Atual
gestão da Eletrobras pagou quase R$ 2 milhões para que falassem mal da própria
empresa
POR LÚCIO DE CASTRO
A Eletrobras pagou quase
dois milhões de reais para ser mal falada.
Sem licitação.
Tratada oficialmente como
“desestatização” ou “democratização do capital”, a privatização da empresa,
prioridade do governo de Michel Temer, recebeu um forte impulso em 20 de
setembro de 2017, quando a estatal assinou com a RP Brasil Comunicações, do grupo
FSB Comunicação, a maior assessoria de imprensa do país.
Objeto do contrato ECE-DJS
1252/2017, obtido pela reportagem via Lei de Acesso à Informação (LAI):
“assessorar a Eletrobras na comunicação relativa ao projeto de acionista
majoritário de desestatização da empresa”.
O valor exato do contrato
foi de R$ 1.800.000,00 (um milhão e oitocentos reais).
Sendo R$ 1.574.000,00
(um milhão, quinhentos e setenta e quatro mil reais) para elaboração e execução
do objeto, dividido em vários itens (ver quadro abaixo) e R$ 226.000,00 para
despesas comprovadas com a execução.
Em busca de uma mobilização
da opinião pública e formação de ambiente favorável para a privatização, a
empresa traçou como estratégia a divulgação de um cenário de mazelas e
problemas da estatal.
Para tal, era preciso acionar os chamados formadores de
opinião, imprensa, soltar notas em colunas de jornais, municiar comentaristas
econômicos, pautar a mídia em geral, mostrando sempre um cenário que tornasse
urgente tal privatização, acelerada pela pressa do governo federal em
concretizar o negócio.
A empresa nega tal viés e afirma que no contrato está
ressaltada a necessidade de se “preservar a imagem positiva da empresa”, embora
reconheça que a divulgação “não omite dados negativos como prejuízos
financeiros ou dívida bruta superior a R$ 45 bilhões” (ver “outro lado ao fim
da reportagem).
De acordo com o plano
desenhado no contrato, foi feita uma “análise do cenário”, passando em seguida
para o chamado “mapeamento dos stakeholders”, ou seja, definição de quem é o
público estratégico alvo das mensagens a serem enviadas.
Em um segundo momento,
veio a chamada “mobilização dos influenciadores”, item discriminado com custo
de R$ 170.000,00 (cento e setenta mil) dentro do milhão e oitocentos reais do
projeto total.
Em um dos 10 itens incluídos
no plano de ação da FSB e apresentado no contrato, estava a execução de uma
pesquisa de opinião pública para se verificar a popularidade do plano de se
privatizar a Eletrobras, com custo específico de R$ 120.000,00 (cento e vinte
mil).
Eletrobrás: “vale ressaltar
que divulgação de informações acerca do Contrato com a RP é tão sensível que
pode trazer prejuízos ao denominado processo de democratização”.
O contrato entre Eletrobras
e FSB prevê ainda, em seu item 7.1, que os pagamentos entre contratante e
contratada serão feitos quando da “entrega dos relatórios mensais elaborados
pela contratada correspondentes à consolidação dos resultados alcançados”.
A
reportagem solicitou tais relatórios também através de novo pedido de Lei de
Acesso à Informação, mas, embora o contrato em si tenha sido disponibilizado
também via LAI, ainda que em recurso de última instância, o acesso aos
relatórios foi negado.
Um terceiro pedido de Lei de
Acesso à Informação foi feito junto à Eletrobras.
Relativo às informações sobre
o suposto processo de licitação para o contrato em questão, o ECE-DJS
1252/2017.
Solicitando o nome dos participantes da disputa, as propostas, os
documentos do processo e o resultado final.
Também foi negado em primeira e
segunda instância.
Na negativa, a Eletrobras
justifica o segredo quanto ao processo de licitação do que chama de
“democratização do capital social” afirmando que “trata-se de informação
estratégica da Eletrobras, posto que os documentos solicitados estão
diretamente ligados à atuação da empresa no mercado concorrencial”.
E segue:
“Isso porque as informações relativas ao contrato RP Brasil Comunicações (FSB
Comunicação) são pilares fundamentais do processo de democratização do capital
social da Eletrobras”.
Destaca ainda a importância estratégica do contrato
entre Eletrobras e FSB:
“Com efeito, vale ressaltar que divulgação de
informações acerca do Contrato com a RP é tão sensível que pode trazer
prejuízos ao denominado processo de democratização”.
Apesar da negativa da
Eletrobras na transparência do acesso ao processo de licitação, a reportagem
apurou com diferentes fontes como se deu tal disputa.
Ou na verdade, como não
se deu a disputa.
Ao menos a partir de certo ponto.
A reportagem interpôs
recurso à Controladoria Geral da União (CGU), alegando a contradição entre ter tido
acesso ao contrato mas ter tido negado vista aos relatórios e licitação, além
de outras questões da LAI que garantem tal acesso.
A CGU não respondeu até
aqui.
Apesar da negativa da
Eletrobras na transparência do acesso ao processo de licitação, a reportagem
apurou com diferentes fontes como se deu tal disputa.
Ou na verdade, como não
se deu a disputa.
Ao menos a partir de certo ponto.
Em meio a corrida do governo
Temer para privatizar a Eletrobras, foi feita uma “tomada de preços” para
definir-se quem iria ficar com o contrato ECE-DJS 1252/2017.
A tomada de preços
é um momento crucial de uma licitação, onde fica determinado o patamar do preço
onde será realizado o leilão final e onde são demonstrados os parâmetros de
preço do mercado.
É também, falando-se de maneira geral e genérica, um momento
da licitação onde os preços podem ser jogados para cima e superfaturados.
O livro “Uma análise diante
das vulnerabilidades das licitações públicas no Brasil” (José Luciano de
Oliveira, Descartes Almeida Fontes, Rodrigo Alexandre e Bruno Andrey), mostra
que, novamente de maneira geral, “nesta fase podem ocorrer diversos tipos de
fraudes como montagem de licitação, acordo prévio, acerto de preços,
superfaturamento e habilitação de empresas inexistentes”.
O pouco usual é o que
ocorreu na Eletrobras em relação ao contrato ECE-DJS 1252/2017, de acordo com
diversas fontes ouvidas pela Agência Sportlight de Jornalismo Investigativo
Geralmente são utilizados
três orçamentos de empresas diferentes.
Ao contratar os serviços em jogo, a
instituição realiza os procedimentos licitatórios conforme a legislação
específica, podendo participar nessa fase tanto empresas que foram orçadas na
fase de análise da tomada de preços quanto qualquer outra empresa, desde que
observando os valores de mercado.
Assim, sempre que vencida a etapa da tomada
de preços, é realizada a licitação.
O pouco usual é o que
ocorreu na Eletrobras em relação ao contrato ECE-DJS 1252/2017, de acordo com
diversas fontes ouvidas pela Agência Sportlight de Jornalismo Investigativo.
Os
relatos, que se completam, dão conta que algumas das maiores empresas do país
no ramo de assessoria e comunicação participaram do certame.
Além da própria
FSB, apresentaram propostas a Companhia de Noticias (CDN) e a Informe Comunicação.
As três ocupam o pódio em contas do governo federal com reconhecida notória
especialização em estratégia de comunicação.
De acordo com as apurações
da reportagem, a Informe Comunicação teria apresentado a proposta de menor
custo financeiro, ficando em primeiro lugar.
A FSB teria ficado em segundo.
No
entanto, após o resultado da “tomada de preços” das empresas chamadas para uma
licitação, a regra do jogo mudou: a Eletrobras resolveu escolher a vencedora
pela modalidade de “inexigibilidade”, onde se dispensa uma concorrência e se
promove uma contratação direta.
A lei concede o direito ao contratante de
escolha do fornecedor caso existam razões que justifiquem a dispensa de
licitação.
No contrato em questão, a
Eletrobras alegou que “em face da sua complexidade e singularidade, bem como
confidencialidade, por envolver informações estratégicas da empresa, somente
poderia se dar através de inexigibilidade de licitação, o que impossibilita o
estabelecimento de critérios objetivos, requerendo empresa de notória
especialização em estratégia de comunicação” como está em resposta da
Eletrobras ao fim da reportagem em “Outro Lado”.
Os demais envolvidos na
“tomada de preços” tem contrato com outras entidades do próprio governo federal
para desenvolver estratégias de comunicação.
Em 17 de outubro de 2017,
quase um mês depois da assinatura do contrato entre FSB e Eletrobras, a empresa
publicou no Diário Oficial da União o resultado, anunciando o resultado com a
FSB como detentora do contrato por “inexigibilidade de licitação”.
Os bastidores da
concorrência que não houve apontam para uma mão determinante em optar depois da
tomada de preços pela “inexigibilidade de licitação” que decretou a vitória da
FSB: Wilson Pinto Ferreira Junior, nomeado por Michel Temer para presidir a
estatal.
Wilson Pinto Ferreira
Júnior, de 58 anos, assumiu a Eletrobras com uma missão específica dada por
Michel Temer: conduzir o processo de privatização.
Começou a vida profissional
na Companhia Energética de São Paulo (CESP) e foi alçado a gerente de
distribuição da empresa na primeira gestão de Mário Covas como governador de
São Paulo (1995).
Em 1998 passou para a iniciativa privada como o primeiro
presidente da Rio Grande Energia, criada após a privatização parcial da
distribuição de energia elétrica no estado do Rio Grande do Sul pelo então
governador Antônio Britto.
Assumiu a presidência da empresa CPFL em março de
2000 e, desde 2002 presidiu a holding.
A nomeação de Wilson Pinto
Ferreira Júnior por Michel Temer foi em 22 de julho de 2016.
Cerca de um mês
antes da nomeação, mais exatamente no dia 16 de junho de 2016, Wilson Pinto
Ferreira Júnior abriu duas empresas: a Kalimantan Empreendimentos e
Participacoes, tendo como atividade principal a “compra e venda de imóveis
próprios” e a Wilpifer Participacoes Ltda, com atividade de “holding de
instituições não financeiras”.
Exatamente no mesmo dia em
que foi nomeado para a presidência da Eletrobras, 22 de julho de 2016, o
executivo promoveu um aumento de capital social da Kalimantan Empreendimentos e
Participacoes, passando de R$ 1.000,00 (mil reais) para R$ 3.596.705 (três milhões,
quinhentos e noventa e seis mil e setecentos e cinco reais), e também na
Wilpifer Participacoes, onde o capital social sai de R$ 1.000,00 (mil reais)
para R$ 7.232.698,00 (sete milhões, duzentos e trinta e dois mil, seiscentos e
noventa e oito reais).
A reportagem enviou questões para o presidente da
Eletrobras sobre a coincidência de datas através da assessoria de imprensa.
(ver resposta abaixo em “Outro Lado”).
Desde que Michel Temer
assumiu a presidência, em 12 de maio de 2016, a privatização da Eletrobras tem
sido obsessão do governo, que já editou três Medidas Provisórias (MP) para
viabilizar a venda da Eletrobras.
Com Temer ainda de
presidente interino, o poder executivo editou a Medida Provisória (MP) 735,
aprovada pelo Congresso, na intenção de facilitar a transferência do controle
de ativos e as privatizações de distribuidoras da Eletrobras.
Em 2017 veio a MP 814,
retirando da Lei 10.848/2004, que trata da comercialização de energia, o artigo
que excluía a Eletrobras e suas controladas — Furnas, Companhia Hidroelétrica
do São Francisco, Eletronorte, Eletrosul e a Companhia de Geração Térmica de
Energia Elétrica (CGTEE) — do Programa Nacional de Desestatização.
“Esse cara tem que ser
investigado. Esse cara fez miséria na secretaria no Rio”.
O relator da MP 814/2017 é o
deputado federal Júlio Lopes (PP-RJ), ex-secretário de transportes do Rio na
gestão Sérgio Cabral, que aparece na delação premiada de Benedicto Júnior, da
Odebrecht, em denúncia de recebimento de R$ 15,6 milhões, como está em planilha
entregue ao Ministério Público Federal (MPF-RJ).
Pela delação, entre 2008 e
2014, o deputado teria recebido 91 pagamentos.
O relator da MP de privatização
da Eletrobras atendia na lista de propinas da Odebrecht pelos apelidos de
“Pavão”, “Bonitão”, “Bonitinho”, “Velho” e “Casa de Doido”.
Júlio Lopes é
citado ainda em depoimento de Jacob Barata, o “Rei do Ônibus”, sobre
recebimento de propinas no esquema de caixinha para políticos da Federação das
Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro
(Fetranspor).
Já o ex-deputado Pedro
Corrêa cita em depoimento o relator da MP 814/2017 da seguinte forma:
“Esse
cara tem que ser investigado.
Esse cara fez miséria na secretaria no Rio”.
E
conta ainda que, diante da voracidade de “Casa de Doido”, deu o seguinte
conselho, tanto a ele quanto a Eduardo Cunha, preso na Lava Jato:
“Olha, se
vocês que acabaram de chegar a Brasília forem com tanta sede ao pote, vão
acabar cassados”.
Júlio Lopes nega todas as acusações.
Em sua propaganda, o governo
alardeia que deve alcançar R$ 12,2 bilhões na privatização, sempre tratada como
“democratização do capital”.
No entanto, de acordo com o próprio Ministério de
Minas e Energia, o valor patrimonial da estatal é de R$ 46,2 bilhões e o total
de ativos da empresa chega a R$ 170,5 bilhões. Além de R$ 541 bilhões
investidos desde a criação, em 1962.
Uma guerra de liminares e no
Congresso Nacional tem sido travada sobre o tema.
Para tentar ganhar a batalha
de informação, a Eletrobras lançou a campanha de comunicação do “projeto de
acionista majoritário de desestatização da empresa”, que está no contrato aqui
tratado, o ECE-DJS 1252/2017, da licitação que acabou com a FSB.
Nos jornais, é
possível ver, de acordo com o levantamento da Agência Sportlight de Jornalismo
Investigativo, a difusão maior e aumento no tom das notícias negativas quanto a
gestão e resultados da Eletrobras após a assinatura do contrato com a FSB.
Notas de coluna, comentários
na TV, pautas construídas para demonstrar a necessidade urgente da privatização,
como nos casos reproduzidos abaixo.
Em todos os meios de comunicação.
Notícias
do quão lucrativo seria o leilão, manchetes sobre os prejuízos que os
“obstáculos na privatização” causam, notas diárias em colunas de analistas
mostrando que só há tal caminho diante dos números da estatal.
A FSB Comunicação, iniciais
de Francisco Soares Brandão, é a maior agência de comunicação do Brasil.
O dono
foi protagonista de um perfil sobre assessorias de imprensa no Brasil, escrito
por Luiz Maklouf Carvalho para a Revista Piauí em 2015.
De acordo com a
reportagem, os números então eram de “700 funcionários e 200 clientes, entre os
quais meia dúzia de ministérios, estatais como a Petrobras, os governos
estadual e municipal do Rio, além de algumas outras prefeituras, como a de
Campinas, e dezenas de grandes empresas do setor privado”, com sede no Rio e
filiais em São Paulo, Brasília e Campinas, além de escritório em Nova Iorque.
Com faturamento de R$ 200 milhões em 2014, de acordo com a reportagem. Mais da
metade vindo do setor público.
De acordo com o perfil, foi
na era de Sérgio Cabral, ex-governador do Rio e atualmente preso por corrupção,
que a FSB deu o salto de tamanho.
De pouco mais de 100 funcionários,
multiplicou em sete vezes.
“Em seus governos, Cabral na prática terceirizou a
comunicação do estado para a FSB.
A agência mandava em tudo – da estratégia de
comunicação aos funcionários que cada secretaria teria.
Pelo menos setenta
jornalistas da FSB passaram a trabalhar alocados nas principais pastas do
governo estadual”, diz o texto.
A supremacia da FSB também
se deu nas prefeituras de Eduardo Paes, onde dominou a comunicação.
A empresa
está citada na Lava Jato.
Em acordo de delação premiada, o publicitário Renato
Pereira relatou ter atuado para direcionar o contrato de comunicação da
prefeitura do Rio à FSB Comunicação em 2015, um ano antes da Olimpíada do Rio.
Em função desse contrato, o marqueteiro diz ter recebido cerca de 30% dos
lucros da FSB.
Em reportagens sobre o tema publicadas na ocasião, o ex-prefeito
Eduardo Paes negou direcionamento do contrato de comunicação da prefeitura.
Já
a FSB, de acordo com nota publicada no jornal O Globo na ocasião, reconheceu
trabalhos em conjunto com a empresa de Renato Pereira, a partir de “relações
absolutamente legítimas”.
Moreira Franco: Embora
investigado por sua ação em processos de privatizações, é ele que agora irá
conduzir o processo de privatização da Eletrobras.
No último 6 de abril,
Fernando Coelho Filho (MDB-PE) deixou o Ministério das Minas e Energia (MME),
que abrange a Eletrobras e onde estava desde o início do governo Temer.
Em seu lugar assumiu
Wellington Moreira Franco, do círculo mais próximo a Michel Temer.
Conhecido
como “gato angorá” na lista da Odebrecht e citado na delação do presidente da
Andrade Gutierrez, Moreira Franco ganhou proteção do amigo Temer sendo nomeado
em 12 de maio de 2016 para a função de Secretário do Programa de Parcerias de
Investimentos do Brasil, mas com status de ministério, garantindo assim o foro
privilegiado.
Em 3 de fevereiro de 2017 virou Ministro-Chefe da
Secretaria-Geral da Presidência do Brasil, onde ficou até o último 6 de abril,
quando assumiu o Ministro de Minas e Energia do Brasil.
Desde o anúncio de sua
posse, as ações da Eletrobras desabaram R$ 2,6 bilhões em uma semana.
Embora
investigado por sua ação em processos de privatizações, é ele que agora irá
conduzir o processo de privatização da Eletrobras.
Outro Lado:
Eletrobras:
A reportagem enviou através
da assessoria de impresa as questões abaixo para a Eletrobras. Veja as
respostas:
Pergunta:
1- O objeto do contrato em
questão fala em “assessorar a Eletrobras na comunicação relativa ao projeto de
acionista majoritário de desestatização da empresa”.
De acordo com levantamento
e apuração feitos por esta reportagem, desde 20 de setembro, quando assinado
tal acordo entre Eletrobras/FSB, cresceu o número de reportagens na imprensa
apontando mazelas da empresa, embasado em subsídios e pautas fornecidos a
partir deste contrato.
Repassar tais questões da Eletrobras era parte do
acordo? No que consistia exatamente tal assessoramento da FSB?
Resposta: – Conforme o
objeto do contrato citado, a contratação de empresa de consultoria em estratégia
empresarial objetivou assessorar a Eletrobras na comunicação relativa ao
projeto de desestatização da empresa.
A preservação da imagem positiva da
empresa faz parte, inclusive, do projeto básico desta contratação, conforme
trecho destacado a seguir:
A contratação tem também como objetivo preservar a
confidencialidade de informações estratégicas e assegurar agilidade e
assertividade nas ações estratégicas de comunicação necessárias ao sucesso do
projeto, reduzindo o impacto negativo e preservando a imagem positiva da
empresa.
Por se tratar de um tema que
desperta grande interesse da imprensa, as demandas dos veículos de comunicação
por informações sobre a Eletrobras e por entrevistas com seus porta-vozes
aumentaram.
Em um processo desta complexidade, surgem diversas especulações e,
por meio do assessoramento da FSB, a Eletrobras tem buscado esclarecer aos seus
diversos públicos de relacionamento, como a sociedade de maneira geral,
acionistas, parlamentares e empregados, as consequências e benefícios em caso
de a empresa ser ou não privatizada, sob aspectos de sua capacidade de
investimentos e sustentabilidade a longo prazo.
Neste maior número de
oportunidades de exposição da empresa na mídia, tem-se destacado as melhorias
que estão sendo implantadas e as mudanças implementadas pela atual gestão.
Destacam-se, nas comunicações à imprensa, as metas elencadas no Plano Diretor de
Negócios e Gestão da companhia e os avanços em cada uma das iniciativas
relacionadas ao plano.
Porém, até mesmo para parametrizar as conquistas
alcançadas, é preciso contextualizar os dados de uma empresa em recuperação,
que, em função de seu compromisso com a transparência, não omite dados
negativos como prejuízos financeiros ou dívida bruta superior a R$ 45 bilhões.
Pergunta:
2- Em um dos 10 itens
incluídos no plano de ação da FSB e apresentado no contrato, estava a execução
de uma pesquisa de opinião pública para se verificar a popularidade do plano de
se privatizar a Eletrobras, com custo específico de R$ 120.000,00 (cento e
vinte mil) dentro do preço total do contrato, de R$ 1,8 milhão.
O acesso aos
resultados de tal pesquisa foi negado para a Agência Reuters, de acordo com
reportagem da mesma em março último.
Tampouco foram divulgados na imprensa em
forma de reportagem ou notas de colunas.
Qual o resultado e qual o critério
para não ter sido divulgado?
Gostaria de esclarecer ainda se somente notícias negativas
da empresa e consequentemente positivas para o cenário da privatização foram
trabalhados pela assessoria junto aos chamados “formadores de opinião” da
imprensa.
Resposta:– O objetivo da
pesquisa é orientar as ações da empresa bem como subsidiar a elaboração da
estratégia de comunicação.
Representa, portanto, ferramenta estratégica de
mapeamento de cenário, não sendo sua divulgação parte da estratégia de atuação
definida.
Quanto aos formadores de opinião, estes são informados sobre o
cenário da empresa e os benefícios esperados com a privatização.
Pergunta:
3- Gostaria de saber ainda
se não infringe as normas técnicas, éticas e regulamentos da empresa o fato de
estar se contratando uma empresa para divulgar fatos negativos da própria
empresa, como apurado pela reportagem junto aos meios de imprensa e em checagem
no conteúdo publicado desde a vigência do contrato Eletrobras/FSB.
Resposta:– Conforme já
detalhado na primeira questão, a empresa foi contratada para assessorar a
Eletrobras na comunicação relativa ao processo de desestatização, esclarecendo
seus principais pontos à opinião pública.
Pergunta:
4- O processo de licitação
para o contrato Nº ECE-DJS-1252/2017 foi disputado pela FSB, Companhia de
Noticias (CDN) e a Informe Comunicação, tendo esta última, a Informe
Comunicação, sido a vencedora em primeiro momento.
No entanto, acabou sendo
preterida pela FSB para tal contrato. Qual a razão e justificativa para tal?
Resposta:– A Eletrobras não
realizou um processo licitatório.
O objeto pretendido pela Eletrobras,
contratação de serviços de consultoria especializados, em face da sua
complexidade e singularidade, bem como confidencialidade, por envolver
informações estratégicas da empresa, somente poderia se dar através de
inexigibilidade de licitação, o que impossibilita o estabelecimento de
critérios objetivos, requerendo empresa de notória especialização em estratégia
de comunicação, conforme previsto na Lei 8.666/93, inc. III do artigo 13 e Inc.
II do artigo 25 e artigo 26 da Lei.
Na inexigibilidade, que é
uma contratação direta, é concedida à Administração a possibilidade de escolha
do fornecedor que, no seu entender, tem melhores condições de executar o
objeto.
Nesta modalidade de contratação, o preço não é um fator determinante,
embora haja um rito próprio para sua verificação.
A comprovação da prática de
preços justos, nesses casos, conforme estabelece o Tribunal de Contas da União
(TCU), deve ser dada pela própria empresa a ser contratada, que apresenta
documentação comprobatória de que os preços que está a cobrar da Administração
estão compatíveis com a prestação de serviços semelhantes a outras empresas.
Assim sendo, mesmo com a
premissa de contratarmos a RP BRASIL COMUNICAÇÕES (FSB Comunicação) em virtude
da sua irrefutável notoriedade no mercado de comunicação corporativa,
solicitamos propostas a outras empresas, ainda que não seja isto exigido na
contratação Direta por inexigibilidade.
A Eletrobras foi ao mercado solicitar
orçamentos para o referido serviço por entender que as propostas poderiam ser
mais um elemento em sua análise sobre a empresa que estaria mais apta a
executar o objeto.
Das empresas com notoriedade compatível com a RP BRASIL
COMUNICAÇÕES (FSB Comunicação) que lideram o ranking das maiores agência de
comunicação corporativa no Brasil, o preço da FSB foi o menor.
Pergunta:
5- Wilson Pinto Ferreira
Júnior foi nomeado como presidente em 22 de julho de 2016.
Cerca de um mês
antes da nomeação, mais exatamente no dia 16 de junho de 2016, Wilson Pinto
Ferreira Júnior abriu duas empresas: a Kalimantan Empreendimentos e
Participacoes, tendo como atividade principal a “compra e venda de imóveis
próprios” e a Wilpifer Participacoes Ltda, com atividade de “holding de
instituições não financeiras”.
E no mesmo dia em que é nomeado, 22 de julho de
2016, o sr Wilson Pinto Ferreira Júnior promove um aumento de capital social da
Kalimantan Empreendimentos e Participacoes, passando de R$ 1.000,00 (mil reais)
para R$ 3.596.705 (três milhões, quinhentos e noventa e seis mil e setecentos e
cinco reais), assim como na Wilpifer Participacoes, onde o capital social sai
de R$ 1.000,00 (mil reais) para R$ 7.232.698,00 (sete milhões, duzentos e
trinta e dois mil, seiscentos e noventa e oito reais).
Qual a razão para ter
promovido tal aumento de capital nas duas empresas no mesmo dia em que assumiu
a Eletrobras?
Resposta:– As duas referidas
empresas foram criadas por orientação dos advogados do presidente Wilson por se
constituírem estruturas societárias mais eficientes para a sucessão.
Tendo dois
filhos, de dois casamentos diferentes, com uma grande diferença de idade entre
eles (5 e 21 anos), a opção de transferir para as empresas os bens imóveis que
adquiriu ao longo de sua trajetória teve por objetivo assegurar uma sucessão
tranquila.
O aumento de capital a que se refere a pergunta foi realizado quando
os bens imóveis, devidamente registrados na declaração de imposto de renda,
foram transferidos da pessoa física para a pessoa jurídica.
Quanto à data de
realização da operação, não tem qualquer relação com sua entrada na Eletrobras,
até porque se trata de uma operação que já vinha sendo preparada anteriormente.
FSB:
A reportagem enviou questões
para a FSB Comunicação sobre o contrato e o processo de escolha.
A empresa
enviou a resposta abaixo:
Resposta:-“A FSB não se
pronuncia sobre contratos em vigor com seus clientes”.
post: Marcelo Ferla
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