Assassinato
de Marielle e Anderson completa três meses sem culpados
Divisão de Homicídios apura
a relação de testemunha com um conselheiro afastado do TCE.
Ele já foi intimado a
prestar depoimento.
No Rio de Janeiro, a
execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes completa
três meses nesta quinta-feira (14).
Ainda não se sabe quem são os assassinos e
o que motivou o crime.
As famílias e a sociedade cobram as respostas.
Barulho e silêncio para
lembrar o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.
“A gente compreende
que as investigações estejam sob sigilo.
No entanto, a gente espera que as
altas autoridades do estado se comprometam publicamente com a solução desse
caso e que o caso seja solucionado da forma correta e mais célere possível”,
disse Renata Neder, coordenadora de pesquisa da Anistia Internacional.
“Três meses de muita dor, de
muita incerteza, de muitos questionamentos também.
O que a minha filha fez para
merecer isso?”, pergunta Marinete da Silva, mãe da Marielle.
Um caso complexo.
O mais
difícil já investigado pela Divisão de Homicídios do Rio.
“A investigação está
indo muito bem, não muito bem não, está indo bem.
O que nós estamos buscando no
caso são as provas.
No mais, nada a declarar.
Não vou adiantar nada para os
senhores”, disse o general Walter Braga Netto, intervendo federal na segurança
do Rio de Janeiro.
Em maio, o jornal “O Globo”
revelou que uma testemunha apontou mandantes da execução: o vereador do Rio
Marcello Siciliano, do PHS, e o ex-PM Orlando Oliveira de Araújo.
De acordo com
o depoimento, a motivação do crime teria sido o avanço de ações comunitárias de
Marielle Franco em áreas de interesse da milícia.
Mas o Ministério Público
considera esse depoimento frágil, já que a testemunha é um policial militar que
integrava a milícia de Orlando Oliveira e se desentendeu com o antigo chefe.
Orlando Oliveira e o vereador Marcello Siciliano negam as acusações.
“Evidente que já ficou claro
que esse delator tem relações com outros grupos políticos.
É claro que tem
grupos políticos diferentes envolvidos em crimes diferentes, em disputadas
territoriais, em disputas de votos, em área de milícia, que têm interesse de um
incriminar o outro.
É preciso saber se esse delator está prestando serviço à
Justiça ou a algum outro grupo criminoso.
Tudo tem que ser investigado”, disse
o deputado estadual Marcelo Freixo, do PSOL-RJ.
Três meses depois das mortes
de Marielle Franco e Anderson Gomes, surgiram elementos novos na investigação.
A Divisão de Homicídios apura a relação da testemunha com outro político: um
conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado.
Ele já foi intimado a
prestar depoimento.
O conselheiro afastado é
Domingos Brazão, que já foi vereador e deputado estadual pelo MDB.
A família
dele e o vereador Marcello Siciliano são adversários políticos.
Disputam cargos
na administração municipal.
A polícia apura se pessoas
ligadas a Domingos Brazão levaram a testemunha até as autoridades, como revelou
o portal G1 em 2 de junho.
Em março de 2017, quando
ainda era conselheiro do TCE, Domingos Brazão foi preso em um desdobramento da
Lava Jato, acusado de receber propina para não fiscalizar irregularidades no
governo de Sérgio Cabral.
Mas ficou menos de um mês na cadeia.
O ex-assessor dele Gilberto
Ribeiro da Costa, que ainda trabalha no Tribunal de Contas do Estado, também
foi convocado a prestar depoimento.
A família de Marielle cobra
justiça: “Foi um crime muitíssimo bem executado.
Acredito que por isso a
dificuldade de se chegar à resposta correta.
Eu acredito que por trás disso
exista uma pessoa poderosa”, disse Mônica Benício, viúva de Marielle.
Gilberto Ribeiro da Costa
disse que não tem qualquer envolvimento com o caso e que já prestou depoimento.
O Jornal Nacional não
conseguiu localizar Domingos Brazão.
post: Marcelo Ferla
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