A novela que mais deu audiência nos últimos dias e, vejam vocês, novela esta que pela primeira vez na história da teledramaturgia brasileira pertenceu a todas as emissoras de televisão, simultaneamente, chama-se a transferência de Ronaldinho Gaúcho.
Na contramão da maioria das novelas brasileiras que, na medida do possível, tentam trazer um pouco de alegria aos brasileiros (as) no final de seus capítulos, a novela que teve como protagonista não Ronaldinho Gaúcho, mas seu irmão e procurador Assis, teve um final péssimo para o futebol brasileiro e para o próprio Ronaldinho Gaúcho.
Depois de armar um verdadeiro picadeiro de circo onde estava na platéia, assistindo ao show, Grêmio, Palmeiras, Flamengo, Blackburn dentre outros, (se falou até em Corinthians), começou a ter seu desenrolar hoje pela manhã e logo depois a tarde quando Grêmio e, logo depois, Palmeiras, enviaram comunicados públicos declarando ambos, com o mesmo tom de indignação e frustração, que não tinham mais interesse algum em Ronaldinho.
Muitas foram às especulações, o que trouxe o mistério da novela, muitos foram os boatos, que traziam aquela pitada de fofocas de corredor de que o brasileiro tanto gosta, o drama era de estourar os nervos de quem assistia à cada capítulo, mas o final, contrariando a tradição das novelas tupiniquins, trouxe um clima de tragédia, a criatura virou vítima e, pelo que se viu, tudo por ter uma postura frágil diante da situação e, principalmente, por ter sido, como sempre o fora, manipulado por alguém que demonstrou ter um perfil frio, que se demonstra pensar somente em mais e mais cifras para a família Assis Moreira, como se esta já não possuísse o suficiente.
Assis foi o problema. Quis fazer, e fez do retorno ao futebol brasileiro do irmão Ronaldinho um leilão, fez também Ronaldinho, ao menos em foto, chorar, se sentindo nitidamente perdido e pressionado, pois ao que me pareceu, e desculpe minha ingenuidade, Ronaldinho queria jogar no Grêmio, mas não, vai para o Flamengo, pois a verdade é que, desde o início, somente o Flamengo possuía o valor relativo a parcela rescisória e, por ter este valor levou a mercadoria tão valiosa.
Assis, novamente, pensou com a cabeça de negociador e empresário, desprezando talvez, a vontade humana e simplória de Ronaldinho, a de querer jogar não por dinheiro, mas por alegria e bem estar físico e mental, estados que o levariam novamente a seleção brasileira sem nenhum esforço, pois quando Ronaldinho joga bola a bola sorri para Ronaldinho e vice-versa e a coisa flui como a música de Marisa Monte nos ouvidos de quem a escuta.
Isso tudo me fez pensar ainda, se Ronaldinho não vem apresentando esse futebol medíocre e, principalmente triste, quando comparado àquele dos tempos de campeão europeu e espanhol pelo Barcelona, justamente por que seu procurador e irmão Assis lhe impõe decisões e caminhos a serem percorridos por Ronaldinho que não o agradam, que não fecham com suas vontades mais íntimas, mas que, em um gesto legítimo de respeito e subordinação para com o irmão mais velho e experiente, o astro da novela acaba acatando a tudo, o que o deixa triste, frustrado, cansado e entediado, ou seja, a sintonia de Assis não parece estar em harmonia com os pensamentos secretos de Ronaldinho.
Muitos foram os comentários que ouvi e li de renomados críticos e analistas de futebol dizendo que a imagem de Ronaldinho não poderia ter sido mais prejudicada com toda esta confusão durante a sua volta e dentro de seu próprio país. Alguns como Luciano do Vale, da Rede Bandeirantes, chegaram a dizer que, em respeito ao futebol brasileiro, o Flamengo bem que poderia simplesmente dizer não a Assis, deveria não aceitar as condições impostas, deixando assim, Ronaldinho sem clube e numa inversão nos papéis, Assis literalmente chupando dedo.
Isso realmente é algo impossível, pois Ronaldinho é gênio ou era.
Ronaldinho não será bem vindo em Porto Alegre, nem tão pouco no Palestra Itália, ambos, Grêmio e Palmeiras, foram feitos de palhaços. Ele será execrado quando jogar contra Palmeiras e, principalmente, contra o Grêmio.
Desta forma só tenho que concluir dizendo que para Assis, o futebol brasileiro não vale nada, pois, alguém que submete seu próprio irmão a um leilão como sendo mercadoria de negócio de altíssimo valor e não como jogador e humano, que envolve clubes sérios e riquíssimos na história do futebol brasileiro como Grêmio e Palmeiras e que, de lambuja, ainda toma uma decisão que pode manter o triste futebol de seu irmão Ronaldinho, não gosta de futebol, mas sim de dinheiro.
Marcelo Ferla
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