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quinta-feira, 26 de julho de 2018

MPF de Goiás vai investigar se houve censura na remoção de perfis pelo Facebook


MPF de Goiás vai investigar se houve censura na remoção de perfis pelo Facebook
Rede social retirou 196 páginas e 87 perfis utilizados pelo MBL
POR CAROLINA BRÍGIDO
Logotipo do Facebook - Eric Gaillard / REUTERS
BRASÍLIA – O Ministério Público Federal em Goiás deu prazo de 48 horas para o Facebook enviar informações sobre a retirada do ar de 196 páginas e 87 perfis da rede social no Brasil. 
O órgão quer a relação de todas as páginas e perfis removidos, bem como a justificativa específica sobre a medida adotada, caso a caso. 
A intenção é investigar se a medida, que foi divulgada nesta quarta-feira pelo próprio Facebook, representou censura indevida.
“Assevero que os dados requisitados são imprescindíveis à atuação do Ministério Público Federal”, anotou o procurador da República Ailton Benedito, que desde setembro do ano passado investiga o Facebook por supostos atos de censura e bloqueio de usuários brasileiros. 
Ele acrescentou que, se as informações forem sonegadas, ou se o prazo estipulado não for cumprido, a rede poderá ser processada por prejudicar as apurações.
“As normas constitucionais e legais que regulam a internet no Brasil atuam sempre com vistas à liberdade de expressão, ao direito de acesso de todos à informação, ao conhecimento e à participação na vida cultural e na condução dos assuntos públicos; e a impedir a censura, bem como a discriminação dos usuários, por motivo de origem, raça, sexo, cor, idade, orientação política, entre outros, competindo ao MPF atuar nesse sentido”, esclareceu o procurador, por meio da assessoria da imprensa.
O procurador é conhecido por ações polêmicas. 
Ele questionou a decisão do Conselho Federal de Psiciologia de proibir profissionais de participar de ações que falem de cura de travestis e transexuais. 
Ele também foi o autor de uma ação civil pública para que a Polícia Federal pare de exigir dos cidadãos que solicitam posse de arma de fogo a comprovação de necessidade dos artefatos.
As páginas e usuários removidos foram identificados com o Movimento Brasil Livre (MBL) e teriam o objetivo de disseminar notícias falsas. 
De acordo com a empresa, a medida foi tomada com base no código de autenticidade da rede, por que “escondiam das pessoas a natureza e origem de seu conteúdo” e tinham o propósito de gerar “divisão e espalhar desinformação”. 
Essa não é a primeira ação da rede contra o MBL. 
Como revelado no início do ano pelo GLOBO, o Facebook já havia derrubado um aplicativo utilizado pelo movimento para disparar conteúdo automaticamente em centenas de páginas.
De acordo com o Facebook, a ação é parte de uma série de esforços da empresa para reprimir perfis enganosos antes das eleições de outubro. 
Segundo a agência de notícias Reuters, a rede de páginas era administrada por integrantes do MBL, que ganhou destaque por liderar protestos em 2016 a favor do impeachment da então presidente Dilma Rousseff. 
O estilo agressivo das postagens ajudou a polarizar o debate no Brasil.
As páginas desativadas, que juntas tinham mais de meio milhão de seguidores, variavam de notícias sensacionalistas a temas políticos, com uma abordagem claramente conservadora, com nomes como Jornalivre e O Diário Nacional.

post: Marcelo Ferla

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