
texto de 15/05/2009
Antigamente, nos tempos do poderoso Império Romano, haviam as denominadas Províncias Romanas, que consistiam em terras, distantes ou não da Roma Central, oriundas de conquistas bélicas dos Exércitos Romanos, as famosas Legiões Romanas.
Tais Províncias, espalhadas por vários continentes do Mundo, possuíam características bem peculiares de funcionamento depois de sua conquista territorial pelos Romanos.
Inicialmente eram administradas por Governadores, na sua maior parte ex-Pretores ou ex-Cônsules que recebiam estas terras pela forma de sorteio.
Estes Governadores, possuíam dentro de suas Províncias a conhecida e não menos temida Guarda Pretoriana, que correspondia a um grupo de legionários encarregados da proteção praetorium, ou seja, a parte central do acampamento de uma legião ou da guarda pessoal do Governador de determinada Província, tratando-se ainda de um grupo militar de elite, altamente treinado para os moldes da época.
Sempre em que ocorriam rebeliões do povo dominado e, consequentemente, escravizado em determinada Província Romana, os legionários, juntamente com esta Guarda Pretoriana, tratava de eliminar qualquer tipo de manifestação com violência bruta, mortes e muito sangue. Mais isso faz parte do passado ou nem tanto assim.
Ao me deparar com uma notícia jornalística cujo conteúdo tratava da agressão física por parte de funcionários de uma Concessionária dos Serviços de Trens da Estação Madureira, localizada na cidade do Rio de Janeiro, contra passageiros de trem que não conseguiam embarcar por conta do número elevado de usuários, que por conta disso, impediam assim, o não fechamento das portas do aparelho, e diante disso, de imediato me ocorreu esta antiga história que relatei acima. Mas qual a relação entre estes dois fatos?
A relação se dá a partir do momento em que tais funcionários, a serviço desta Concessionária, todos munidos de “chicotes improvisados” ou algo assim, tentavam, na medida do possível, por meio de chicotadas, pontapés e socos, fechar as portas do trem para que esse pudesse sair da estação e seguir seu caminho, ou seja, métodos romanos contra revoltos e escravos do nosso cotidiano?
A mim me parece, por tratar-se de verdadeiro abuso de poder, vez que estes funcionários não possuem esta atribuição, sendo sua função o contraposto disto, qual seja, o de assegurar a segurança e o bom funcionamento da Estação Metroviária e do uso desta pelos que ali transitam e fazem uso do respectivo serviço de transporte que deveria, pois não é, tranqüilo e descente.
A situação, que deveria ser tranqüila para todos, com raras ocorrências de vandalismo por parte de pessoas desequilibradas que podem ser e estar em qualquer lugar, a qualquer momento se tornou o próprio desequilíbrio, a própria desordem, causando pânico, terror, desespero e violência latente entre aqueles que utilizam diariamente este serviço e os funcionários ali agressores.
Imagine você, Pai de família, Mãe de família, Futura Mãe, Idoso, Deficiente Físico ou qualquer outro, sem distinção, sendo literalmente espancado, simplesmente por não haver a possibilidade de se ter as portas de um trem fechadas para a sua partida.
Uma vez isso ocorrendo “os locais” tem que, obrigatoriamente “obedecer às normas da Legião” de qualquer forma, sob pena de ocorrerem episódios piores, como ocorriam lá atrás e como ocorrem hoje nos tempos modernos, com os surfistas de trem ou malabaristas que pulam fios de alta tensão em um verdadeiro espetáculo bizarro por terem lugar nesse curral humano.
Desta forma, não encontrando outra solução em suas cabeças cheias de idéias geniais, os funcionários, mal preparados, atuaram de uma forma a - lá “Narcisismo á Romana”, como seus antepassados, ou seja, eliminar o caos com mais caos e muita violência, sem lei, sem respeito e sem tolerância, fosse quem fosse o chicoteado, até porque, as portas tinham que se fechar por “segurança” e “ordem”. Do Governador Provinciano? Não, mais sim do Governador chamado “Estação Madureira”. Belo exemplo.
Nossos meios de transporte têm inúmeras funções, a de desafogar o trânsito, a de dar transporte mais acessível financeiramente a todos, a de funcionar de forma correta e eficiente, tudo para o progresso do País, para que se tenha movimento, trabalho, renda, gastos e evolução e não retrocesso como nesse caso.
Mas aqui não foi o caso, a melhor solução encontrada foi se fazer uso de métodos ultrapassados, comprometendo assim o funcionamento desse meio de transporte e demonstrando que mais uma coisa nesse nosso País, funciona como nos tempos antigos. Lamentável.
Marcelo Ferla
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