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segunda-feira, 5 de setembro de 2016

A arte transformando cidades.


Como a arte está ajudando a transformar cidades ao redor do mundo.
Ela não está protegida pelas paredes de um museu ou sob a luz de refinadas galerias, mas na rua, à mercê da chuva, da tinta do dono do muro e da caneta de quem passa. 
A arte de rua pode não ser eternizada em livros de história e no imaginário coletivo, mas, na linha de frente, tem o poder de transformar vidas e cidades. 
Das pequenas Mona Lisas diárias, que são os graffitis, instalações, intervenções e stickers espalhados pelo cenário urbano, o sorriso é de quem os vê.
O tempo todo nós somos afetados por estímulos visuais. 
Nos espaços públicos, as peças de propaganda e estilos de arquitetura despertam sentimentos e percepções, refletindo uma cultura. 
Contudo, à medida que os espaços se tornam privados, a sensação é que as vias públicas são meras passagens; formas de ir de um lugar ao outro. 
Com isso não se perde apenas o espaço coletivo, mas também o espírito de comunidade.
Cada vez mais, a arte de rua se embrenha em uma tentativa de resgatar não só os espaços, como também a conexão entre as pessoas, transformando espaços em lugares democráticos de socialização e recaracterizando como indivíduos a massa de humanos que caminha pelas ruas.
Ir além do concreto cinza e da pressa, gerar um estranhamento e fazer pensar: essa tem sido a luta da arte de rua. 
E o resultado tem se mostrado mais positivo do que você pode imaginar.


Em um artigo para o Centro de Artes e Estudos Culturais da Universidade de Princeton, nos EUA, Joshua Guetzkow apresentou as formas com que a arte de rua impacta a sociedade. 
A influência pode ser percebida não só a partir do envolvimento direto com a arte, mas também pela participação como audiência ou, simplesmente, devido à presença de instituições e organizações artísticas na comunidade. 
Para o indivíduo, os benefícios de intervenções artísticas públicas em determinada área podem ser vistos na saúde, no desenvolvimento cognitivo e psicológico e nos laços interpessoais. 
Já para a comunidade, a arte pública promove o desenvolvimento econômico, cultural e social. 
Mas essas mudanças felizmente não se restringem à teoria.

Detroit, a arte que ocupa (e inspira)
Fragilizada pela crise da indústria automobilística nos anos 70, a principal atividade econômica da região, e com rombos seríssimos nos cofres municipais nos últimos anos, Detroit, nos EUA, afundou-se em uma grave crise econômica e social, que afetou as esferas pública e privada. 
O resultado disso foi um êxodo em massa que deixou para trás prédios abandonados e casas caindo aos pedaços, em cenários dignos de filmes de invasão zumbi – a população passou de 1,8 milhão para 700 mil habitantes.
Mas antes que os mortos-vivos pudessem ser vistos dobrando as esquinas desertas, o movimento artístico da cidade usou a crise como combustível criativo, fazendo dos muros vazios telas de pintura e dos baixos preços de imóveis, que podiam ser comprados por algumas centenas de dólares, uma oportunidade para criarem espaços de arte.
É o caso da Write A House, uma organização que está reformando casas em Detroit e cedendo o espaço para novos escritores. 
“Fazer uso de três casas que estavam vazias por tanto tempo muda as coisas”, afirmou Sara F. Cox, fundadora da organização. 
A proposta de dar vida ao abandonado também tem sido efetiva com murais e outras intervenções, que fazem uso de um espaço vazio, lembrando diariamente a comunidade que, apesar de tudo, Detroit ainda vive.


Mas dar um sopro de vida ao espaço urbano por meio da arte não é novidade em Detroit. 
Em 1986, o artista Tyree Guyton criou uma organização que transformava em espaços de arte casas vazias de uma das áreas mais perigosas da cidade. 
Foi assim que surgiu a Heidelberg Street, região que há anos não é palco de crimes graves e que é considerada hoje o terceiro maior ponto turístico da cidade. 
A iniciativa deu tão certo que foi expandida em outros projeto, como o Lincoln Street Art Park, um parque de esculturas nada convencional, criado em uma área industrial abandonada da cidade.
O movimento artístico tomou tanta força nessa crise que até mesmo um estacionamento foi transformado em galeria de arte de arte de rua. 
Chamado de Z Project, o projeto convida artistas de todo o mundo para fazerem suas artes nos dez andares de estacionamento da galeria. 
Se antes Detroit era conhecida como uma cidade semi-abandonada, hoje ela é um berço da arte urbana e um incrível exemplo de como o movimento artístico pode transformar uma comunidade.





As cores que valorizam a favela
Uma lata de tinta não muda o mundo, mas um projeto de arte pode transformar uma vizinhança. 
Após chegarem ao Brasil para a gravação de um documentário sobre a vida nas favelas do Rio de Janeiro, a dupla de artistas holandeses Jeroen Koolhaas e Dre Urhahnse encantou com a forma com que essas comunidades se formaram e decidiu usar o espaço como tela para sua arte, no projeto Favela Painting.
A primeira iniciativa, em 2007, foi pintar um mural na Vila Cruzeiro, com um garoto empinando uma pipa. 
Dois anos depois, eles viriam a fazer um de seus maiores projetos: um rio de carpas, em estilo japonês, no concreto do morro. 
Em 2010, em Santa Marta, as fachadas de 34 casas da a Praça Cantão se transformaram em uma explosão de cores. Mas a intervenção vai além do que se vê. 
Durante todo esse tempo, os dois artistas viveram nas comunidades em que trabalhavam, contrataram moradores para ajudá-los nas pinturas e envolveram a comunidade na transformação.




“A favela não foi apenas o lugar onde essa ideia começou, mas foi também o lugar que tornou possível trabalhar sem um plano, pois suas comunidades são informais, essa era a inspiração. 
E em um esforço comunitário com as pessoas, pode-se trabalhar quase como em uma orquestra, onde se tem uma centena de instrumentos tocando em juntos para criar uma sinfonia”, afirmou Jeroen Koolhaas na apresentação do TED em que participaram recentemente.

Os três grandes projetos finalizados no Rio de Janeiro deram a eles confiança e sabedoria para tentar, agora, algo ainda mais grandioso: pintar a Vila Cruzeiro inteira. 
Por meio de uma campanha de crowdfunding, mais de US$ 100 mil foram arrecadados e os trabalhos estão a pleno vapor.


A dupla também foi a responsável pela pintura recente de uma área violenta no norte da Filadélfia, nos EUA, que enfrenta dificuldades com pobreza e racismo. 
Se foi possível ver alguma mudança? 
“Obviamente um projeto de pintura não vai resolver isso. 
Os salários não subiram e o número de postos de trabalho também não melhoraram, mas a atitude melhorou, mesmo que um pouco. 
As pessoas têm um pouco mais de orgulho de sua rua. 
Não é só porque ficou mais bonita, mas porque sentem que, finalmente, um pouco de atenção foi dada à sua vizinhança. 
Os habitantes da Vila Cruzeiro se sentem valorizados pelo trabalho de Jeroen e Dre na favela”, afirmou ao Telegraph Nanko van Buuren, fundador do Ibiss (Instituto Brasileiro de Inovações em Saúde Social), que desenvolve a saúde em favelas brasileiras.


Em Palmitas, na cidade de Pachuca, México, um projeto semelhante foi realizado: em parceria com o grupo de graffiti Germen Crew (http://diply.com/different-solutions/art-mural-mexico/161025/3), o bairro inteiro foi revitalizado. 
O projeto envolveu 209 construções, 452 famílias e 20 mil metros quadrados de paredes, tendo como resultado mais precioso a integração da comunidade. 
Com isso, não só a violência na região foi erradicada, como a área se transformou em um ponto turístico importante, atraindo visitantes e fazendo com que a economia da comunidade se desenvolvesse.


A África criativa
Pelas paredes da Cidade do Cabo, na África do Sul, o artista local Ricky Lee Gordon, conhecido como Freddy Sam (http://www.freddysam.com/about/), espalha sonhos. 
Usando cores vibrantes e a vontade por um mundo melhor, ele cria murais que inspiram. 
“Eu acredito que as cores criam energia, energia cria inspiração e inspiração cria mudanças. 
Mas, mais do que qualquer coisa, minhas intenções e minha paixão fazem a diferença – mostrar para alguém que você acredita faz com que ele acredite”, afirmou o artista em entrevista ao One.
Sua arte não serve apenas para tornar bonito e diferente, mas, segundo ele, para tornar as pessoas mais atentas, sensíveis e livres para se expressar. 
Confira alguns dos murais do artista:




post: Marcelo Ferla

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