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terça-feira, 25 de novembro de 2014

Lugares.


Conheça Medina de Fez, cidade do Marrocos.
Para circular pelo lugar, a dica é contratar um guia
por Melena Ryzik* The New York Times
Perder-se nos caminhos sinuosos de lojas, artesanato e curtumes faz parte da experiência em Medina de Fez
Foto: Ben Sklar / NYTNS

Primeiro vimos o artesão, sozinho em sua oficina, um cubículo pouco maior do que um armário. Existem centenas, se não milhares, de tais barracas na Medina de Fez, cidade antiga de caminhos sinuosos que remonta a séculos, onde os vendedores apregoam couro e óleos em cada esquina.
Porém, essa barraca se destacava. Estava praticamente vazia, não lotada como a maioria das outras com badulaques a serem pechinchados. Algumas ferramentas ficavam penduradas na parede, ao lado de uma bandeira do Marrocos, e algumas fotos antigas dele, agora de cabelo branco e usando a tradicional túnica longa.
De repente, ele se levantou, saiu da loja e a fechou. O artesão convidou-nos a acompanhá-lo enquanto subia a rua, parando para conversar com um homem, que se virou para nós.
– Ele quer convidá-los para almoçar na casa dele – ele falou em inglês, sorrindo.
E lá fomos nós, caminhando atrás de nosso anfitrião – cujo nome, ficamos sabendo mais tarde, era Mohammed Saili – e ele nos levou por sua casa labiríntica em direção à refeição com sua família.
Foi uma das muitas conexões instantâneas que fizemos em nossa viagem em maio, quando mergulhar na história medieval, brigar com a geografia e saltar os obstáculos culturais se revelou mais fácil do que o imaginado.
Andar por Fez, como muitos visitantes já observaram, é como voltar no tempo. Fundada no século 9 no Rio Fez, a Medina (ou Almedina) de 218 hectares, Fez El-Bali, foi um centro comercial e acadêmico da vida norte-africana e muçulmana, e afirma ser o berço da mais antiga universidade do mundo, Al-Karaouine, fundada em 859.
Social e arquitetonicamente, a cidade atingiu o apogeu nos séculos 13 e 14 – a expansão conhecida como a "cidade nova", Fez Jdid, data desse período. Antes capital do Marrocos, Fez permanece um centro cultural e espiritual. 

A Medina, indicada Patrimônio Mundial da Unesco em 1981, é considerada uma das maiores zonas urbanas livres de carros do mundo.
Foto: Ben Sklar, NYTNS
Onde o gps não tem vez
Para ajudar a circular por essa frenética cidade murada, amigos que a visitaram sugeriram que contratássemos um guia. E havia jovens e adolescentes se oferecendo, em bom inglês, para nos guiar por uma tarifa negociável.
Não tem nada de errado, é claro, em empregar uma pequena ajuda local. Porém, estávamos acostumados a fazer as coisas sozinhos. E como descobrimos em nossa viagem de quatro dias, explorar Fez de forma independente – confiando na hospitalidade nativa e em nossos próprios instintos – é não apenas possível como muito recompensador. O que não quer dizer que não nos perdemos.
A indicação da Unesco significa que a arquitetura de Fez deve ser preservada. Os caminhos serpenteantes de pedra não serão alargados nem amaciados, o emaranhado de madraças, mesquitas, bazares e casas de areia colorida – os quintais de ladrilhos coloridos se tornaram invisíveis graças a muros muito grossos – não será quebrado em troca de um reluzente prédio moderno. 

O GPS é praticamente inútil ali.
Nossos hotéis nos deram mapas desenhados à mão, e os funcionários e lojistas esboçavam gentilmente nossos caminhos. Contudo, bastava um erro e ficávamos à deriva em um labirinto de becos praticamente idênticos, sem placas de rua ou lojas visíveis.

Guiados pelo nariz
Às vezes, não precisávamos olhar para descobrir nosso caminho. A animada Praça Seffarine era reconhecida pela trilha sonora: metal batendo no metal. 

Sob a sombra de uma árvore com três andares de altura, um homem vestindo camisa de futebol batia em uma panela de cobre. 

Nos degraus ao seu redor, outros martelavam, esculpiam, cinzelavam, poliam e lustravam.
Trata-se de um mercado central de artigos de cozinha de latão e cobre, e cada bule de chá finamente elaborado ou prato produzia seu próprio som enquanto era acabado à mão, em uma orquestra pública cheia de cacofonia. 

Um operário tirando uma soneca em um carrinho de mão acompanhava inconscientemente com o pé o ritmo da praça.
Os cheiros também servem como indicativo. A melhor maneira de achar um curtume ao ar livre, como explicaram os moradores, é usando o nariz. Entre as muitas atrações de Fez, os curtumes Chouara e Sidi Moussa datam da Idade Média, e a prática de transformar peles em couro macio praticamente não foi modificada desde então. 

Dezenas de operários trabalham pesado em barris abertos que contêm urina e esterco animal, mergulhando os couros para tratá-los antes de tingi-los à mão em tons de amarelo vivo, vermelho e branco, batendo neles sob o sol quente para distribuir o pigmento. 

Dá para sentir o cheiro de muito, muito longe.

post: Marcelo Ferla
fonte: Zero Hora

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