Mais de 600 soldados
americanos ficaram expostos a agentes químicos no Iraque, diz ‘NYT’.
EUA
teriam fracassaram em identificar a escala dos casos e em oferecer tratamento
adequado aos militares eventualmente feridos.
POR O GLOBO
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Secretário de Defesa americano Chuck Hagel ordenou revisão dos registros militares do Pentágono - MANDEL NGAN / AFP |
WASHINGTON — Mais de 600
militares americanos relataram acreditar que haviam sido expostos a agentes
químicos durante a Guerra no Iraque, mas o Pentágono teria fracassado em
identificar a escala dos casos e oferecer acompanhamento e tratamento adequado
às supostas vítimas.
A revelação foi feita na quinta-feira à noite pelo jornal
“New York Times”, que citou fontes do Departamento de Defesa.
Antes da invasão americana
ao Iraque, o então presidente George W. Bush insistiu que o governo de Bagdá
escondia armas de destruição em massa.
O jornal americano revelou inicialmente
que durante a guerra, entre 2004 e 2011, as forças dos Estados Unidos não
encontraram provas da existência de um programa ativo deste tipo, mas
descobriram sobras de reservas químicas antigas e inutilizáveis, e 17 militares
dos EUA foram feridos ao entrarem em contato com o armamento deteriorado.
Outros oito casos foram revelados posteriormente.
Uma revisão interna dos
registros do Pentágono ordenada pelo secretário de Defesa, Chuck Hagel, no
entanto, encontrou centenas de outros casos de militares supostamente expostos
a agentes químicos, de acordo com o ‘NYT’. Os soldados não teriam sido
treinados para manipular o material.
O novo e maior registro de
casos potenciais sugere que houve mais exposição a armas químicas do que os
Estados Unidos haviam reconhecido, e que outras pessoas — incluindo soldados
estrangeiros, empresas privadas e as tropas iraquianas e civis — também podem
ter se submetido a situações de risco.
Não tendo atuado durante
anos naquela época, o Pentágono diz que agora vai ampliar os serviços para os
veteranos. Um primeiro passo, segundo as autoridades, inclui uma linha
telefônica para militares e veteranos informarem possíveis exposições e
procurarem avaliação e cuidados médicos.
Paul Rieckhoff, fundador e
diretor executivo da organização Veteranos dos EUA do Iraque e do Afeganistão
(IAVA), disse que os militares devem restaurar a confiança por meio do
compartilhamento de informação.
— Precisamos de
transparência total e absoluta sinceridade — afirmou Rieckhoff.
As tropas americanas
secretamente relataram a descoberta ao todo de cerca de cinco mil ogivas
químicas e bombas, de acordo com as entrevistas com dezenas de participantes,
autoridades iraquianas e americanas e documentos de inteligência obtidos sob a
Lei de Liberdade de Informação. O Pentágono já havia reconhecido a existência
de alguns depósitos de armas químicas antigas, como gás sarin e gás mostarda.
O sigilo da informação
teria sido mantido diante da preocupação com os extremistas do Estado Islâmico
(EI), que controlam grande parte do território onde as armas foram encontradas.
Os americanos sofreram queimaduras, bolhas graves, doenças respiratórias e
outros problemas de saúde.
post: Marcelo Ferla
fonte: O Globo.
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