Arievaldo Viana ministra
oficina de Cordel na Feira do Livro de Porto Alegre.
Escritor, poeta popular,
radialista, ilustrador, chargista e xilogravador, o cearense Arievaldo Viana
ministrará na 60ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre a oficina Cordel na
sala de aula, no dia 13 de novembro, às 18h, na Sala de Vídeo.
Viana, que já
escreveu mais de 100 livretos de cordel e publicou, como autor e ilustrador,
cerca de 30 obras – sendo cinco lançadas em 2014 –, trará para a Feira as
experiências do projeto Acorda Cordel na Sala de Aula, a partir do livro
homônimo de 2005.
Em pauta, as origens de cordel, suas modalidades, principais
expoentes e regras básicas. "Tudo isso com interatividade com o público e,
no final, faço uma aula-espetáculo declamando alguns clássicos do gênero",
explica o cordelista.
Criado em 2002 em Canindé,
no Ceará, o projeto propõe a utilização da poesia popular como ferramenta
auxiliar na educação, através de oficinas de capacitação para professores e de
cursos de iniciação à Literatura de Cordel para educadores e estudantes, assim
como de estudos a partir da linguagem e informações diversas contidas nos
folhetos.
O crescente interesse pela Literatura de
Cordel pode ser medido pelo avanço do projeto em outras cidades cearenses,
assim como em outros estados, e pela participação do autor em evento literários
em todo o Brasil. Em 2014, Viana virá para a Feira do Livro pela terceira vez.
Segundo ele, um ponto alto
das participações anteriores foi o lançamento de alguns folhetos pela editora
Corag, com adaptações de contos de Simões Lopes Neto para o cordel, além do
Estatuto do Idoso e do Estatuto da
Criança e do Adolescente nesse formato.
"Gosto muito da
receptividade do povo de Porto Alegre e da forma como a Feira [na Área Infantil
e Juvenil] vem sendo organizada pela Sônia Zanchetta e toda a sua equipe.
Espero dar continuidade ao meu projeto editorial nas editoras do Rio Grande
Sul, pois sou fascinado pela cultura gaúcha e, principalmente, pelos livros do
escritor Simões Lopes Neto, que tenho adaptado para o cordel", conta.
A atividade integra a programação do ciclo A
Hora do Educador. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail
visitacaoescolar@camaradolivro.com.br.
É necessário informar nome completo,
profissão, e-mail e telefones
Do Sertão para o mundo
Nascido no Sertão Central do Ceará, criado
com feijão de corda, cuscuz e rapadura, à luz de lamparina e bebendo água de
pote, como faz questão de ressaltar na sua biografia, Viana é mais do que
conhecedor, é um apaixonado pela poesia popular nordestina.
Alfabetizado em
meados da década de 1970, graças ao valioso auxílio da Literatura de Cordel,
teve como referência o seu pai, Evaldo Lima e sua avó, Alzira de Sousa Lima,
que liam folhetos de cordel em voz alta para ele e outras crianças da família.
Uma vivência que virou
marca do seu trabalho.
"Minhas primeiras incursões no mundo das letras já
estavam relacionados com o cordel. Em 1986, lancei uma HQ intitulada Canindé –
da lenda à realidade, que mesclava a linguagem dos quadrinhos com a literatura
de cordel.
Nos anos seguintes, publiquei algumas crônicas em jornais e revistas
e alguns folhetos de cordel que resolvi enfeixar num livro chamado O Baú da
Gaiatice (hoje na terceira edição), que foi um sucesso.
Em 2002 surgiu o
projeto Acorda Cordel na Sala de Aula e começaram a surgir convites de editoras
para publicação de textos em cordel no formato livro infantojuvenil
ilustrado", lembra.
"A princípio, houve alguma resistência
por parte de pesquisadores alegando que isso descaracterizaria o cordel. Isso
não é verdade. O que determina a autenticidade do cordel é a sua LINGUAGEM e
não seu SUPORTE. Eu sempre procurei ser fiel à escola de Leandro Gomes de
Barros e José Pacheco da Rocha, pioneiros e grandes expoentes desse
gênero", defende.
Em 2000, Viana foi eleito para a cadeira de
número 40 da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, cujo patrono é o
poeta João Melchíades Ferreira (1869 – 1933), um dos pioneiros desse gênero. Em
2002, conquistou o prêmio Domingos Olimpio de Literatura, promovido pela
Prefeitura de Sobral-CE, com uma adaptação do romance Luzia Homem para o
cordel.
O autor já recebeu selo "altamente
recomendável" da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) e
teve livros incluídos no catálogo da Feira Internacional do Livro Infantil e
Juvenil de Bolonha, na Itália, uma das mais importantes do mundo. Alguns dos
seus livros também foram adotados pelo Ministério da Educação (MEC), através do
PNBE (Programa Nacional da Biblioteca Escolar).
São eles: A Raposa e o Cancão
(Editora IMEPH, 2007), Ilustrado por Arlene Holanda, A ambição de Macbeth e a
maldade feminina (Editora Cortez, 2009), ilustrado por Jô Oliveira, João de
Calais e sua amada Constança (Editora FTD, 2012), em parceria com Jô Oliveira.
Lançado em 2014 em parceria com Arlene Holanda, O beabá do sertão na voz de
Gonzagão (Editora Armazém da Cultura), também integra a relação.
Mais sobre a Literatura de
Cordel
Considerada a mais legítima manifestação
cultural do povo nordestino, a Literatura de Cordel representa um poderoso
veículo de comunicação de massas. Oportunamente batizada de "professor
folheto", foi responsável, durante muitos anos, pela alfabetização de
milhares de nordestinos, constituindo, em muitos casos, o único tipo de leitura
que tinham acesso as populações rurais na primeira metade do século 20.
A poesia popular
nordestina, que ainda sobrevive nos dias de hoje, é herdeira direta da tradição
grega, eivada de influências dos trovadores medievais da Península Ibérica.
Essa poesia, antes difundida pela tradição oral, passou a ser publicada
sistematicamente a partir da última década do século 19, pelo poeta paraibano
Leandro Gomes de Barros.
Aliás, o poeta, que
completa 150 anos de nascimento em 2015, é tema de uma biografia ainda inédita
de Viana, intitulada Leandro Gomes de Barros – Vida e Obra.
Para saber mais sobre
Literatura de Cordel, acesse o blog do
autor http://www.maladeromances.blogspot.com.br/.
post: Marcelo Ferla
Muito bacana esse post.
ResponderExcluirArthur Claro
http://www.arthur-claro.blogspot.com