Nos
abandonaram.
“A mulher morta em frente
ao Colégio Dom Bosco, no bairro Higienópolis, em Porto Alegre, nesta
quinta-feira, aguardava dentro do carro o filho de 13 anos sair da aula.
Cristine Fonseca Fagundes,
de 44 anos, e a filha adolescente, de 17, haviam chegado à instituição de
ensino antes do horário combinado e, por isso, decidiram comer algo enquanto
esperavam.”
“...Cristine Fonseca
Fagundes, de 44 anos, chegava para pegar o filho no Colégio Dom Bosco.”.
Sou viciado em filmes,
séries, livros e HQ's desde que me conheço por gente.
Minha mãe, sempre me
auxiliou financeiramente para realizar meus desejos vorazes de um curioso menino
por natureza, seja pela leitura ou pela tela do cinema e hoje das séries.
Quando pequenino, ela me
contava histórias e eu, olhando as figuras, achava tudo aquilo incrível, que
mundo.
Tinha uns 6 anos de idade
ou menos.
Era tudo lindo naquela
época, assim como fora, por sorte, talvez, toda minha infância, sofrida por
minha saúde, pois sou diabético desde meus 4 anos de idade, mas muito rica em
criatividade e aventuras movidas a filmes e HQ’s na época.
Mas logo tudo isto mudaria
e um dos motivos é o hoje que vivo.
O que ocorreu hoje (quinta-feira)
em frente ao Colégio Dom Bosco em Porto Alegre pode não parecer nada fora do
comum para quem não está próximo a Porto Alegre, ou seja, de outro Estado, ou pior,
para qualquer um de nós, seres humanos que se acostumaram de forma forçada a
tais acontecimentos, o que é um sinal de doença social claro gerado por sintomas
que já conhecemos como corrupção, polícia falha, governantes inescrupulosos,
seres do mal que só pensam em si mesmo, como nosso Governador Sartori, cercado
de seguranças e que já deveria ter tomado uma atitude a muito tempo, mas é um frouxo
e Tarso Genro, seu antecessor também o foi, ratos, todos.
Aliás, coitados dos
ratos que sempre entram nessa fria como metáfora.
“— Pediram a bolsa. Passa
tudo. Quando ela foi passar, eles atiraram — contou, conforme relato da
adolescente, que é sua afilhada.”.
Mesmo assim, em qualquer
lugar do mundo, o que Porto Alegre vem vivendo nos faz pensar, e não só gaúchos,
o mundo em que estamos vivendo, a que ponto chegamos.
Um assalto com arma de
fogo a pedestres, uma sequencia de delitos a pedestres, eu disse pedestres, o
que já me apavora, pois foram violentos e não se deram por satisfeitos furtando,
roubaram com arma de fogo.
Logo depois, o derradeiro
terror. Os marginais, em frente a um colégio (Dom Bosco) adentram um Honda Fit
cinza.
Dentro deste, uma mãe de
família, ainda presa a seu cinto e com ela no banco de trás sua afilhada, uma
criança.
Ela esperava por seu filho
e sem sequer ser permitida a entregar tudo e sair do carro, agindo como todos
especialistas em segurança sugerem (não reagir) não teve a colaboração e
paciência dos marginais, eles sequer deixaram a motorista retirar o cinto, a
executam com um tiro na cabeça, em frente a criança, esta corre em direção a
escola para pedir ajuda e os marginais fogem depois de, bem provavelmente,
empurrar o corpo dela para fora como um saco de lixo humano.
Por fim, no decorrer de
atos de terror, adentram em um veículo vermelho, um pálio, e fogem novamente
para dentro de uma vila próxima.
Foi o que fiquei sabendo
no meio de um programa de rádio, tudo ao vivo. Era o Pretinho Básico da rádio Atlântida
o qual ouço desde que existe.
Depois da notícia dada
pelo âncora Alexandre Fetter, filho de brigadiano (PM’s do RS), pai, casado, o
fim do programa, sem a trilha
tradicional, sem o humor que toca o programa das 18 horas, sem ter o que dizer,
comunicadores mudos. Incredulidade, pavor, revolta, impotência, silêncio, raiva.
“Ela estava em um Honda
Fit acompanhada da filha, uma adolescente, quando teriam sido abordadas.”.
“A vendedora morreu dentro
do veículo, presa ao cinto de segurança. A filha saiu correndo em direção à
instituição de ensino para pedir socorro.”
Um colégio, cheio de
crianças, todas testemunhas de tudo isto que acabei de descrever. Pais
apavorados, cidade em pânico, mais acontecimentos antes e depois do ocorrido,
meu programa de rádio favorito terminando 5 min antes, sem trilha e sem fala.
Mais uma vez o terror da
violência urbana em Porto Alegre nos apunhala com um golpe fatal nas pessoas de
bem.
Choque, redes sociais
bombando, pena de morte, Bolsonaro presidente, armem os cidadãos, bandido bom é
bandido morto, enforcamento em praça pública, mensagens caindo como água de
cachoeira movida por ódio e revolta, o medo já estava ali nas linhas escritas,
oportunistas ou não.
O mundo o qual eu vivia,
aquele que descrevi no começo, não combina com o que acontece nos dias de hoje
em minha cidade natal.
Pior do que isto, já
poderia estar acontecendo naquela época, mas eu, criança, não entendia destas
coisas, eu era privilegiado, e sendo assim, não tinha contato com coisas assim,
além do que brinquei na rua, até as 21 horas em horário de verão, jogava em um
parque perto de casa com toda tranquilidade, eram outros tempos, ao menos na
minha blindagem ilusória com os dias contados.
Pensando melhor, agora,
atingido por tal acontecimento, acho que tenho razão, não era, definitivamente,
uma época em que as coisas aconteciam, ao menos não desta forma, de uma forma
tão simples como brincar, jogar, ficar até tarde na rua, poder andar nela, ir a
festas a pé, de ônibus ou como admirar figuras de um livro e HQ’s, construir
bases de guerra na casa de minha avô com minhas vastas coleções de Comandos em
Ação, Playmobil e Rambo, mal sabendo que coisas iguais as que eu via nos filmes
que moviam minha criatividade naquelas brincadeiras, décadas depois virariam
realidade.
Estamos vivendo o caos e o
caos sempre é total, não vem e nem se instala parceladamente, o que me faz
pensar que a muito ele está ai, na nossa cara sem nenhuma autoridade fazer nada
e isto me faz dar uma sugestão que não resolverá o problema, mas que pode
renovar de forma mínima, muito mínima nossas esperanças, ao menos deixando
nossas consciências de forma tranquila, já que aqui somos obrigados a fazer,
caso contrário, não estaria fazendo a muito, não quero mais fazer parte disto,
ver notícias disto, não mesmo, trata-se de uma epidemia que me empurram goela
abaixo neste país.
Lá vai:
Pense em seu voto, não
vote com interesse pessoal, ele não vai salvar a você, a um parente seu ou a
mim contra coisas deste tipo.
Mas podemos e devemos
tentar, mesmo que incrédulos, precisamos tentar ao menos por mais desesperadora
que a situação seja, e não se engane, a descrença é grande, mas não pode vencer
de forma alguma, além do que como disse, somos obrigados.
Por fim, peço de coração
aos amigos e amigas que cuidem-se, mas de forma séria e não despreocupada, o
próximo pode sim ser um de nós, e infelizmente é só o que eu poso desejar a
todos.
Estamos abandonados, a
deriva, cercados por balas perdidas, ruas não policiadas, impunidade,
corrupção, corporações viralizadas, o caos enfim chegou em sua forma mais pura
e estamos sós, fomos deixados para trás, o que não se faz nem em uma guerra com
um soldado por seus companheiros de batalha.
Em memória de Cristine
Fonseca Fagundes, de seus familiares, filho, afilhada e de todos que já foram
vitimados, bem como seus familiares, por algum ato violento de extrema brutalidade e injustificável.
Marcelo Ferla
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