Morre aos 100 anos na
Itália o criminoso nazista Erich Priebke.
Ex-oficial das SS
cumpria prisão domiciliar em Roma.
Ele nunca pediu
desculpas por seus crimes.
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Erich
Priebke em foto feita durante julgamento em 1996 (Foto: Giulio Broglio/AP)
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O criminoso de guerra
nazista Erich Priebke morreu nesta sexta-feira (11) em Roma aos 100 anos,
segundo a imprensa local.
Priebke, que completou um
século de vida no dia 29 de junho, foi um dos oficiais que organizou o massacre
em cavernas nos arredores de Roma de 335 civis, entre eles 75 judeus,
executados com um tiro na nuca no dia 24 de março de 1944, em represália por um
ataque da resistência contra uma unidade das SS.
Detido na Argentina em
1994 depois de ter vivido tranquilamente neste país por mais de 40 anos,
extraditado e julgado na Itália, onde cumpriu prisão domiciliar por razões de
saúde, Priebke jamais pediu desculpas, nem manifestou arrependimento algum.
Segundo seu advogado Paolo
Giachino, Priebke será colocado numa câmara ardente e, posteriormente, seu
corpo será trasladado para a Argentina, para ser enterrado ao lado de sua
esposa.
"Não choraremos por
ele. Morreu um assassino que matou mais gente que um 'serial killer'. Alguém
que não se arrependeu e que viveu uma vida longa, em parte feliz",
lamentou Francesco Polcaro, presidente da Associação Nacional de Partisanos
Italianos (ANPI).
O ex-capitão nazista gozou
do apoio de vários movimentos pró-nazistas da Itália e da Europa, que
garantiram a ele assistência legal e médica até o fim de sua vida.
"Suportou com
dignidade anos de perseguição, convertendo-se em exemplo de coragem e coerência",
comentou seu advogado e procurador, Paolo Giachini, depois de anunciar sua
morte.
Segundo contou ao jornal
"Il Corriere della Sera" um de seus amigos, Mario Merlino - conhecido
como o "professor negro" por sua militância fascista - o ex-capitão
alemão teria se convertido nos últimos anos ao cristianismo, lia textos
sagrados e costumava se recolher para meditar depois de ter perdido quase
completamente a memória.
Há 10 anos, uma festa
organizada por seus 90 anos, assim como a saída pública a um restaurante
provocaram protestos na Itália.
Sua presença em um
restaurante romano em 2011 acompanhado por amigos, fotografada pela popular
revista "Oggi", provocou indignação, em particular pela comunidade
judaica, que pediu que seu caso fosse revisado.
Priebke foi autorizado em
1999 a deixar seu domicílio "durante o tempo estritamente necessário para
a satisfação de necessidades indispensáveis", como as visitas médicas.
Os familiares das vítimas
do maior massacre cometido pelas tropas nazistas na Itália esperaram por anos
que pedisse desculpas pelo papel que teve como responsável pela operação.
Durante o processo
realizado em Roma, Priebke, que compareceu em várias audiências, afirmou que se
limitou a cumprir ordens.
Sebastiano di Lascio,
advogado da associação de familiares de vítimas do massacre, chamou de chocante
a negativa do ex-oficial nazista de pedir desculpas.
O fato de Priebke ter
vivido até os 100 anos, enquanto suas vítimas, algumas das quais tinham 17 ou
18 anos, nunca terem conseguido envelhecer, era inaceitável para os
sobreviventes e familiares.
O massacre das Fossas
Ardeatinas, em março de 1944, foi ordenado em vingança por uma bomba detonada
pela resistência nas ruas de Roma, que matou 33 soldados alemães.
Acredita-se que foi o
próprio Adolf Hitler quem ordenou que 10 pessoas fossem mortas por cada alemão
morto.
As vítimas foram reunidas
no bairro judeu e outras, sobretudo detidos políticos, foram transferidas das
prisões a uma rede de cavernas nos arredores da cidade, onde foram executadas.
O massacre durou horas e
Erich Priebke era um dos oficiais responsáveis por organizar a ação.
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Manifestantes protestam em 29 de julho em Roma contra o
criminoso de guerra nazista Erich Priebke (Foto: Reuters)
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Em julho, quando ele
completou 100 anos, houve protestos em frente a sua residência em Roma.
Marcelo Ferla
fonte: G1.globo.com
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