Em seus 53 anos de carreira, o ilustrador José Luiz Benício (ou somente Benício) dedicou-se a deitar em papel, sob clara influência de Normal Rockwell, - nos seus detalhes mais sublimes, admiráveis e instigantes - a mulher. Dizem que baseava-se nas curvilíneas frequentadoras do calçadão de Copacabana, no Rio de Janeiro.
Gaúcho de Porto Alegre, auto-didata e criador de mais de 300 cartazes para o cinema nacional (dentre eles: Dona Flor e Seus Dois Maridos, Independência ou Morte, Cada um Dá o que Tem, Pelé Eterno e vários d'Os Trapalhões). Benício produziu e produz esmerados traços que exploram com charme e paixão a beleza feminina. Não que tenha dedicado-se apenas a isso - seus trabalhos transitam ainda pela área editorial e publicitária - mas é fato que suas mulheres voluptuosas sobressaem-se.
Também nos anos 60, advento das pueris pornochanchadas, ele concebeu em pôsteres - e poses - as mais belas atrizes do cinema brasileiro entre outras grandes representantes do tal sexo-frágil da época como Sônia Braga, Leila Diniz, Marlene Silva e Renata Sorrah (é dele o pertubador poster de "A Superfêmea" que exibe uma Vera Fisher olimpicamente nua em seus mal-completos 18 anos).
Sua linha erótica estendeu-se também sobre a literatura; suas ilustrações deram vida à - que viria a se tornar - antológica Brigitte Montfort, a Baby dos pocket-book, pulp-fiction "As Aventuras de Brigitte Montfort", muito famosos na década de 70. As histórias da espiã Número Um da CIA, criada pelo escritor espanhol Lou Carrigan faziam grande sucesso nas bancas de jornal brasileiras alcançando altíssimas vendagens em seus cerca de 400 números.
Não há dúvida que Benício fora responsável por grande boa fatia sucesso, tendo desenhado mais de mil e quinhentas capas que materializavam a adorada Baby. Tranformou-a num ícone; em sua musa imaginária. Sucesso parecido só viria com sua versão de Giselle, a "Espiã Nua Que Abalou Paris", de David Nasser que, não por acaso, era mãe de Brigitte Montfort.
Seu outro flerte mais-que-bem-sucedido foi com o universo das pin-ups o que rendeu-lhe o título de mestre na categoria; louros que até hoje colhe em felicidade: no último Dezembro ilustrou a sessão "O Mundo de Playboy" com cinco belíssimas moças nada púdicas.
Sobre trabalhar com erotismo em plena ditadura militar - a maior parte dos seus desenhos datam dos 70, anos de recrudescimento da censura no país - conta entre risos: "Eu me policiava muito, sabia que não podia dar murro em ponta de faca. Mas de vez em quando eles me pediam para 'levantar' um pouco uma cueca ou uma calcinha, dizendo que estavam aparecendo pêlos pubianos".
Hoje, com 70 anos, o artista palestra work-shops, possui sua casa de artes gráficas, a Benício Produções Artísticas e teve sua biografia publicada por Gonçalo Junior: Benício - Um perfil do mestre das pin-ups e dos cartazes de cinema.
Veja mais algumas pin-ups deste artista brasileiro que possui nos seus trabalhos a mesma qualidade que os gringos que desenham pin-ups por todo o mundo.
Marcelo Ferla
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