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sábado, 21 de julho de 2018
DESENHO É SÓ PRA CRIANÇA?
DESENHO
É SÓ PRA CRIANÇA?
A Netflix anunciou o
lançamento de uma série de animação brasileira chamada Super drags, e que chega
à plataforma de streaming em maio:
O que sabemos sobre a
primeira de animação original da Netflix produzida no Brasil?
A história tem
como protagonistas os personagens Patrick, Donny e Ramon, que durante o dia
trabalham em uma loja de departamento e, à noite, tornam-se Lemon Chiffon,
Safira Cian e Scarlet Carmesim.
As super-heroínas drags têm a missão de reunir
a comunidade LGBT e “espalhar purpurina pelo mundo”.
Serão 5 episódios.
O que
já podemos perceber pelo trailer?
É uma animação direcionada aos adultos, e não
é a primeira do gênero a existir.
Obviamente Os Simpsons não é um desenho
direcionados para os pequeninos, assim como Rick & Morty, BoJack Horseman
(um cavalo com características humanas que foi famoso na Tv nos anos 1990 e
hoje acumula vícios, fracassos e muitas inseguranças) e Big Mouth (a puberdade
tratada comhumor e honestidade) são
animações gringas disponibilizadas na plataforma e que servem apenas ao usuário
adulto.
Já a Sociedade Brasileira de
Pediatria parece não estar sabendo que animação, faz tempo, não é só coisa de
criança, e divulgou uma nota criticando o conteúdo de Super Drags, que
considera impróprio para os pequenos, pedindo que a série seja cancelada antes
mesmo de ir ao ar.
A SBP diz que não se pode
“utilizar uma linguagem iminentemente infantil para discutir tópicos próprios
do mundo adulto”
A Netflix Brasil explicou
que a animação está na plataforma adulta, e não na kids.
E que a empresa
oferece duas formas para que os pais controlarem o que os filhos podem ou não
assistir: o controle parental (senha que precisa ser colocada para qualquer
conteúdo que tiver classificação indicativa superior à idade da criança) e o
controle individual para títulos (pode-se escolher títulos de séries ou filmes
específicos para bloquear).
A classificação indicativa
da série Super drags ainda não saiu, pois a série ainda não está concluída, mas
já sabe-se que o conteúdo não é infantil.
“A
Netflix oferece uma grande variedade de conteúdos para todos os gostos e
preferências.
‘Super drags’ é uma série de animação para uma audiência adulta e
não estará disponível na plataforma infantil (Netflix Kids).
A seção dedicada
às crianças, combinada com o recurso de controlar o acesso aos nossos títulos,
faz com que pais confiem em nosso serviço como um espaço seguro e apropriado
para os seus filhos.
As crianças podem acessar apenas o nosso catálogo
infantil, e nós colocamos o controle nas mãos dos pais sobre quando e a que
tipo de conteúdo seus filhos podem assistir”
De acordo com o que foi
colocado por Liubiana Arantes de Araújo, neurocientista e presidente do
Departamento Científico de Desenvolvimento e Comportamento da SBP, ao GLOBO, a
crítica não é em relação à existência de uma série sobre drag queens, mas ao
fato de as drags serem colocadas na posição de super-heroínas e representadas
em um desenho animado.
“O
super-herói faz parte da fantasia infantil.
A criança tende a ver o super-herói
como modelo de comportamento, modelo a ser seguido.
É preocupante quando se
coloca drag queens nessa posição de super-heróis — diz ela.
— Defendemos a
diversidade de gênero, respeitamos as drag queens, mas não podemos banalizar o
efeito que que um desenho assim tem no cérebro infantil, que não tem maturidade
cognitiva para entender isso.
Mesmo sendo um conteúdo voltado para adultos, o
simples fato de ser uma animação já o torna atraente para crianças.”
Mas o desenho não é pra
criança, gente.
Entende?
Nota da Sociedade Brasileira
de Pediatria:
“A
Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), em nome de cerca de 40 mil
especialistas na saúde física, mental e emocional de cerca de 60 de milhões de
crianças e adolescentes, vê com preocupação o anúncio de estreia, no segundo
semestre de 2018, de um desenho animado, a ser exibido em plataforma de
streaming, cuja trama gira ao redor de jovens que se transformam em drag queens
super-heroínas.
A
SBP respeita a diversidade e defende a liberdade de expressão e artística no país,
no entanto, alerta para os riscos de se utilizar uma linguagem iminentemente
infantil para discutir tópicos próprios do mundo adulto, o que exige maior
capacidade cognitiva e de elaboração por parte dos espectadores.
A
situação se agrava com o fim da Classificação Indicativa, decretado com
sentença do Supremo Tribunal Federal (STF) que declarou inconstitucional o
dispositivo do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que estabelece multa
e suspensão às emissoras de rádio e TV ao exibirem programas em horário diverso
do autorizado pela classificação indicativa.
Essa
decisão deixa crianças e os adolescentes dependentes, exclusivamente, do bom
senso das emissoras de TV e plataformas de streaming, agregando um complicador
a mais às relações delicadas existentes no seio da família, do ambiente escolar
e da sociedade, de forma em geral.
Isso
por conta do risco de exposição indevida desse segmento, por meio de programas,
como esse desenho animado, a imagens e conteúdos com menções diretas e/ou
indiretas a situações de sexo, de violência, de emprego de linguagem imprópria
ou de uso de drogas.
Vários
estudos internacionais importantes comprovam os efeitos nocivos, entre crianças
e adolescentes, desse tipo de exposição. Ressalte-se o período de extrema vulnerabilidade
pela qual passam esses segmentos, com impacto em processos de formação física,
mental e emocional.
Sendo
assim, a SBP reitera seu compromisso com a liberdade de expressão e com a
diversidade, mas apela à plataforma que cancele esse lançamento, como expressão
de compromisso do desenvolvimento de futuras gerações.
Além
disso, a SBP pede aos políticos que, considerando a impossibilidade de recurso
à decisão do STF, reabram o debate sobre a retomada da Classificação Indicativa
ouvindo a contribuição dos especialistas, o que permitirá encontrar solução que
não comprometa questões artísticas e assegure mecanismos de proteção para o
público composto por crianças e adolescentes.“
Não vejo problema nenhum em
classificação indicativa, é aliás uma ferramenta importante para que os pais
avaliem o material antes de expor aos seus filhos, mas nesse aso estamos
falando de uma animação adulta.
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