Ando muito descrente em relação a nossa política, a ponto de não saber em quem confiar e não possuir uma referência descente no Legislativo e no Executivo, tamanha a quantidade de escândalos e abusos exercidos por nossos governantes.
Mas ao ler esta resposta do ex-jogador e atual Deputado Federal pelo PSB Romário a Jérôme Valcke, secretário geral da FIFA, sinto que o Deputado Romário vem, na medida do possível, atuando de forma ferrenha na fiscalização e acusações contra a FIFA e em projetos para pessoas co limitações físicas e mentais.
Veja na íntegra a resposta de Romário a Jérôme Valcke.
Resposta a Jérôme Valcke:
não seria a pessoa mais indicada para fazer negócio com o Brasil
Fui acusado pelo
secretário geral da FIFA, Jerome Valcke, de “muitas vezes ter ultrapassado
todos os limites da decência”. Piada, né?
O cara tem uma reputação
suja ao extremo e vem cobrar decência de mim? Eu fiz mais pelo futebol em campo
do que esse burocrata jamais poderá fazer atuando rasteiramente em negociatas
nos bastidores.
Na minha opinião, ele
tenta desviar a atenção do seu próprio erro. No caso do senhor Valcke, dos seus
inúmeros erros e, principalmente, da instituição para a qual ele trabalha e
representa, que é apontada em vários países como uma das mais corruptas do
planeta.
Ao contrário do que ele
declarou, não falei nada negativo sobre esse senhor. Em algumas oportunidades,
eu apenas revelei o caráter dele baseado em atitudes indecorosas realizadas no
decorrer de sua vida profissional. E fiz isso por duas vezes pessoalmente. Uma
delas, inclusive, na sede da própria FIFA, na Suíça. Quem me conhece sabe que
eu não mando recado pela imprensa. Ele foi o único a manchar a própria
biografia.
Meu papel, como
legislador, é fiscalizar e, no caso da Copa do Mundo no Brasil, conhecer e
expor o perfil da pessoa com quem o nosso país está negociando tanto dinheiro
público para a realizaçao do Mundial de Futebol. Afinal, fui eleito por uma
parcela do povo brasileiro como representante e, portanto, legitimado para
defender os interesses soberanos do meu país.
E, pelos antecedentes,
Jerome Valcke não seria a pessoa mais indicada para fazer negócio com o Brasil.
Eu não confiaria nele nem se eu precisasse dar R$ 10 do meu bolso para ele
comprar pão e leite na padaria da esquina. Por pelo menos dois motivos:
Primeiro: Em 2001, quando
ele era executivo de uma empresa francesa de telecomunicações que pretendia
comprar a falida ISL – que negociava com a FIFA os contratos de TV e marketing
da Copa do Mundo –, auditores do conglomerado para o qual Valcke trabalhava
investigaram as contas e, subitamente, desistiram do negócio. Para o jornalista
britânico, Andrew Jennings, o grupo de Valcke teria descoberto um esquema de
propinas e tentado renegociar os contratos com a FIFA.
Meses depois, Valcke
recebeu uma carta de Joseph Blatter reclamando de ameaças à entidade e a alguns
“cavalheiros” da FIFA. Diz um trecho da carta: “a posição da FIFA não será
alterada de maneira nenhuma por qualquer ameaça ou tentativa de chantagem”. E
eu distribuí a cópia dessa carta aos deputados em uma reunião para tratar da
Lei Geral da Copa, em 2011.
Em 2003,
surpreendentemente, Jerome Valcke foi contratado por Blatter para comandar o
marketing da FIFA. Vocês podem imaginar porquê???
Segundo motivo: a obscura
ascenção do francês continuou logo que assumiu a nova função. Valcke comandou a
inesquecível negociação em que ele traiu a Mastercard, patrocinadora havia 16
anos da FIFA, para entregar a conta para a concorrente Visa. Foi um escândalo
internacional. A FIFA foi processada e Valcke foi acusado de mentir para os dois
grupos durante o processo de negociação, fato que ele mesmo admitiu no
tribunal. Resultado: A FIFA teve um prejuízo de 90 milhões de dólares para
remediar a ambição de Jerome Valcke.
De acordo com a sentença,
em 2006, a juíza norte-americana Loretta Preska considerou “a conduta da FIFA
no cumprimento de sua obrigação e na negociação para o próximo ciclo de
patrocínio não se caracterizou de modo algum como fair-play (jogo limpo)”. Para
a juíza, Valcke teria beneficiado a Visa desde o começo e as testemunhas da
FIFA ouvidas no julgamento denominaram as quebras contratuais como “mentiras
inofensivas”, “mentiras comerciais” e “blefes”.
Pois saiba, Jerome Valcke,
no Brasil não diferenciamos a mentira. Toda e qualquer forma de mentira é
intolerada e “ultrapassa todos os limites da decência”.
O que mais intriga é que
depois do caso em que você não honrou um acordo comercial e traiu
deliberadamente a Mastercard, o presidente Blatter chegou a anunciar sua
demissão mas, de alguma maneira, apenas seis meses depois dessa cagada, você
foi readmitido e ainda promovido a secretário-geral da entidade máxima de
futebol. Por isso, tenho uma pergunta:
Joseph Blatter tem motivos
para temer você?
As autoridades brasileiras
não deveriam confiar no senhor em uma mesa de negociação para assinar qualquer
acordo referente à Copa do Mundo!
Vejo com desconfiança sua
presença no Brasil negociando com o dinheiro do povo brasileiro. Mas tenha
certeza de que sempre manterei meu olhar vigilante nas obras da Copa e nos
gastos públicos para garantir que os recursos sejam empregados com
responsabilidade e não sejam esbanjados ou até desviados.
Doa a quem doer.
Inclusive é bem natural
que o Sr. Jerome Valcke não goste de mim, afinal, eu não alugo apartamento para
ele, nem ofereço festa para ele depois de eventos da FIFA em São Paulo.
post: Marcelo Ferla
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe sua opinião.