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Sempre gosto de lembrar aos leitores que este blog tem como intenção trazer à tona a informação, o conhecimento e o debate democrático sobre os assuntos mais variados do nosso cotidiano, fazendo com que todos se sintam atualizados.

Na medida em que você vai se identificando com os assuntos, opine a respeito, se manifeste, não tenha medo de errar, pois a sua opinião é de suma importância para o funcionamento e a real função deste espaço, qual seja, a de levar a todos o pensamento e a reflexão.

O diálogo sobre o que é escrito aqui e sobre o que vem acontecendo ao nosso redor é muito mais valioso e poderoso do que podemos imaginar.

Portanto, sinta-se em casa, leia, informe-se e opine. Estou aqui para opinar, dialogar, debater, pensar, refletir e aprender. Faça o mesmo.

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segunda-feira, 24 de maio de 2010

A imprensa marrom está viva




19.1.10


A imprensa marrom está viva

Aids, depressão, drogas, morte no trânsito, gravidez precoce, violência na adolescência, gripe A, violência urbana, terrorismo, câncer, corrupção, desonestidade, falcatruas, dinheiro, fofoca, barriga de aluguel, dívidas, filhos, prostituição infantil, impotência, alagamentos, terremotos, tornados, terceira guerra mundial, enriquecimento de urânio, Irã, Iraque, petróleo, Afeganistão, bombas, clonagem, medicamentos controlados, crise econômica, tragédia na aviação, aeroportos lotados, justiça tardia, internet, violação, aquecimento global, apocalipse, paraíso, Brasília, fome, sede, eleições, descontrole, nepotismo, antrax, gripe aviária, paranóia coletiva, reality show, manipulação, ilusão, podridão, bomba nuclear, secreto, desmatamento, falta de fiscalização, burca, Alá, Deus, Buda, Dalai Lama, Ogum, extremismo, fanatismo, lavagem cerebral, CPI, impeachment, atos secretos, exposição, memória curta, silêncio, mordaça, ameaça, ditadura, tortura, censura, sirenes, grades, cerca elétrica, câmeras de segurança, condomínios fechados, xador, Bassiji, Corão, Bíblia, segregação, homofobia, racismo, neonazismo, bala perdida, chacina, vaidade, estereótipos, exigências, estética, estilo, moda, aparência, bulimia, anorexia, doenças psíquicas, fim da adolescência, fim da vida adulta, mãe solteira, incêndio florestal, CO2, poluição, extinção, fim.         

Gostaria inicialmente de convidar o ilustre leitor deste blog a um desafio.

Há, durante a semana, algum dia em que você leitor, na qualidade de telespectador, não ouviu em uma notícia de qualquer telejornal, uma destas palavras que estão acima elencadas?

Pior do que isto. Dia destes, fiz uma pesquisa. Prestei-me a parar em frente á televisão e numerar a quantidade de notícias ruins em relação ás notícias boas, aquelas que traziam algo positivo de alguma forma, sobre qualquer assunto de nossas vidas, qualquer um. Decepção total.

Confesso que já imaginava o resultado, mas precisava dar um peso científico a minha crítica e não deu outra, consegui com absurda facilidade.

Notícias ruins doze x notícias boas quatro. Essa foi a média de quatro dias de pesquisas.

O que quero mostrar com isso ao leitor, e acredito que isso não venha a ser uma reivindicação somente minha, é que venho presenciando uma forma de televisão, principalmente a de sinal aberto, que vem a ser a mais democrática das televisões, portanto a mais assistida, regada a fatos, acontecimentos e assuntos de conteúdo ruim ao extremo.

Esse tipo de fenômeno social comportamental pode ser explicado ao longo da história da humanidade. Nós humanos, sempre gostamos, desde os tempos dos egípcios, romanos e por aí vai, a ver outro humano se ferrar, literalmente.

Mostra disso se dá, nos dias de hoje, ao nos sentarmos confortavelmente em nossas poltronas e sofás para assistirmos aos risos ás vídeos cacetadas da vida ou àqueles jogos baseados em games japoneses, tipo olimpíadas do Faustão, em que nossos semelhantes definitivamente se arrebentam em obstáculos difíceis. 

Diga-se de passagem, agora não é mais exclusividade somente de uma rede de televisão esse tio de coisa, o que convenhamos não é boa notícia.

Talvez, muitas pessoas ao lerem este artigo venham a me chamar de chato, de ranzinza, de super sério, de exagerado, e isso, a meu ver, também é um problema, na medida em que isso demonstra que estamos totalmente adaptados a presenciar e reagir de forma indiferente, senão irônica, diante desses fatos e isso meu amigo (a), convenhamos, é fator de extrema preocupação.

Ao que me parece, nós, como telespectadores, pensamos muitas vezes, mesmo que de forma inconsciente, que nada de bom vem acontecendo em nosso mundo. Digo isso, porque as pessoas se tornam assim, mais pessimistas, menos sensíveis, com maior baixa auto-estima, desacreditadas, deprimidas, desmotivadas e o pior de todos os sentimentos em relação a isto, indiferentes ao que vêem.

Não teria aqui, a petulância de dizer que um fenômeno social como a violência, por exemplo, algo muito ruim, é motivada  e ocorre, somente por conta da televisão, mas também não seria louco de deixar isso de fora como sendo um instrumento motor desse fenômeno, principalmente em relação àqueles que ainda não entendem as piadinhas, os jovens.

A banalização de determinados atos do ser humano para com outro ser humano ou para consigo mesmo, como por exemplo, assaltos, furtos, drogadição, suicídios, assassinatos efetuados das mais variadas formas contra as mais variadas pessoas, que envolvem idosos e crianças são os piores de se presenciar, pessoas mortas muitas delas, por outras pessoas com laços de afetividade muito próximos (pais e filhos, por exemplo) ou quando presenciamos uma pessoa quebrar um braço ou uma perna por ter tido o azar de levar um tombo.

 Todos estes fatos nos remetem ao pensamento de que realmente tudo está perdido e que estamos em um banalizado, um mundo em que nada é realmente suficiente para nos sentirmos seguros, bem e termos mais momentos de felicidade com imagens de felicidade e alegria.     

A vida das pessoas é muitas vezes exposta de maneira cruel e um tanto quanto sarcástica e bizarra no meio televisivo, as vezes até de maneira irritante e revoltante para quem assiste. Nunca entendi, nem nunca entenderei, nem que Boris Casoy, Roberto Cabrini, Caco Barcelos (admiro demais o trabalho de todos estes jornalistas) ou “Boninhos da vida” ou ainda qualquer outro monstro do jornalismo da televisão ou qualquer outra grande personalidade ou profissional desta vertente, pertencente a qualquer setor da mídia, enfim, seja lá quem diabos for, tentar me explicar aquela vergonhosa pergunta do(a) repórter àquelas mães ou pais que perderam todos seus filhos e maridos ou mulheres em um desabamento de terra ou em um acidente de trânsito ou através de uma chacina: “Como a Senhora(o) está se sentindo com o que ocorreu?”. Faça-me o favor, me poupe de tal absurdo.

Amigos, muitos de nós sabem o que é perder um ente querido, muitas vezes da mesma forma a qual está sendo demonstrada na tela. Além disso, o que uma pessoa destas terá a dizer no momento em que isso ocorreu ou alguns dias depois? Nada, absolutamente nada. O momento que esta pessoa esta passando é dela e de mais ninguém e a última coisa que esta pessoa quer é ser perturbada com explicações, microfones mil e flashes e câmeras por todos os lados.

Outro exemplo esdrúxulo que temos em nossa televisão são estes programas de auditório de péssimo gosto, apresentados por profissionais em promoção, aonde casais, pais e filhos ou jovens namorados, vão até um palco para demonstrarem um problema grave, como, só para citar um dentre vários exemplos, resolverem o caso de uma gravidez indesejada onde o pai não quer reconhecer o filho que se encontra no ventre da mãe, uma vez que esta é dada por aquele como sendo uma meretriz, podendo assim, este ser vivo que se encontra dentro dela, não ser filho seu, ser de qualquer um.     

Estamos tomados por acontecimentos ruins, pela violência, isso é fato e não podemos negar em hipótese alguma esses fenômenos, nem darmos as costas a eles e a possíveis soluções que estes venham a ter.

O que podemos fazer é debatermos formas de combater os problemas, de principalmente evitar os problemas, não remediá-los, mais sim de evitá-los.

Porém, os mandachuvas da mídia dizem que isso não da a tal da maldita audiência, uma praga que faz, por exemplo, com que a primeira notícia do ano de 2010 em um tele-jornal de âmbito nacional, viesse a ser a ocorrência de um deslizamento de terra na ilha de Angra dos Reis, localizada no Estado do Rio de Janeiro, atingindo este uma pousada e um conglomerado de casas, matando até aquele momento trinta pessoas, que depois viraram quarenta, que depois viraram cinqüenta e assim por diante.

Não deveria ser esta a notícia de abertura do telejornal? Não, não deveria.

Deveria esta notícia ser tratada com seriedade pelo jornal, onde se devem fazer apelos de ajuda e demais necessidades que estas pessoas estão passando? Sim, deveria e deve. E o foi feito.  Mais tê-la como primeira notícia do ano que estava começando, a notícia de abertura, a primeirinha de todas? Não, novamente não, jamais.

E por favor, não me venham com a crítica de que estou sendo duro em relação às pessoas que passaram e estão passando pelo problema. Elas devem ser amparadas de todas as formas possíveis. Critico aqui a postura da televisão perante a notícia, as entrelinhas do uso desta e não a relevância do caso em si.

A alegação de que tais notícias são necessárias pelo fato destas serem consideradas como parte do cumprimento da função social que pertence à mídia, qual seja, a informação correta seja ela qual for, alertando a população, neste caso específico, de que não se deve, por exemplo, jogar sujeira nas ruas, visto que, tal atitude causará futuramente alagamentos e que as pessoas não devem ocupar lugares para fins de moradia como encostas e morros, sob pena de tragédias como a do Rio de Janeiro e que as fazendo, por conseqüência, causarão deslizamentos de terra e mortes, não se justifica. O amparo sim, mais jamais da forma como são feitas, não da forma crua, exposta e repetitiva incessantemente como são mostradas.

Esses assuntos e tantos outros podem ser tratados sem a necessidade apelativa e bizarra da demonstração de cenas horrendas, como sacos pretos com corpos sendo resgatados de encostas, ou de vôos que caíram sem chegar a seu destino com destroços e mais corpos sendo resgatados ou até alçados aos pedaços por helicópteros do exercito ou ainda fotos destes acontecimentos que, posteriormente, são distribuídas pela internet, muitas delas retiradas pelos próprios profissionais que atuam em jornais e televisão, as colocando nestes, que são de vasta circulação, mostrando assim a todos o que não precisaria ser visto. Para que? Justifiquem-me tais exposições medonhas.

Isso é baixaria, apelação, sensacionalismo, é a famosa imprensa marrom.

Se assim fosse, os locais com essas características não teriam mais este tipo de problema, até porque não possuímos todos, um perfil suicida a ponto de morarmos em um morro, onde lemos notícias assim e continuarmos fazendo o que não se deve. Onde essas pessoas morarão então senão lá. Ora bolas, vamos debater dando solução aos problemas, colocar essas pessoas nas casas que são construídas somente depois do ocorrido. Não há desculpa, não há justificativa. Ou seja, não funciona tal fórmula. Funciona sim, o hábito indiferente e egoísta de vermos pimenta nos olhos alheios como sendo colírio estes.

Continuamos fazendo o que não se deve? Muito. Isso só prova que a notícia não atinge o seu efeito adequado, não cumpre a sua função social (informar com eficiência e não com leniência, por simples audiência). Deve ter-se algo sério, com conteúdo informativo e esclarecedor, deve-se dizer como e o que não se deve fazer, de forma eficiente, educativa, mas não, faz-se o contrário, e por conseqüência faz-se com que os telespectadores tenham que assistir a um show de horrores em uma televisão que só falta escorrer sangue pelas laterais e pela sua tela, fato que talvez ocorra, desde que esta seja com imagem digital e em 3D.

Ademais, não há nesse caso uma função preventiva da reportagem, pelo contrário, ela esta mostrando algo que já ocorreu e que causou seus piores efeitos, o que de nada adianta a essa altura. Portanto, não se justifica a princípio mostrar nada disto, muito menos da maneira a qual se demonstra.

Não estou aqui para dizer a vocês leitores que a televisão não presta, não deve ser vista. Estou aqui para alertá-los e dividir com vocês o que não deve ser visto, porque não há fins que justifiquem os meios nesse caso.

Muitos são os programas de qualidade pertencentes a várias emissoras de nosso país e que passam estes em suas programações nos canais abertos, mais não o são ainda ao ponto de superarem o que foi posto acima, infelizmente.

Confesso a todos vocês que para ter acesso a um conteúdo mais interessante assino a uma televisão paga, de canais fechados, porque sinceramente não agüento mais ver o que vejo, em geral, nos canais abertos.

Sei também que este serviço não é de acesso a todos. É um serviço caríssimo, fato que demonstra mais uma vez que a televisão de hoje visa tão somente lucro.

O que é cultural, instrutivo ou é direcionado a quem gosta de tradicionalismo local ou é coisa de agricultor. Há ainda aqueles programas de entrevistas em que se vê uma pessoa esclarecida em determinada área ficar falando sobre determinado assunto por vinte minutos em um estúdio de televisão, acompanhada exclusivamente de outra pessoa que faz às vezes de interlocutor, questionador. Esse tipo de programa? Nossa, é chato demais.

Coisas desse tipo são tediosas, isso não tem ação, não tem sangue, não tem corpos voando com explosões, não há realidade nua e crua, não há médicos cuidando de fraturas expostas, pessoas urrando de dor ou morrendo por falta de atendimento, não há uma câmera em cima do coitado que fora atropelado por uma jamanta e está todo quebrado, coberto de sangue na roupa, não é emergência.

Realmente e infelizmente o que é cultura ou passa muito tarde porque não da audiência ou é muito chato por ser pouco dramático, ter pouca ação, ter pouca realidade, drama, sofrimento.

Ora, isso me faz rir, ou melhor, tento não chorar, pois mais uma vez o telespectador age na pessoa de um masoquista inveterado. Ao invés dele olhar e escutar o entrevistado, aquele do programa chato, que está a falar sobre como não cair da moto e não ser imprudente ao trânsito está este, ao invés disso, a assistir a triste história do motoqueiro que foi imprudente ao trânsito e que está tendo seu ombro deslocado colocado no lugar em decorrência da queda, que precisa ser operado as presas, pois sua bacia foi quebrada, seu punho e perna estão com fraturas expostas e sua cabeça esta com um coagulo em decorrência da batida desta com o asfalto.

Está na hora de mudarmos nossos hábitos e a nossa percepção acerca do que é bom ou ruim, melhorar o conteúdo de nossas informações, até porque acidentes e tragédias podem acontecer com todos nós, sem exceções, mais se um dia acontecerem e torcemos para que nunca aconteçam com ninguém, aí sim, se notará a diferença do porque acontecem. 

Acontecem porque há uma diferenciação daquele telespectador que assistiu a entrevista chata, aquela novamente e que não sofreu nada e aquele que acha o programa chato e não o assistiu e que não soube assim, ser prudente e que agora não sabe o que fazer, pois um ente querido seu está estendido no chão e morrerá pela demora na chegada de uma ambulância para seu atendimento.

Por isso minha mãe sempre me diz: “Meu filho é melhor prevenir do que remediar, saber do que ignorar”.

   
Marcelo Ferla  

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