Galdino Jesus dos Santos,
líder indígena da etnia Pataxó, em um hospital em Brasília, após ser vítima de
um crime bárbaro.
Galdino fora a Brasília
juntamente com outras sete lideranças indígenas, para levar suas reivindicações
acerca da recuperação da Terra Indígena Caramuru-Paraguaçu, em conflito
fundiário com fazendeiros, aproveitando a ocasião das comemorações do Dia do
Índio, em 1997.
Participou de reuniões com o então presidente Fernando Henrique
Cardoso e com outras autoridades, juntamente com representantes do Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
Como chegou tarde das reuniões, não pôde
entrar na pensão onde estava hospedado e resolveu dormir num abrigo de ponto de
ônibus na Quadra 704 Sul.
Na madrugada de 20 de abril
de 1997, cinco jovens da alta classe de Brasília atearam fogo em Galdino
enquanto ele dormia.
Galdino morreu horas depois em consequência das
queimaduras.
Os criminosos disseram à
imprensa que não tinham a intenção de matar o líder indígena. Segundo eles,
atearam fogo pois "só queriam fazer uma brincadeira, achamos que era só um
mendigo".
Alguns dos rapazes eram
filhos de juízes e políticos.
Pertencentes a famílias de grande poder
aquisitivo e influência, desde a prisão os criminosos contaram com regalias a
que nenhum outro preso comum tinha direito, como ficar de posse da chave da
própria cela.
Por motivos desconhecidos, a promotora responsável por acompanhar
o processo pediu afastamento do caso pouco tempo antes do julgamento deles.
Pela gravidade do crime não
teriam direito a determinados benefícios, mas, já no ano seguinte, receberam
autorização para exercer funções administrativas em órgãos públicos.
Três dos
cinco rapazes chegaram a ser flagrados pela imprensa local se dirigindo em
carro próprio até o presídio sem passar por qualquer tipo de revista, após
namorar e ingerir bebida alcoólica em um bar.
Nos últimos anos, todos
foram aprovados em concursos e quatro trabalham em órgãos da administração
pública, inclusive na polícia.
post: Marcelo Ferla
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