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sábado, 2 de abril de 2011

Opinião do Blogueiro



Os que se vão.

Estes últimos dias do mês de abril vem, particularmente, sendo muito difíceis para mim.

Isso se dá especificamente, por que venho sofrendo uma avalanche de perdas pessoais. Refiro-me a pessoas queridas, ora próximas, ora distantes, mas que têm, todas elas, uma coisa em comum, a minha profunda admiração.

Inicialmente, tivemos a triste perda de Moacyr Scliar, médico e escritor de refinado texto e capacidade intelectual, com inúmeras obras incríveis e um membro da Academia Brasileira de Letras.

Confesso que não conhecia suas obras com profundidade, porém, depois de ouvir com atenção relatos de pessoas que realmente acompanho de perto e admiro e de tantas outras falando a cerca de Scliar, do que foi Moacyr Scliar como ser humano e para o país, despertei um interesse sobre a sua pessoa, uma admiração respeitosa, eis que era literalmente um ser humano no conceito mais puro e positivo da palavra. Perdemos o único imortal de fato e de direito do nosso Rio Grande do Sul. Menos mal, ter sido Moacyr um grande escritor, pois os livros são uma das formas de manter a pessoa que os escreveu viva, mesmo que esta não esteja mais entre nós.

Logo após esta perda, conforme devem ter lido neste espaço, perdi um amigo próximo, um grande amigo, o qual sentirei muita falta em decorrência de suas fortes características, uma pessoa marcante, que deixa saudade imensa. Danilo, o “Dondo”.

Algumas outras pessoas que tive a oportunidade de acompanhar suas trajetórias, ora por serem pessoas excepcionais, ora pelo seu forte sentimento de viver, também me surpreenderam quando de sua ida para um lugar melhor, perdas estas, sentidas por todos nós e pela sociedade como um todo, pois eram pessoas influentes, formadores de boa opinião.

Estas perdas me marcaram muito, tudo isto, por serem todas estas, como já disse, pessoas de suma importância em suas áreas e mais, que eram exemplos a serem seguidos não somente no que faziam diretamente, mas como pessoas do bem e com ética e moral ilibadas.  

Isso me aconteceu pela primeira vez com o Presidente falecido Tancredo Neves, que à época era dado como um grande suspiro de alívio em decorrência do processo de libertação democrática que o país estava prestes a viver em decorrência da constituinte de 1988 e que sepultou o período da ditadura. Faleceu nos deixando órfãos de esperança e assutados com o que viria pela frente.

Após isto, e darei somente alguns exemplos aqui, por que são estes infelizmente muitos, tivemos a perda de outro pai, por assim dizer, do movimento constituinte, Ulisses Guimarães. Um político de ética forte, seriedade acima de tudo e que tragicamente desaparecera nas águas do mar sem deixar vestígios. Poucos políticos ou talvez nenhum, terá a magnitude e respeito que este homem teve.

Perdemos também Ayrton Senna da Silva, nosso herói dos domingos que, com uma habilidade sobre-humana passava literalmente por cima de seus adversários nas pistas, mas sempre de forma íntegra e leal. Um baque que nunca será esquecido, ocorrido naquela manhã de maio.

Mas o que há de semelhança entre Moacyr Scliar, Tancredo Neves, Danilo, Ulisses Guimarães e Ayrton Senna da Silva. Muito simples. 

Eram homens corretos, íntegros, leais aos seus princípios éticos, coisas estas que hoje em dia não existem mais ou, se existem, não aparecem, pois são ofuscadas por coisas negativas.

Esta semana perdemos mais um homem assim, que possuía características perfeitas para ingressar nesta lista que humildemente estou citando. Humilde, não por aqueles que a compõem, pois estes são gigantes da eternidade, mas pelo fato de estar sendo injusto com tantas outras perdas importantes e, quanto a isto peço desculpas desde já.

Voltando a pessoa que me referia, trata-se esta de José Alencar. Escrevi recentemente um texto sobre a sua pessoa, onde elogiava sua força de viver, escrevia também sobre a capacidade e força que este homem tinha de querer fazer o melhor, sempre. Mas José Alencar era muito mais do que isto e, por isto, merece como todos os outros fazer parte desta minha humilde lista.

José Alencar foi um homem que como ele mesmo dissera em uma entrevista concedida ao programa Fantástico, sempre enfrentou dificuldades em tudo, a cada passo que dava em sua vida. Não foi, portanto, um homem de vida fácil e, justamente este destino ou trajetória dura que fez dele uma fortaleza quase impenetrável.

José Alencar tinha 14 irmãos. Quando fez quinze anos, em 1946, foi trabalhar como balconista em ma loja de tecidos conhecida por "A Sedutora". Em maio de 1948, mudou-se para Caratinga, para trabalhar na "Casa Bonfim". Notabilizou-se como grande vendedor, tanto neste último emprego, quanto no anterior. Ainda durante sua infância, entrou para o movimento escotista. 

Aos dezoito anos, iniciou seu próprio negócio. Para isto contou com a ajuda do irmão Geraldo Gomes da Silva, que lhe emprestou quinze mil cruzeiros. Em 31 de março de 1950, abriu a sua primeira empresa, denominada "A Queimadeira", localizada na cidade de Caratinga. Vendia diversos artigos: chapéus, calçados, tecidos, guarda-chuvas, sombrinhas, etc. Manteve sua loja até 1953, quando decidiu vendê-la e mudar de ramo.

Iniciou seu segundo negócio na área de cereais por atacado, ainda em Caratinga. Logo em seguida participou, em sociedade com José Carlos de Oliveira, Wantuil Teixeira de Paula e seu irmão Antônio Gomes da Silva Filho de uma fábrica de macarrão, a "Fábrica de Macarrão Santa Cruz".

No final de 1959 seu irmão Geraldo faleceu. Assumiu então os negócios deixados por ele na empresa União dos Cometas. Em homenagem ao irmão, a razão social foi alterada para Geraldo Gomes da Silva, Tecidos S.A.

Em 1963, constituiu a Companhia Industrial de Roupas União dos Cometas, que mais tarde passaria a se chamar Wembley Roupas S.A. Em 1967, em parceria com o empresário e deputado Luiz de Paula Ferreira, fundou, em Montes Claros, a Companhia de Tecidos Norte de Minas, Coteminas. Em 1975, inaugurava a mais moderna fábrica de fiação e tecidos que o país já conheceu.

A Coteminas cresceu e hoje possui onze unidades que fabricam e distribuem produtos como fios, tecidos, malhas, camisetas, meias, toalhas de banho e de rosto, roupões e lençóis para o mercado interno, para os Estados Unidos, Europa e Mercosul.

Obtendo estas informações acima, estamos, no mínimo, diante de um mito dos negócios, pois Alencar possuí em sua história de trajetória empresarial todos os requisitos e material necessários para que se escreva uma bela e profunda biografia, rica em detalhes e lições de vida, pois foi um daqueles homens que saiu do nada para conquistar, com honestidade, uma de suas marcas registradas, todo o império que possuía, nos deixando ainda uma força incomparável, coisa que ele ressaltou ser necessária para se viver e vencer e que nos mostrou como fazer até o seu último suspiro.

Por fim, o mais importante. Coloco o nome deste notável homem nesta lista por que ele possuía o que seus companheiros de lista possuíam, ética e princípios profundos, moralidade inabalável e uma linha reta de atos e pensamentos.

Só que há um “porém” em relação a alguns da lista, nem todos. Refiro-me, especificamente, a Alencar, Ulisses e Tancredo, pois estes faziam parte da política, um setor que como se falou ontem no Jornal da Globo, trata-se de um setor que se destaca mais pelo seu negativismo do que por seu positivismo.

Alencar era um homem que por 12 anos passou de forma reta pelo pântano da política, sendo admirado por todos, oposição ou não, respeitado pelo que dizia e pensava, sempre ouvido com atenção por todos quando se pronunciava e em um setor público em que mais se é reconhecido pelos inúmeros erros do que acertos, José Alencar se destacou de forma impecável, justamente pelos inúmeros acertos e não erros que por ventura pudera ter cometido. Perdemos, portanto, um homem de muitos acertos, só acertos, um homem e tanto.

Marcelo Ferla 
    

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