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sexta-feira, 12 de janeiro de 2018
Homens admiráveis.
A
carta da esposa de Aldous Huxley após injetar LSD no marido em seu leito de
morte.
por: Vitor Paiva
O escritor inglês Aldous
Huxley não foi somente um desbravador da literatura, mas também da consciência
humana.
Autor de clássicos imortais como Admiravel Mundo Novo e As Portas da
Percepção, Huxley explorou o uso de alucinógenos como a mescalina, o LSD e
outros psicodélicos a fim de expandir a consciência e descobrir, através da
abertura justo das portas da percepção, novos horizontes do pensamento humano.
A experiência com drogas psicodélicas foi tão importante para Huxley, que o
autor planejou deixar a vida em uma viagem de LSD – e, com a ajuda de sua
mulher, assim o fez.
Laura e Aldous Huxley
Aldou Huxley morreu em
novembro de 1963 – curiosamente no mesmo dia em que o presidente dos EUA John
Kennedy foi assassinado – depois de três anos de luta contra um câncer e, após
o diagnóstico derradeiro de um médico, horas antes de sua morte, conforme seu
pedido, sua mulher, Laura, lhe injetou diversas doses de LSD.
Em uma
impressionante carta endereçada ao irmão de Huxley, Laura conta em detalhes
como se deu a morte de um dos grandes autores do século XX, sob o efeito do
ácido.
O jovem Huxley
“Eu fui avisada de que pela
manhã ele poderia ter convulsões perturbadoras, próximo ao fim, ou algum tipo
de contração pulmonar, com ruídos.
As pessoas tentaram me preparar para reações
físicas horríveis que ocorreriam.
Nada disso aconteceu, na realidade o cessar
da respiração não foi em nada dramático, pois aconteceu tão lentamente, tão
gentilmente, como uma peça musical simplesmente encerrando em um sempre piu
piano dolcement”, ela escreveu.
“As cinco pessoas presentes na sala disseram
que foi a mais serena e bonita morte.
Ambos os médicos e a enfermeira disseram
jamais ter visto alguém em tais condições físicas ir embora tão completamente
sem dor ou sofrimento”, escreveu Laura Huxley.
Mais adiante, na carta, ela
descreve o último momento em que Aldous reagiu às suas palavras, no qual ela
passou a incentiva-lo que deixasse a vida com calma e sem dor.
“‘Vá, vá, deixe
ir, querido; pra frente e adiante.
Vá na direção da luz.
Por vontade própria e
consciente você está indo, e está indo de forma linda.
Está fazendo isso com
tanta beleza – indo na direção de um amor maior.
É tão gracioso e lindo. Leve e
livre.
Você está indo na direção de algo melhor, de um amor maior’, eu disse a
ele, bem perto de seu ouvido.
Então perguntei se ele estava me ouvindo, e ele
apertou a minha mão.
Algum tempo depois ele me pediu que não mais fizesse
perguntas, que estava tudo bem”.
Por fim, ela comenta sobre a
sensação que pairou sobre todos, de que havia sido uma morte especialmente
tranquila e bonita.
“Nunca saberemos se tudo isso foi uma autossugestão nossa,
ou se foi real, mas certamente todos os sinais e nossos sentimentos internos
deram a indicação de que foi lindo, pacífico e leve”.
Aldous Huxley morreu aos 69
anos em sua casa, em Los Angeles, da forma que quis – o que parece ser
realmente uma saída bonita para a própria vida.
A carta na integra, em inglês,
está nesse link – e pode ser ouvida, também em inglês, no vídeo abaixo, lida
pela própria Laura.
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