Caixa
reavaliará cláusulas de patrocínio à ginástica olímpica
Mais de 40 atletas acusam
ex-técnico de abuso sexual
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Caixa reavaliará
cláusulas de patrocínio após as denúncias de abuso sexual contra o ex-técnico
da seleção Fernando Carvalho Lopes | Foto: Ricardo Bufolin / Divulgação CP
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A Caixa Econômica Federal
analisa as cláusulas do contrato de patrocínio firmado com a Confederação
Brasileira de Ginástica (CBG) após as denúncias de abuso sexual contra o
ex-técnico da seleção Fernando Carvalho Lopes.
Acusado por mais de 40 ginastas
e ex-ginastas, Lopes é investigado em um inquérito da Polícia Civil de São
Paulo e pelo Ministério Público Estadual.
Em nota, a Caixa informou
que avalia "todas as medidas cabíveis para a correta verificação dos fatos
e consequências pertinentes”.
A Caixa começou a patrocinar a confederação em
2006.
O contrato, que teve início no ano passado e tem validade até 2020, é de
R$ 20 milhões.
Procurada pela reportagem, a
CBG informou que não comentaria a questão.
A Caixa, por sua vez, informou que
não renovará o convênio mantido com a prefeitura de São Bernardo do Campo, que
vencerá em agosto deste ano.
A instituição não confirma
se a decisão foi motivada pelas denúncias contra Lopes, que trabalhava em um
clube da cidade.
“A decisão de não renovação ocorreu por uma decisão
estratégica para o ano, considerando inclusive a dotação orçamentária
disponível”, informou a Caixa.
O convênio com a administração municipal previa
o patrocínio ao projeto Esporte São Bernardo – Atletismo e Ginástica, que era
desenvolvido na Arena Olímpica São Bernardo.
O Clube Mesc publicou nota
em seu site na qual diz que, há dois anos, quando surgiram as primeiras
acusações, Fernando de Carvalho Lopes foi "de imediato e, por
cautela", transferido para serviços administrativos.
Segundo o clube,
Lopes não mantém, desde então, contato direto com atletas e alunos da
ginástica, ou de qualquer outra modalidade esportiva do clube.
O Mesc também
negou que tivesse algum convênio com a prefeitura ou que recebesse dinheiro da
administração municipal.
Procurada pela reportagem
nessa segunda-feira, a prefeitura de São Bernardo informou que não tem projeto
financiado ou conveniado com o Mesc e que o técnico Fernando Lopes nunca fez
parte do quadro de profissionais da pasta nesta gestão.
Acordo com MPT
A Confederação Brasileira de
Ginástica informou que estabeleceu um acordo com o Ministério Público do
Trabalho (MPT) para avaliar o melhor procedimento para o caso.
A CBG pretende
ainda ouvir o treinador Marcos Goto, coordenador técnico da instituição que,
segundo os atletas, tinha conhecimento dos abusos praticados por Lopes.
A
entidade acrescenta que firmou, com o Ministério Público do Trabalho, um termo
de ajuste para combater o assédio e os abusos moral e sexual, além da prática
de doping, violência e fraudes na modalidade esportiva.
Em reunião na última
sexta-feira, a diretoria da CBG decidiu elaborar uma cartilha com dicas,
recomendações e divulgação de condutas proibidas.
O documento será elaborado em
conjunto com os procuradores do Trabalho.
O ginasta campeão olímpico nas
argolas, Arthur Zanetti, foi escolhido para participar das campanhas.
CPI
A Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) do Senado Federal que investiga maus-tratos contra crianças e
adolescentes aprovou nesta terça-feira dois requerimentos do senador Magno
Malta (PR-ES), para que Lopes e o ginasta Diego Hypolito sejam ouvidos.
Como é
acusado, Lopes será convocado para depor e o ginasta, convidado para falar.
“Conversei com o Diego
Hypólito e pude, em nome desta CPI, desta Casa e em nome de todos aqueles que
se levantam contra esse crime absolutamente nojento, que é o crime de violência
sexual ou violência moral ou psicológica contra uma criança ou um adolescente,
agradecer pela coragem do Diego de publicamente falar do bullying”, disse
Malta, que preside a CPI.
Investigação
As denúncias sobre abusos
cometidos pelo ex-treinador de ginástica artística motivaram uma investigação
da Polícia Civil em São Bernardo do Campo.
Na última sexta-feira (4), a polícia
cumpriu mandados de busca e apreensão na casa do ex-técnico e apreendeu um HD
externo, um pendrive, CDs e DVDs.
O caso está sob segredo de Justiça.
O Ministério Público de São
Paulo abriu ontem um procedimento, chamado notícia do fato, para apurar se os
atletas de ginástica artística que treinam em um clube de São Bernardo do Campo
necessitam de medidas protetivas.
O procedimento foi aberto pela Promotoria de
Justiça da Infância e Juventude da cidade.
De acordo com a Promotoria, o
procedimento pretende apurar, neste momento, se há necessidade de aplicação de
medidas de proteção aos adolescentes que disseram ter sido vítimas de abuso,
pois o professor já foi afastado do cargo.
Nota da prefeitura
Em nota divulgada nesta
terça-feira, a prefeitura de São Bernardo do Campo informa que o contrato com a
Caixa Econômica Federal tem vigência até agosto e que a administração
municipal, até este momento, "não recebeu nenhuma notificação oficial do
banco sobre a manutenção ou não do convênio", mas que "acredita na
renovação do novo ciclo de patrocínio".
"Caso haja uma rescisão
contratual, a prefeitura garante que dará seguimento ao programa de treinamento,
mesmo que com recursos próprios", acrescenta a nota.
Do Blog:
“Mas o que os atletas têm a
ver com isso, @Caixa?”
Declaração de Marcelo Rubens
Paiva no twitter
post: Marcelo Ferla
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