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quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Michael Wolf.


As imagens que expõem o aperto cotidiano no metrô de Tóquio.
A coleção Tokyo Compression, ou Aperto em Tóquio, mostra o congestionamento de pessoas nos metrôs da capital japonesa.

Muitas das pessoas nas fotos da série Tokyo Compression ("Aperto em Tóquio", em tradução livre), do fotógrafo alemão Michael Wolf, parecem ter sido forçadas a fazer poses esquisitas.
Mas não. 
Suas posturas mostram apenas a contorção cotidiana dos passageiros no metrô de Tóquio no Japão.
O incômodo das viagens diárias ganham um tom poético nas fotos de Wolf, que foram tiradas na estação Shimo-Kitazawa, que deixou de funcionar em 2013.
Amassados contra as janelas do trem e outros companheiros de viagem, muitos dos passageiros seguem com os olhos fechados, como se escolhessem se fechar em si mesmos ou entrar em um tipo de transe.

Surpreendentemente, muitos dos passageiros parecem tranquilos e não angustiados, como se estivessem fechados em si mesmos (Tokyo Compression #17, 2010).
"Você não pode mudar a situação, então a única maneira de suportá-la é colocá-la em alguma parte do cérebro que não te afete", diz Wolf.
"Você sofre de manhã, sofre no caminho de volta e é isso aí: não fique obcecado pensando nisso."
A edição final da série "Aperto em Tóquio" de Wolf acaba de ser publicada no livro The Final Cut ("O Corte Final", porque a estação de trem Shimo-Kitazawa já não existe), encerrando um projeto iniciado há mais de 20 anos.
"A revista Stern me enviou a Tóquio em 1995 depois de alguns ataques de gás sarin", conta Wolf.

"Quando as pessoas meditam, juntam o dedão com o indicador na posição 'om' e isso aparece em várias fotos", diz o fotógrafo Michael Wolf. "Seus olhos estão fechados, seu dedos estão de certa maneira, suponho que estão se retraindo. Você tem que se retrair se vai passar uma hora assim" (Tokyo Compression #9, 2010).
Depois de ganhar o prêmio World Press Photo, Wolf visitou um editor em Tóquio com um portfólio com sua imagens. "Ele as viu por 30 segundos e disse: 'e daí? Faço isso todos os dias durante 40 anos, é normal'", disse o fotógrafo à BBC (Tokyo Compression #75, 2011).
"Cheguei na estação de metrô onde tirei as fotografias, fiquei ali 10 minutos e tirei cinco ou seis imagens de pessoas apoiadas nas janelas que pareciam desamparadas e nem sequer era hora do rush."
Wolf decidiu guardar as imagens para decidir o que fazer com elas no futuro.
"Em 2010, 5 anos depois, tive um pouco de tempo, encontrei essas cinco fotos e pensei: 'por que não volto a essa estação e vejo se consigo fazer algo com isso?'."
O fotógrafo voltou a Shimo-Kitazawa todo ano entre 2010 e 2013. 
"Fui ali quatro anos seguidos, durante quatro semanas por ano, e toda vez voltava com imagens mais intensas", lembra.

"Há uma discussão que tive muitas vezes: como penso que as pessoas fotografadas se sentem? Obviamente, não posso pedir permissão, há um vidro nos separando, assim ou fotografo ou não", diz Wolf (Tokyo Compression #1, 2010).
"Eu ia lá todas as manhãs entre 7h45 e 8h50, que é a hora do rush, e a cada 80 segundos passava um trem. 
Eu tinha 30 segundos para tirar fotos antes que o trem se movimentasse de novo".
O projeto passa uma sensação de claustrofobia. 
"Uma das coisas que sempre gostei é de fazer o espectador sentir que não pode escapar da imagem", disse Wolf à BBC em 2014.
Essa intensidade lhe rendeu prêmios. 
Em 2010, Wolf ganhou um prêmio World Press Photo na categoria Vida Cotidiana por uma das imagens e a série "Aperto em Tóquio" foi pré-selecionada para o Prêmio Pictet 2017.

Wolf quer transmitir aos espectadores a sensação de que não podem escapar da imagem (Tokyo Compression #66, 2010).
As fotos de Wolf frequentemente viralizam. 
"Um blog as publica e escrevem algo como 'o pesadelo do transporte em Tóquio' e outras 20 páginas as compartilham. 
Passa um mês e morrem, depois de um ano as descobrem de novo", conta Wolf (Tokyo Compression #55, 2010)
Além disso, suas imagens foram amplamente compartilhadas. 
"'Aperto em Tóquio' viraliza todo ano", afirma Wolf.
"Se você vê as fotos, imediatamente sabe do que se trata e sente empatia pelas pessoas que estão sofrendo isso, você imediatamente se conecta com elas, não importa quem seja.".

Um ensaio no último livro de Wolf explora esse sentimento de proximidade extrema: "Em nenhum momento nos aproximamos, involuntariamente, do nosso vizinho tanto quanto do metrô", escreve o autor alemão Christian Schüle sobre as fotos de Wolf.
Os retratos contrastam completamente das imagens que Wolf tira dos arranha-céus de Hong Kong, onde o fotógrafo vive desde 1994. Mas ambos os projetos passam uma sensação de claustrofobia (Tokyo Compression #84, 2011).
Os retratos de Wolf não parecem enganar os passageiros, mas expõem intimidades.
A condensação da água nas janelas do metrô - produto da respiração e do suor dos passageiros - é um recurso visual da "compressão".
"Alguém deve recolhê-la, destilá-la e fazer um perfume: Big City Scent (Essência da Grande Cidade)", brinca Wolf. 
"Damien Hirst faria isso e venderia por um milhão de dólares: o suor concentrado de um milhão de passageiros em um pequeno frasco."
Os retratos de Wolf não parecem enganar os passageiros, mas expõem intimidades. 

A água condensada nas janelas do metrô dão um ar obscuro ao aperto de Tóquio. "Tenho fotos de mãos que borraram a condensação e parecem escrever uma mensagem na janela, em caligrafia japonesa: 'me ajude, estou preso, chame a polícia'", diz Wolf (Tokyo Compression #162, 2009).

post: Marcelo Ferla

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