Por que os políticos são
ruins.
Não
adianta escolher bem, se as opções são más.
Por:
David Coimbra
Descobri que os políticos
brasileiros são ruins.
Não, isso não é uma
ironia. E, não sendo, acrescento: não, isso não é uma obviedade.
Porque eu não acreditava
nisso. Sempre tive fé na funcionalidade da democracia: os políticos
representavam a sociedade que os elegeu. No parlamento, havia tantos ladrões,
honestos, bem-intencionados e mal-intencionados quantos houvesse na comunidade
de eleitores.
Só que essa mecânica não
funciona mais. Rompeu-se. Estragou. Hoje, a sociedade brasileira, com todos os
seus defeitos, é melhor do que os políticos que a representam. Ainda há os
interessados e confiáveis, claro, mas esses ficam imobilizados pela imensa onda
de mediocridade, que cresce a cada eleição.
Esse desequilíbrio se deu
por um motivo singelo: os bons estão se afastando da política.
Quem são os bons?
Os competentes, os
bem-sucedidos, os homens e as mulheres reconhecidos como lideranças positivas
na sociedade. Essas pessoas não querem mais saber da política.
Natural que não queiram.
Hoje, no Brasil, o político, a priori, é visto com desconfiança. Se ele é
político, é porque tem "interesses". Ou "defende
interesses". Nenhuma categoria é tão cobrada, vigiada e fiscalizada quanto
a dos políticos. Qualquer deslize de um político acaba, quase que de imediato,
"nas redes", quando não nas manchetes.
Por que um profissional
que se dá bem na sua atividade a abandonaria para se dedicar à política? Por
ideologia? Qual ideologia? De que partido brasileiro? Ele conseguirá fazer algo
de positivo? Ele terá poder ou apoio? Ou será boicotado pelos maus?
Assim, a sociedade
brasileira está mal representada não apenas por causa de algumas de suas
escolhas equivocadas, mas também porque as alternativas eram ruins. Quando o
cardápio é fraco, pouco importa o quanto você irá ponderar na hora de pedir o
prato.
Hoje, a situação é a
seguinte: o presidente da Câmara, soterrado por denúncias de corrupção, aceita o
pedido de impeachment de uma presidente da República que mentiu em meio ao seu
mandato, fato admitido publicamente por seu padrinho político, que é suspeita
de ter usado dinheiro ilícito em sua campanha e que é acusada de improbidade
administrativa. E parece que temos de escolher entre um e outro.
Mas, não. Não! Não quero
Dilma, nem Cunha, não quero Lula, nem Alckmin, não quero Aécio ou Collor ou
Renan. Não quero nenhum desses caras. Nenhum.
O PT, de longe o mais
orgânico e organizado dos partidos brasileiros, o PT sabe disso. Então, na hora
de se defender, ou de defender o governo, os petistas não se defendem, nem
defendem o governo. Eles apenas apontam para a oposição e dizem:
– É isso o que você quer
no meu lugar?
Repare que nenhum defensor
do governo diz:
– O governo é ótimo, nunca
houve corrupção nos governos do PT. Dilma é uma estadista.
Não. O defensor diz:
– E os erros do PSDB? Por
que não são apontados? E a corrupção dos tucanos? Por que não é investigada?
Ou então:
– Ah, você não quer a
Dilma, o Delcídio e o Lula. Você prefere o Bolsonaro, o Cunha e o Feliciano.
Você quer o impeachment? Fique com o Temer.
Aí você fica desesperado.
Pensa que, de certa maneira, eles têm razão. E têm mesmo. As nossas escolhas,
hoje, são entre o ruim e o péssimo. E continuará assim. Até que os bons
resolvam que chegou a sua vez.
post: Marcelo Ferla
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