Filme "Serra
Pelada" espelha na saga de dois amigos o sonho despertado pelo garimpo do
Pará nos anos 1980
Longa com Juliano
Cazarré, Júlio Andrade, Wagner Moura e Matheus Nachtergaele entra em cartaz
nesta sexta
No auge da corrida do ouro
que o Brasil viveu nos anos 1980, cerca de 100 mil garimpeiros formavam em
Serra Pelada um formigueiro humano por entre escadas precárias percorridas com
pesados sacos de lama às costas. A epopeia vivida no sul do Pará produziu
imagens que correram o mundo, como o icônico registro em preto e branco
realizado pelo fotógrafo Sebastião Salgado.
Em cartaz a partir desta
sexta-feira nos cinemas, Serra Pelada joga luz sobre o episódio pelo caminho de
dois amigos que para lá partiram em busca de riqueza. Em seu registro
ficcional, o diretor Heitor Dhalia, coautor do roteiro com Vera Egito, convocou
um time de grandes atores do cinema brasileiro: Juliano Cazarré, Júlio Andrade
- que vivem os protagonistas, Juliano e Joaquim -, Wagner Moura e Matheus
Nachtergaele.
Veja o trailer:
Amigos de infância, eles
deixam São Paulo e se embrenham na Amazônia no embalo das notícias de que tem
ouro brotando em Serra Pelada. Juliano faz o tipo vulcânico, sem rumo na vida e
sem nada a perder. Joaquim é um professor que foi demitido e planeja juntar
dinheiro para garantir o futuro da mulher e do filho que ela espera.
Essas duas personalidades
distintas vão entrar em conflito no Eldorado verde e amarelo. Juliano, a força
bruta, se impõe na região, fica milionário e entra na mira de poderosos locais,
como o Coronel Carvalho (Nachtergaele), seu rival também pela posse de uma
prostituta (Sophie Charlotte), e Lindo Rico (memorável composição de Moura),
que faz o tipo psicopata dissimulado. Joaquim, a metade racional da dupla de
novos ricos, acha que já ganharam o suficiente e quer voltar para casa, mas
vira refém da ambição do amigo.
Diretor de O Cheiro do
Ralo e À Deriva - e da malfadada experiência em Hollywood 12 Horas -, Dhalia é
eficiente na recriação do cenário de faroeste que marcou a convivência de
milhares de homens numa terra sem lei, movidos pela esperança de encontrar a
pepita salvadora.
Mas o diretor patina na
estrutura dramática que ergue a partir da narrativa em flashback claramente
decalcada de Tropa de Elite, com elementos pinçados de Cidade de Deus, dois
marcos recentes do cinema nacional. A estrutura leva a um desfecho que pode
parecer contraditório à trajetória de seus protagonistas. Serra Pelada se impõe
pela vigorosa atuação de Juliano Cazarré e Júlio Andrade, que costumam dar show
quando ganham personagens vigorosos como esses garimpeiros.
A história em documentário
Na próxima sexta-feira,
estreia nos cinemas Serra Pelada: A Lenda da Montanha de Ouro, documentário de
Victor Lopes que investiga origens e consequências da corrida do ouro que se
deu no Brasil na década de 1980. O diretor trabalhou por 10 anos no projeto,
que traz imagens de arquivo e depoimentos de protagonistas que viveram os
sonhos e as desgraças naquela imensa zona de garimpo. O documentário destaca os
primeiros relatos da descoberta de ouro em Grota Rica, em um morro chamado
Babilônia, no sul do Pará, entre julho e agosto de 1979, e segue até os dias de
hoje, com o trabalho daqueles que ainda esperam encontrar a riqueza no lugar,
transformado em lago pela ação das pás e picaretas.
Marcelo Ferla
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