizado por quem verticaliza as relações. 
Não vejo problema em se proporcionar coisas belas, saborosas, requintadas. Se são pagas com o próprio suor, é um direito adquirido, mas não confere poder algum, apenas bem-estar privado.
O poder é horizontal. Poderoso é aquele que distribui, compartilha, multiplica. Que produz ideias, arte, soluções, e as torna úteis e benéficas para os outros. Que não passa a vida tentando preencher o próprio vazio.
Não precisamos que nossas coisas falem por nós, a não ser que nossos atos já não digam nada.

post: Marcelo Ferla

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