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quinta-feira, 16 de abril de 2015

Homenagem.


Ao Mestre.


Escrito em 12/04/2015 

A muito não encontrava motivos ou assuntos que me fizessem ter a vontade, a excitação de cuspir minhas opiniões a cerca do que viria a escrever ou estava acontecendo em nosso mundo nestes últimos tempos. 
As coisas andam muito iguais, nada muda, só pioram e, na maioria delas, já formei minha opinião em textos anteriores, o que de certa forma, resseca meu poço de ideias e faz com que meu ímpeto de opinante em textos autorais (medíocres, mas meus) pareça ter se esvaído por ai, dado um tempo a si mesmo, tirado férias mais prolongadas, pois tudo que leio e vejo em jornais e na mídia como um todo, principalmente na internet, me enjoa, me dá tédio, mal estar, como uma comida que se come e esta encontrasse estragada e, por isso, se fica, depois, anos sem poder sequer ver ela na sua frente.
Mas cá estou. Infelizmente fui movido a escrever estas humildes palavras em decorrência de um acontecimento, que em minha opinião e na de muitos vêm em péssimo momento, o falecimento de Paulo Brossard de Sousa Pinto que nos deixou ontem aos 90 anos de idade.
Brossard era homem de poucas palavras, mas com uma capacidade de escrita fulminante e de oratória arrebatadora a quem o escutava, sempre a favor da nossa lei maior e sempre contra aqueles que entravam em sua alça de mira em seus textos, na sua maior parte todos abatidos por ele no decorrer das linhas que escrevia, eis que que Brossard era homem que falava, escrevia e fazia, tudo com o devido fundamento exigido, sem brechas aos criticados.
Nascido em Bagé no dia 23 de outubro do ano de 1924, este homem que aqui tento homenagear foi quase tudo que um político deseja para a sua carreira pública. 

Fora deputado estadual, federal, pelo Rio Grande do Sul, secretário de Estado, senador, ministro da república e do STF. 

O que mais poderia querer ou o que mais pode querer alguém que como jurista exemplar, de estudo profundo do direito, biblioteca pessoal invejável a qual tinha a capacidade de dizer aos que a visitavam quando tomavam uma obra dela em mãos, qual o título, autor e orar fluentemente do que se tratava esta.
Paulo Brossard era conhecido e respeitado de forma tão veemente por seus conhecidos que uma máxima, infelizmente hoje não mais existente e tão pouco respeitada nas casas do legislativo que dizia: “Brossard vai falar”. Era o que bastava para o Congresso nacional se calar por total, algo hoje inimaginável.
Foi jurista, foi político, fora advogado.
Apesar de ele mesmo ter confessado em entrevista uma vez que chegou a simpatizar com o Regime Militar, com sabedoria e reflexão logo escolheu o lado certo, se tornando um dos mais emblemáticos “subversivos” de sua época. Ele o era com as palavras que dizia, não com armas em punho, um verdadeiro baluarte.
Como político, talvez um de seus maiores momentos fora a candidatura à vaga no senado na qual tinha como adversário Nestor Jost, candidato e nome da ditadura. 

Com o código penal em mãos, firme com sua postura no púlpito, destroçou seu adversário em debate ocorrido á época na TV Gaúcha (hoje RBS TV), o que inevitavelmente lhe conduziu até a vitória em um golpe esmagador contra o regime ditatorial da época.
Em 1954, em outro momento delicado, elegeu-se deputado estadual, em plena convulsão provocada pelo suicídio de Getúlio.
Era político, apesar de suas fortes convicções, articulado, não sabia só falar, mas sabia, antes de tudo, ouvir, sendo um dos exemplos disto a crítica que recebera por manter contato com o então presidente João Figueiredo em 1979. 

Dizia Brossard mostrando seu patriotismo e defesa da Carta Magma intransponíveis e inabaláveis:
“Converso até com o diabo para tirar o país da desordem, do caos institucional.”
Não há dúvida de que o homem que morrera ontem fora um dos últimos grandes personagens da política brasileira da segunda metade do século passado.
As palavras de outro grande homem da política, Pedro Simon resumem o que fora Brossard:
“A perda de Paulo Brossard é algo profundamente lastimável, porque ele é o último dos líderes de uma geração que, a rigor, deixa o Brasil órfão. Brossard era uma figura única.”
Brossard, sem dúvida alguma nos deixa mais frágeis, eis que estou aqui soltando letras sobre homem que se compara aos grandes de nosso país, a homem que não existe mais hoje em dia, uns porque se foram, outros porque estão cansados de lutar, já fizeram sua parte e, quando digo isto falo de nomes como Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, Leonel Brizola e Pedro Simon, homens que já não tem pupilos, nem tão pouco semelhantes nos dias de hoje.
Realmente Senhor Paulo Brossard de Sousa Pinto, Vossa Excelência nos deixa ainda mais desamparados a partir de agora. 

Nos fará falta com suas colunas semanais, elucidações sempre precisas, escrita esclarecedora sobre assuntos para a maioria espinhosos.

Descanse em paz, no sono dos justos.

Marcelo Ferla

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